Reconhecidamente uma das privilegiadas e fulgurantes inteligências nascidas na cidade, Zé do Vale esteve visitando o Crato, sua terra natal. E, na despedida, valendo-se da credibilidade que detém junto aos conterrâneos, fez questão de registrar para a posteridade (via diversos blogs) a sua decepção e desencanto com o que viu, ao chegar à triste conclusão que a cidade foi adonada por uma volúpia que apenas pode ser controlada por fora, talvez pelo poder público se ele se manifestar. Pois não se manifesta.
E, embora estupefato, competentemente nos mostrou, em rápidas pinceladas, que um dos nossos mais belos a aprazíveis recantos (e nosso cartão-postal mais difundido), a Praça da Sé, em razão da absoluta ausência do poder público municipal, repentinamente transfigurou-se numa autêntica pocilga a céu aberto, autentica terra de ninguém, com suas dezenas de ambulantes, absolutamente descompromissados com a cidadania, a lhe degradarem e lhe emprestarem um ar promíscuo e marginal, negativando sua própria existência; constatou, também, que a poluição visual, a esconder a suntuosidade das nossas belas edificações históricas, se dá em razão da omissão gritante das suas autoridades constituídas, que por elas deveriam zelar e não o fazem e nem providências ultimam; descobriu, ainda, in loco, que o terremoto que se abateu sobre o Chile e Haiti repicou, atingiu ou replicou em pleno coração do Crato, com a derrubada e abandono, por um particular, de toda uma bela e valorizada quadra, obrigando-nos, já há alguns anos, a conviver com aquela visão dantesca e ao mesmo tempo surreal, caracterizando a prevalência de interesses particulares sobre o público, numa inconcebível inversão de valores.
Ainda bem que depois de tanta decepção e desencanto ao longo do dia, à noite um grupo de pessoas da cidade me deu o sentido de que tudo existe, tudo ainda acontece.
Só que, aí, numa propriedade particular, longe do poder público, frise-se.
José Nilton Mariano Saraiva
5 comentários:
Olá amigo Mariano
Bem-vindo com a sua contudência.
Conheci a Praça da Sé, ai pelos idos de 1950. Um imenso campo recoberto de capim de burro, onde pela manhã vacas, cabritos e burros pastavam e à tarde a rapaziada jogava futebol. Alías havia até duas traves: uma defronte para Rua Senador Pompeu e outra voltada para o lado oposto. Ao longo dos anos que se sucederam, a praça foi "construida" com aqueles caramanchões, ainda hoje existentes e no formato atual,a fonte, os aquarios de peixes e jacarés, as estátuas e apesar de algumas reformas que não a desfiguraram por completo, continua linda. Desde que o Crato é Crato que a Praça da Sé é rodeada de vendedores autônomos: roletes de cana, flhós,isto não é novidade agora. Aliás ela tem é melhorado, pois os bares onde a juventude ficava bebendo pela manhã, tarde e noite foram fechados. Acredito que o meu dileto primo Zé do Vale acostumou-se às belezas de Copacabana e voltou ao Crato muito exigente.
Independente de todas as impressões, a visita de José do vale encheu de alegria o coração dos seus amigos. Espero que ele volte com mais frequência !
Prezada amiga Socorro Moreira
Longe de mim criticar e dar impressão negativa quanto a vinda de Zé do Vale ao Crato. Não resta dúvida que ele sempre será bem-vindo. Mas na minha opinião o Crato não está tão acabado como muitos acham! Tanto o Crato é bom que eu volto a ele três a quatro vezes por ano.
Carlos,
Também gosto do Crato de qualquer jeito. Fico triste, quando vou ao centro, quando circulo pelas praças... Já foi diferente !
Vocês deviam todos vir morar por aqui, ao invés de só passear... Já pensou ?
Abraços.
Boa ideia essa sua Socorro. Um dia eu aporto por ai de mala e cuia. Espero que muitos outros cratenses pensem nessa ideía.
Abraços Socorro.
Jair Rolim
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