Para Laura
Até agora não derramei uma lágrima.
Mas sinto aberta uma vala no meu peito.
Sei das minhas loucuras.
Do compromisso com o desconhecido.
Deixei ao relento minha alma sedenta
enquanto o corpo desfalecido pedia trégua.
Agora se refaz uma mente pacífica
em meio a destroços que adubam a coragem.
Não há necessidade do perdão
tampouco do conflito.
Aonde for levarei comigo
minhas paredes e minhas formigas.
Confesso sem medo do escuro
que a minha vida nunca foi tua
e que os meus olhos vivem cegos
desde os primeiros tombos no útero.
Fui um mau menino.
Um Lunático esposo.
A Poesia minha sombra.
Assusta, decerto.
Mas no dia seguinte
é a Ela que peço colo.
Até agora não derramei uma lágrima.
Mas sinto florido um jardim suspenso.
por Domingos Barroso
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