Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 5 de dezembro de 2009

Pedregulhos - por Claude Bloc

Hoje vasculhei bastante entre os meus guardados. Preciso de um caderno que só tenha folhas no final (risos). É... pode ser estranho, mas eu gosto de escrever nas últimas folhas dos meus cadernos - quem sabe, herança judaica(?). Falo isso apesar de agora estar escrevendo numa das primeiras folhas, já que as quinze últimas estão cheias. E tem mais. Gosto de cadernos grandes ou de agendas, daquelas que tenham mais a ver com meus manuscritos do passado. Íntimas, atenciosas, acolhedoras.

Tem mais um detalhe: não sei por que gosto de folhas sem pautas, mas confesso, é difícil encontrar esses cadernos sem linha por aí. Por essa razão escrevo nelas, nas linhas. Acho, porém, que essas linhas me limitam, também limitam-me a escrita e tentam limitar meu pensamento. É que nem sempre uso uma linha inteira... quase sempre tenho um espaço no começo e outro no fim dela, é mania. Tenho a impressão de que fica mais limpo. Besteira, bobagem... mas há hábitos que permanecem, como esse costume antigo que mantenho desde antes da era do computador.

Nem sempre consigo escrever diretamente aqui, teclando, digitando. Um lápis é fundamental pra mim. E uma folha em branco é sempre um desafio. Prefiro mesmo o lápis (e quase nunca uso borracha). Claro, meus textos originais são cheios de rabiscos, setas e parágrafos fora do lugar. Mas escrever do próprio punho parece ser o melhor método para a gente sentir o que escreve.

Além de tudo isso, gosto das metáforas. Tudo, cada palavra tem um motivo para estar ali ou aqui e revela um segredo ou esconde algum detalhe, ou deixa algo suspenso. Nem sei se sempre me faço entender, se minha idéia se encaixa entre os pedregulhos dos meus pensamentos... Mas não consigo parar de querer escrever. É como precisar respirar e, por não sentir o sopro divino, ficar à deriva.
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Texto de Claude Bloc
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