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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Relembrando Quintino Cunha – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Eu ainda sou daquele tempo em que andávamos nas velhas “Sopas do Anselmo” pela poeirenta estrada velha do Crato ao Juazeiro. Época em que os mais jovens, quando sentados nos ônibus ou lotações, se levantavam para oferecer o lugar aos mais velhos ou às mulheres. A não observância desse princípio de boa educação era tida como uma grande indelicadeza. Depois, estudando em Salvador, observei uma transição. Em vez de cederem o lugar para senhoras e idosos, os jovens pediam apenas para segurar os embrulhos dos mais velhos e senhoras. O que convenhamos, já era alguma coisa se comparada ao procedimento dos jovens de hoje.

Atualmente, quando estou em Crato, e me desloco de ônibus do São José ao centro da cidade, não vejo os jovens oferecerem seus lugares aos mais velhos, como eu fazia, então. Talvez seja porque meus cabelos teimam em permanecerem castanhos escuros. Graças a isso, conforto-me pensando ser ainda uma criança. Aliás, a cada visita ao Crato, sinto que retorno um pouquinho mais jovem.

Outro dia, numa calçada, vi duas senhoras conversando enquanto caminhavam. Uma delas aparentava mais de 70 anos. Como eu caminhava um pouquinho atrás, sem querer escutei a conversa. A mais velha mostrava-se indignada pelo fato dos jovens não respeitarem os mais velhos. E contava à amiga que, juntamente com o irmão que tem mais de 85 anos, estavam no terminal de ônibus da Praça da Estação, para seguirem até a Parangaba. Quando o ônibus chegou, um grupo de estudantes do Liceu furou a fila e tomou a frente dela e do seu irmão, ocupando todos os assentos do ônibus, sem nenhuma preocupação com o coitado do velhinho, que ia em pé se lastimando das dores nas pernas e na coluna. A essa altura, pedindo desculpas às duas idosas me intrometi na conversa delas:
– O seu irmão deveria ter feito como fez Quintino Cunha há mais de sessenta anos – Disse-lhe eu.
– E o que foi que ele fez? – Indagou a velhinha. Então eu respondi:
– Ele entrou num ônibus lotado e ninguém lhe ofereceu o lugar. Chegou perto de uma mocinha que estava despreocupadamente sentada no banco da frente e lhe disse:
– “Moça, eu vou me sentar no seu colo!”
– “Com essa carinha?” – Indagou a jovem.
– “Não, com a minha bundinha!” Completou o genial Quintino Cunha
As duas senhoras esboçaram um risinho tímido e antes que dissessem qualquer coisa comigo, apressei meu passo e segui em frente. De longe olhei para trás e elas sorriram para mim.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

7 comentários:

Stela disse...

POis é, Carlos, hoje é tudo diferente demais... chega dar desgosto, meu Deus!
Sim, mas a tua intromissão na conversa das mulheres foi boa demais! as histórias de Quintino da Cunha são hilariantes mesmo.
Grande abraço.

Aloísio disse...

Carlos,
Gostei demais, pois até onde faltou educação, você encontrou humor.
Parabéns

Marcos Barreto de Melo disse...

Parabéns,Carlos. Muito boa a sua crônica.

Abraço,

Marcos Barreto de Melo

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Aos amigos: Stela, Aloísio e Marcos

Fiquei muito fleiz com as observações de você e o incentivo que me deram.
Muito obrigado e um grande abraço!

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Só uma correção
Fiquei muit feliz com a observação de vocês. Estava um pouco sem força para digitar o s. Desculpem o erro, mas foi falta de força no dedinho mindinho!

Claude Bloc disse...

Li, gostei, aprovei... Ri e desopilei.

Obrigada pelo sorriso que me trouxe.

Abraço,

Claude

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Claude

Eu é que tenho que lhe agradecer pela delicadeza de suas palavras.
Obrigado mesmo!
Abraços
Carlos Eduardo