No canto dos versos
trazidos pelo vento
tem uma haste
tem um inseto
objetos da memória
também do invisível.
O encanto não passa
arrebatado pela poesia
faz-se eterno
(e flui bem lento)
é uma pele de maçã
gelada
ou imagino
aquela nódoa branquinha
na unha do dedo
de uma criança.
As guerras cotidianas
os embustes e rancores
do dia e da noite
tornam-se tão simplórios
quando observo
em torno da mente
(mas não é corpo)
dentro da alma
(mas não é outra vida)
algo tangível
embora não se toque
talvez o princípio
do soluço
o fim do suspiro
ou algo assim
delicado
que traz à tona
além de peixes
um olhar distraído.
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