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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 9 de junho de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


CHICO BUARQUE
Parte II
“Nem toda loucura é genial.
Nem toda lucidez é velha.” (cit. por Chico Buarque).

Por Zé Nilton

Naqueles tempos, a famosa década de 1960, tudo era muito questionado. Inicialmente pela questão dos ventos democráticos que respirávamos desde 1945, e no meio da década, pela questão do estado de direito subtraído pelo regime militar. Época de beligerância e desassossego. Era comum digladiarem-se em campo aberto e depois fechado, a direita e a esquerda armada, artística, católica, estudantil, intelectual, movimentos musicais etc.

Bons tempos aqueles em que se brigava e se produzia tendo como valor o esteticamente correto, seja no plano político, educacional, urbanístico, artístico... enfim, que tal um passeata contra a guitarra elétrica ?

No plano musical um fato é bem marcante desse período de muita inspiração nas cabeças e nas bocas, nos corações e mentes, mas também como disse, de cobrança e de fustigação pelo que deveria ser o novo, o belo, o melhor. Estabeleceu-se o confronto entre tradição e inovação na cultura brasileira e, no caso, na música brasileira.

Conta-se ter havido um ligeiro affair entre Gilberto Gil e Chico Buarque por ocasião do 4º. Festival da Música Popular Brasileira, da Tv. Record – S. Paulo – em 9 de dezembro de 1968, quando a música de Chico Buarque “Benvinda” ficou em sexto lugar no júri oficial, mas obtendo a primeira posição no júri popular.

Como havia um desencontro nas propostas tropicalistas de Gil e Caetano por parte de Chico, no momento em este cantava com o MPB4 o famoso samba, Gil teria gritado “superado”!

No mesmo dia o jornal Última Hora publicava um artigo de Chico sobre o episódio. Acho que vale a pena reproduzi-lo para reflexão:

“Estava mal chegando a São Paulo, quando um repórter me provocou. “Mas como, Chico, mais um samba? Você não acha que isto já está superado?” Não tive tempo de me defender ou de atacar os outros, coisa que anda muito em voga. Já era hora de enfrentar o dragão como diz Tom. Enfrentar as luzes, os cartazes e a platéia, onde distingui um caro colega regendo ou coro pra frente, de franca oposição. Fiquei um pouco desconcertado pela atitude de meu amigo, um homem sabidamente isento de preconceitos. Foi-se o tempo em que ele me censurava amargamente, numa roda revolucionária, pelo meu desinteresse em participar de uma passeata cívica contra a guitarra elétrica. Nunca tive nada contra esse instrumento, como nada tenho contra o tamborim. O importante é ter Mutantes e Martinho da Vila no mesmo palco.
Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa e de sua música estereotipada, onde samba, toada etc são ritmos virgens para seus melhores músicos, indecifráveis para seus cérebros eletrônicos. “Só tenho uma opção”, confessou-me um italiano, “sangue novo ou a antimúsica. Veja, os Beatles foram à India...” Donde se conclui como precipitada a opinião, entre nós, de que estaria morto o nosso ritmo, o lirismo e a malícia, a malemolência. É certo que se deve romper com as estruturas. Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes, já traz dentro de si os elementos de renovação. Não se trata de defender a tradição, a família ou a propriedade de ninguém. Mas foi com o samba que João Gilberto rompeu as estruturas da nossa canção. E se o rompimento não foi universal, culpa é do brasileiro, que não tem vocação pra exportar alguma coisa. Quanto a festival, acho justo que estejam todos ansiosos por um primeiro prêmio. Mas não é bom usar de qualquer recurso, nem se deve correr com estrondo atrás do sucesso, senão ele se assusta e foge logo. E não precisa dar muito tempo para se perceber “que nem toda loucura é genial, como nem toda lucidez é velha”.
(Homem, Wagner. Histórias de Canções: Chico Buarque. São Paulo: Editora Leya, 2009, PP-73-74)

Na segunda parte do COMPOSITORES DO BRASIL, quinta, falaremos um pouco de sua obra, entre 1967 a 1978. Na sequencia:

RODA VIVA. 1967
BENVINDA. 1968
GENTE HUMILDE (Garoto, Vinícius e Chico). 1969
APESAR DE VOCÊ. 1970
CONSTRUÇÃO. 1971
PARTIDO ALGO. 1972
FADO TROPICAL. (Chico Buarque e Ruy Guerra).1973
ACORDA AMOR. 1974
JORGE MARAVILHA.1974
TANTO MAR. 1975
MEU CARO AMIGO( Chico Buarque e Francis Hime). 1976
MANINHA. 1977.
GENI E O ZEPELLIN. 1978

Quem ouvir verá!

Informações:
Programa Compositores do Brasil
Sempre às quintas-feiras, de 14 horas as 15 h.
Rádio Educadora do Cariri – 1020 kz
Pesquisa,produção e apresentação de Zé Nilton
Apoio: CCBN.
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