Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Pedrosa, a amizade de sempre

Ao Bruno, meu amigo Pedrosa, meu abraço.
Tu te lembras das cocadas
Lá de Dona Leonor
Dos cascudos, petelecos
Dos pesqueiros, do ardor
Que era o "carinho" dela
Coisas que o tempo levou???
.
Pedrosa é meu amigo desde a dácada de 60, época em que morou na casa de sua tia Leonor, vizinha da direita de nossa casa, na Rua Irineu Pinheiro. Já nesse tempo, Pedrosa era um menino franzino, esguio e sempre gentil, preservando bem escondido, das nossas vistas, um ar moleque e brincalhão. Eu observava e apreciava sua tímidez mal disfarçada e sua silenciosa maneira de observar o mundo, com olhos sempre atentos, olhos com os quais já devassava a arte, o desenho, o traço.

Um fato pitoresco que ocorreu e que, tanto Pedrosa quanto eu nos lembramos, foi de trocarmos revistas em quadrinhos, que papai sempre comprava, por cocadas. Sim, porque Dona Leonor tinha uma bodeguinha na casa dela e dentre os produtos vendidos havia uma deliciosa cocada que eu adorava. Então, cada vez que Pedrosa queria ler uma revistinha, eu ganhava uma cocada. Todo esse arranjo era muito bem organizado e longe das vistas da tia do rapaz, pois ela era fogo!

Um dia Pedrosa recebeu de papai, como incentivo, um livro de nus artísticos. Ele paginou o tal livro, saboreou as cores, os riscos e creio que já sonhava naquele tempo em ser este artista que é hoje, mesmo sem imaginar que chegaria a galgar este estágio e/ou esta projeção no mundo inteiro, de que usufrui merecidamente.

Pois é, mas esse presente que papai lhe deu não foi muito apreciado por Dona Leonor que considerou o livro como coisa pornográfica, "imoral" e deu, no coitado de Pedrosa, uns bons petelecos. Certamente deve ter considerado papai um perversor de menores ou coisa que o valha. Mas o que importa é que isto não inibiu em Pedrosa a vontade nem o gosto pela arte. E hoje ei-lo transformado num artista internacional, mas sempre simples e amigo como outrora.

Lamento não poder levar a ele e à filhota o meu abraço. E não poder também lhe mostrar minha prole.

Mesmo assim fica aqui meu abraço sincero e amigo.

Claude

Texto por Claude Bloc

Foto: recorte de foto de Heládio Teles Duarte (aquarelada por Claude Bloc)

2 comentários:

Edilma disse...

Claude,

Nosso amigo esteve aqui e foi maravilhosa a sua companhia.

Abraço !

Edilma disse...
Este comentário foi removido pelo autor.