I
Nem sempre
não é comum mesmo
surgir uma Lua encantada
após uma chuvinha tímida
(continua quente lá fora
também dentro da minha alma)
Confesso:
os dedos não comandam
as sílabas,
os espaços abstratos,
o que ainda há de ser dito.
Neste pronto momento
meus dedos são servos do soluço,
do suspiro, da boca entreaberta.
Parece-me que as palavras
resguardadas em uma caixa de sapato.
A imaginação tão clara e contida
dentro de um vaso de porcelana.
Talvez, certamente
não é um poema de amor futuro:
trata-se de um encanto presente.
Sem remendos,
fogos de artifício,
engasgos, convulsões.
É um poema de amor
em si próprio
pelo que sente o poeta
não pelo que nasce dos versos.
É um poema de amor
para uma Lua:
uma lua de óculos escuros.
II
O olhar inebriante
da minha Lua
cabelo ruivo
deixa o poeta
abobalhado
acuado
então imagino
o que será no dia
em que beijar
sua joaninha
tatuada na virilha:
beijar, lamber
dar umas mordidinhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário