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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 21 de junho de 2010

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS

A NOIVA DO FAZENDEIRO RICO

Conta-se que um velho viúvo, muito rico, dono de grandes propriedades, com dinheiro guardado no banco e prata guardada em casa, andava doido para se casar.
Era um homem muito feio e, além disso, presunçoso.
Ora, na sua casa trabalhava uma jovem bonita e, também, muito esperta. O fazendeiro pensou que seria uma boa esposa para ele, além do que, como era uma pobre, cederia de bom grado a sua pretensão.
Pois qual não foi sua surpresa com a recusa da moça! Primeiro, quando o ouviu falar que queria casar-se novamente, disse-lhe “é, a gente pode desejar qualquer coisa, conseguir é que são elas”, e, por último se saiu com essa história de que não achava boa idéia ser noiva dele.
No entanto, ele não desistiu de suas intenções, não gostava de receber “não”, continuou insistindo, e quanto mais era dispensado, mais apaixonado ficava. Queria-a de todo jeito, a qualquer custo. Chamou o pai da moça, que lhe devia uma boa quantia de dinheiro, e propôs um negócio:
- Convença sua filha a casar-se comigo. Em troca, esqueço sua dívida e ainda lhe dou o terreno vizinho à sua roça.
O pai achou que seria fácil convencer a moça a casar-se. Mas que nada! Ela não queria o fazendeiro rico “nem por decreto, nem que ele viesse coberto de ouro”, foi o que falou para o pai. E o outro lá, naquela quizila, queria porque queria casar, era um verdadeiro desatino, parecia caso de vida ou morte. Por isso foi ficando cada vez mais furioso com o que considerava uma desfeita. Um dia chamou outra vez o pai da moça, cobrou uma resposta definitiva, que não aceitava negativas, que ele arranjasse um jeito desse casamento se realizar. O pai pensou, pensou e sugeriu:
- O senhor apronta tudo para o casamento: padre, músicos, festa, bebidas, muita comida, essas coisas. Quando o padre e os convidados chegarem, mande chamar minha filha alegando que tem um trabalho para ela fazer. Assim que ela chegar casem-se às pressas, ela não vai poder fazer nada.
O velho ficou encantado com a sugestão. Cuidou dos preparativos e no dia marcado, quando chegaram padre e convidados, mandou um empregado na casa do seu vizinho, pedir o que lhe fora prometido, mas que fosse num pé e voltasse no outro, e não lhe retornasse sem a encomenda, senão...
Quando o fazendeiro rico pensou em fazer ameaças, o rapaz já tinha partido feito um raio, já estava dando o recado:
- Eu vim buscar o que o senhor prometeu ao meu patrão. E tem que ser rápido, que hoje ele não está de brincadeira não.
- Ah, ela está na roça, vá buscá-la e leve-a para seu patrão.
O empregado correu para a roça e deparou-se com a jovem arando a terra.
- Meu patrão me mandou buscar o que lhe foi prometido por seu pai.
A moça, muito esperta, compreendeu que se tratava de uma cilada para ela, mas muito naturalmente, apontou uma égua baia que pastava um pouco afastava.
- Acho que é a nossa egüinha que ele quer. Pode pegá-la. Vá, leve-a para seu patrão.
O empregado montou no lombo da égua baia e voltou para a casa do patrão em louca disparada. Deixou a égua na porta e apresentou-se ao velho.
- Cadê a prometida?
- Deixei lá na fora.
- Leve-a para o quarto que era da minha mãe.
- Mas o que é isso, patrão?
- Ah, já sei, ela está dando trabalho, está resistindo, pois chame outros homens e levem-na lá para cima.
Foi um deus nos acuda conseguir que a égua subisse as escadas, mas enfim, ordem é ordem.
Voltou o empregado e disse ao patrão que, com muita peleja conseguiram fazer o serviço, mas que não foi coisa fácil, “ô trabalhinho complicado, o pior que já fiz nessa fazenda”-, falou. O patrão estava impaciente:
- Está bem, está bem, você terá uma recompensa depois. Agora, mande as mulheres arrumarem a noiva. E que elas também façam o serviço ligeirinho.
- Noiva? Meu Deus do céu! Ô patrão...
- Deixe de bobagens, vá, rápido, diga pra não esquecerem o buquê de flores nem a grinalda..
- Patrão, esse negócio não vai dar certo...
- Saia da minha frente, me obedeça.
O rapaz deu o recado às mulheres, que subissem e arrumassem a egüinha baia de noiva, com véu, grinalda e flores, pois, certamente o patrão estava querendo divertir os convidados.
Depois que as mulheres deixaram a egüinha baia vestida e com grinalda, véu, e flores, o rapaz foi avisar ao velho fazendeiro que a noiva estava pronta.
- Desça com ela, vou esperá-la na porta.
Foi uma barulheira na descida das escadas, pois não eram nada delicados os pés da noiva, mesmo calçados com sapatos de cetim.
Os convidados JÁ estavam no grande salão enfeitado para a festa de casamento e, quando se abriu a porta e entrou a tão formosa noiva do fazendeiro, foi um quá quá quá sem fim, era gargalhada em cima de gargalhada.
Todos se divertiram muito, inclusive o fazendeiro, que, ao que se sabe, ficou tão satisfeito com a noiva que nunca mais cortejou nenhuma moça.
Aconteceu, acabou e foi verdade. Dizem por aí.

5 comentários:

Stela disse...

Esta história de hoje vai para divetir todo mundo que ler, mas vai, principalmente, para as crianças que ainda moram em Claude e Magali.
Xêros cheirosos, e boas risadas.
Bom, vai pra Edilma e Socorro também, claro.

socorro moreira disse...

Adorei !
Minha criança agradece !

Bjs

Anônimo disse...

Oi Stela, a criança que mora em mim, gostou novamente.

Obrigada e abraços

Magali

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Stela

Como eu gosto de narrar histórias, também gosto de lê-las. Gostei muito dessa da equinha vestida de noiva. Deve ter sido um casamento de arromba. Parabéns!

Edilma disse...

Stela,

Historias é comigo mesma.
Essa sua noiva me lembrou a eguiha pocotó de hoje... KKKK
Valeu!