Sob qualquer hipótese
és eterno.
Mesmo com a minha morte
permanecerás açoitando
a memória dos outros.
Seria injusto da minha parte
somente aos objetos
coubesse meu silêncio.
Tu és toda a totalidade
dos próprios objetos.
Dos seres inanimados.
Falastrões.
Antes que recaia sobre eles
o meu olhar lunático
tu com tua generosidade
assopra aos meus ouvidos
que tipo de alma
devo ter.
O meu fim não tem importância.
É a tua vitória contra o efêmero.
Com a minha morte
estarás livre.
Sem incumbência.
O que pesará
é a lembrança.
Mas sabemos que toda lembrança é falha.
Que todo pensamento é propenso a falha.
Com o meu fim
a única verdade:
tu com tua cerimônia
tu com teu desleixo.
Infinitamente maior.
Além do próprio invisível.
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