Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Serenar - Por Claude Bloc


Novamente andei sem palavras por uns dias: me sentia quase esvaziada desse ânimo que me é comum e peculiar... Parecia-me carregar uma ansiedade saturada de tudo, como se quase tudo estivesse em silêncio dentro de mim ou talvez, e possivelmente, fosse apenas minha mente cansada.

Fiquei me perguntando o que havia acontecido com os meus dias, com meus pensamentos... Minhas idéias haviam escapulido. Eu não conseguia construir um parágrafo sequer. Me inquietava a quietude das palavras que deslizavam transparentes em minha mente. Só sei que essa ausência de sentido me consumia lentamente, quase me obrigando a verter pela noite meus gritos interiores. Isso provocava em mim reações estranhas e adversas ao que costumo ser. Percebi que só tinha na mente pensamentos pardos, opacos e desbotados do encanto de sempre.

Então, viajava simplesmente em ansiedades acumuladas... Correções umas atrás das outras, intermináveis trabalhos para o Mestrado, o ir e vir de uma cidade à outra, enfim, minha vida corrida de todas as horas.

Procurei alento. Deitei-me várias vezes para encostar-me no travesseiro e lhe pedir conselhos . Esvaziei a mente deste mau caminho, dessa agitação que se refletia em refluxos. Procurei distrair-me, por exemplo, com a queda das folhas no jardim do mano, com o cheiro das flores, com as abelhas pousando aqui e ali. Vi também o beija-flor sorrateiro soprando o vento com suas asas... percebi que tudo seria um refúgio se assim eu quisesse. Refuguei ao marasmo das horas tantas vezes que perdi a conta. Com isso, eu apenas me distanciava ainda mais do que teoricamente é real.

Não, absolutamente hoje não me sinto ou me julgo infeliz. Sou dessa natureza sertaneja que muitas vezes me devora mesmo sem eu saber. Adoro esse cheiro de mato entranhado em minha alma, o cheiro no chão molhado, os sons de risadas de outros tempos, o estigma da singeleza e da naturalidade.

Por isso, decidi serenar essa agonia. Peguei novamente o gosto por essas letrinhas que agora me passam pela frente e me trazem de volta outros inúmeros prazeres que a vida me traz. Voltou-me o som da música e o prazer de viver suas letras. E hoje, eis-me de novo escrevendo como uma criança que não sabe mais viver sem seu brinquedo predileto. E se vocês não sentiram minha falta, senti sim, muita falta de vocês.


Abraços...


Texto por Claude Bloc
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2 comentários:

socorro moreira disse...

Acho que te conheço tanto, que nem pergunto o que está acontecendo ... !?

A resposta chega num texto.

Abraços, querida !

edcor disse...

Claude, esse cheiro da terra que você denuncia é um imã que atrai meu filho André que hoje construido sua profissão ainda tem o cheiro da terra molhada do Crato como um símbolo da sua passagem quando criança por ai. O cheiro da terra molhada é um talismã que fortalece quando nossas energias estão esvaindo-se você é parte dessa mata, deste som, dessas frutas que vi em seus retratos. Parabéns pela reflexão. Um cheiro Edmar