Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Crato é final de linha" - José Nilton Mariano Saraiva

Condição “sine qua non” de todo administrador público que se preze, a probidade administrativa (ou honestidade no tratamento da coisa pública) encontra bons e imprescindíveis aliados no comedimento, recato, bom senso, transparência, equilíbrio e, principalmente, ponderação na hora da tomada de decisões ou na simplicidade do ato de expressar-se perante os munícipes.
Em sentido contrário, sob pena de inviabilizar suas ações, obstando-lhe o acalentado caminho em busca de vôos políticos mais altos (e não venham com o papo furado de que nem todo político sonha com isso), a improbidade administrativa, possessividade, cabeça quente, falta de controle, pessimismo e afobação não devem constar do dicionário de referida autoridade, por mais pressionada que se encontre.
As reflexões acima têm a ver com um acontecimento recente (menos de dois anos), vivenciado aqui em Fortaleza, quando o prefeito do Crato, atendendo convite da Associação dos Filhos e Amigos do Crato (AFAC), compareceu ao auditório da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a fim de falar sobre sua gestão à frente da municipalidade.
Depois de muita rasgação de seda nas preliminares, da exibição de belos slides da cidade (e o Crato tem muita coisa bonita, sim, mas que se degradam dia-a-dia), lá pras tantas, e aí já visivelmente incomodado com as interrupções da sua fala e os recorrentes questionamentos a respeito do marasmo da sua administração ou do “porque” do Crato não conseguir acompanhar o pool desenvolvimentista da cidade vizinha, Sua Excelência literalmente perdeu as estribeiras e foi incisivo, curto, grosso e contundente (ipsis litteris): “Pessoal, vocês têm de entender que o Crato é final de linha; só vai ao Crato quem tem negócios lá”.
Ou seja, não mais que de repente - e um tanto quanto surrealistamente, vocês hão de convir - a posição geográfica do Crato (em relação à capital ???) era usada e atestada como justificativa primeira e única para a sua visível estagnação, seu progressivo esvaziamento, sua parada no tempo (só não nos foi explicitado como é que a cidade vizinha, que dista apenas 12 quilômetros da nossa, tudo consegue, o tempo todo e com relativa facilidade).
Estupefatos, os componentes da platéia se entreolharam abismados e pasmos, num misto de espanto e decepção, à procura de entender aquele testemunho sublinear de capitulação, acomodação ou simples descaso com o destino da cidade.
Definitivamente, não estávamos ali para ouvir aquilo. E no entanto, a verdade é que, ao vivo, perante todos nós, aquele que deveria representar a esperança e o porvir de novos tempos se nos mostrava a impotência em forma de gente, o pessimismo em estado latente, a afobação nua e crua, a desesperança em sua mais completa acepção, a incapacidade de alinhavar palavras minimamente confortadoras (e depois dizem que somos pessimista).
E então nos vem à lembrança o testemunho de um dos integrantes da comitiva que esteve em Fortaleza quando da reunião com o reitor da UFC, onde definitivamente se bateria o martelo na definição da localização do campus Cariri da UFC: segundo ele, o prefeito do Crato estava, sim, em Fortaleza, naquele dia, mas teria se negado terminantemente a comparecer àquele importante e decisivo evento, sob a estapafúrdia justificativa de que, de véspera, a decisão já houvera sido tomada, e sua presença, portanto, não alteraria em nada o rumo das coisas, o desenrolar do processo. Que os “bois de piranha” galhardamente enfrentassem a travessia do rio, sozinhos.
E, como pimenta nos olhos dos outros é refresco, o que agora se comenta, aqui em Fortaleza, é que o Crato perdeu também a sonhada Faculdade de Odontologia e tende a ficar sem a Faculdade de Agronomia (e as instalações do Colégio Agrícola, vão servir mesmo pra quê ???).
Por qual razão ??? Onde vamos parar ??? Vamos ficar com o quê ??? Só com o "lixão" do Cariri ??? Querem matar o Pedro Esmeraldo do coração ???

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