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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 13 de dezembro de 2009

Coisas Invisíveis - Domingos Barroso

Depois quando digo
fantasmas me acompanham
pensam loucura minha

então quem matou essa amórfica barata
cuja gosma já petrificada na cerâmica branca?

Vê-se que o crime ocorreu de madrugada.
Tarde, bem tarde da noite.

Não sou sonâmbulo.
Meu filho quando dorme desmaia.
Não tenho gatos nem cachorros.

Portanto, quem matou essa híbrida barata
cujos olhos ainda abertos olham para seu verdugo?

Vê-se que foi uma morte dura.
O abdome esmagado com requinte de crueldade.

Conservou-se para meu espanto
uma barata monstro -

meio homem,
meio dragão de Komodo.


Domingos Barroso

4 comentários:

Antonio Sávio disse...

A poesia verdadeira e intensa está na reflexão profunda que absorve o poeta em sua construção filosófica. És um poeta com que deixa uma marca profunda na alma do leitor. Um livro torna-se urgente.

Domingos Barroso disse...

O mais belo do envolvimento
secreto entre o poeta
e as coisas invisíveis
são almas perspicazes
que logo sacam a peleja.

A tua alma poética (não poderia ser outra alma) entende muito bem dessas nuances.

Um forte abraço, poeta.

Corujinha Baiana disse...

"Kafka" ou uma simples "Cucaracha" ?
Amei !!!


PS.Faço minhas as palavras de Antonio Sávio ( com a sua permissão,é claro )!

Domingos Barroso disse...

Corujinha Baiana,
tu és outra alma poética
atenta aos segredos do cotidiano...

Carinhoso abraço.