Quando o sol chega à parte da elipse que diz julho no hemisfério sul, Arquimedes faz sentido. Devido à bela intrusão metamórfica do Corcovado junto à qual plantei minha janela. Quando as 16 horas são contadas no relógio, o sol se encontra num pequeno ângulo entre a pedra do Cristo Redentor e o Sumaré. Ainda feroz de luz, mas uma réstia prestes a ser apagada. Poucos minutos e se pôs. Não queimará mais o sinteco da sala. Deu por findo a jornada do dia.
E isso poderia ser eterno. Mas não: já sei que não é em pragmatismo. É no tempo poético, posto que não busques a permanência se tens a corrida das Valquírias. Eles se vão, o tempo passa, o momento cessa. Mas poetas, ele está bem aqui, como suor na tua pele, feito os líquidos em que ti circulam, como os gases que se trocam. O eterno não seria mesmo aqueles quadros por minuto, mas o fotograma do acontecido. Este é eterno, pode ser desconhecido, mas no cômputo geral do movimento o foi e deste modo é.
E Arquimedes? De repente em menos de uma semana o sol dar um salto daquele ângulo fugaz e se torna mais permanente. Estica o entardecer. Ainda reduz o dia, mas o ponto que alavancou, não a terra mas o sol, foi utilizado pela Elipse. Esta geometria da ordem pitagórica tão reduzida a uma folha de papel na escola e tão imensa em todos os significados da vida cá nesta crosta de um astro em translação.
E quando escrevi Arquimedes meu veio calipso. Ou melhor, Kalypso, não a banda, nem a ninfa de Odisseu. Mas uma médica do sistema de saúde inglês, nos dando o sentido da racionalidade em gestão de saúde. Não a racionalidade inerente a um processo, mas aquela que se volta à redistribuição de qualidade de vida, que aplica para garantir a todos o mesmo acesso à saúde. Isso é muito, especialmente nesta ânsia imoral por corte de gastos.
por José do Vale Pinheiro Feitosa
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