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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mas que almoço indigesto! – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Quando estudante em Salvador, entre os companheiros de residência, havia um jovem de Alagoinhas, Wedner Costa, um amigo que não vejo há mais de quarenta anos. Soube que hoje ele é um conceituado cardiologista na capital baiana.

Na Semana Santa de 1965, a convite de Wedner, conheci Alagoinhas. Bem depressa fiquei encantado com a beleza da cidade, pois me lembrou o nosso querido Crato. Cidade quase do mesmo tamanho da nossa, igualmente limpa, bem arborizada, repleta de praças acolhedoras com jardins bem cuidados. Além do mais, o português Agostinho Ribeiro da Silva, meu quinto avô pelo lado Esmeraldo, se fixou em Alagoinhas, tão logo chegou ao Brasil ai pelo final do século XVII. Além de tudo isso, fui distinguido com fidalguia pela hospitalidade dos pais de Wedner.

Foi uma semana inesquecível em que vivemos noitadas memoráveis. Depressa fiz amizade com dois jovens de Alagoinhas, ex-colegas de Wedner: Zenon e Homero, que posteriormente foram meus colegas na Escola Politécnica. Como a maioria dos baianos, eles tocavam violão e Homero tinha uma excelente voz. E todas as noites eu os acompanhava em serenatas pelas ruas da cidade até altas horas. Durante o dia, as moças pediam para que eles fizessem serenata na rua em que elas moravam.

No domingo pela manhã, dia do nosso retorno a Salvador, o senhor Lourival, pai do Wedner, me perguntou se eu já havia comido carne de sariguê. Perguntei a ele o que era sariguê, pois nunca ouvira tal nome. E ele me respondeu que era uma pequena caça que havia em abundância por lá e que iria ao mercado para comprá-la.

Achei o almoço delicioso. A carne preparada ao molho parecia com galinha cozida no caldo. Comi e ainda repeti.

Quando terminei o almoço, o pai do Wedner me perguntou por que no Ceará a gente não comia sariguê. Respondi que não existia essa caça em nossa terra. Ele então me disse que tinha, e que sariguê era conhecido no Ceará por “cassaco” ou “gambá”. Passei o resto da tarde contendo a reviravolta do meu estômago.

Mas sariguê não foi o único prato indigesto que degustei na minha vida. Quando trabalhava na Coelce, tinha como atribuição principal o atendimento aos políticos de todas as cores e ideologia um tanto quanto paupérrima. Então me especializei em engolir “sapos”. Por isso faço questão de passar longe de um cururu. E por segurança, não aceito comidas exóticas, pois pode ser que em algum lugar cachorro ou macaco tenham nomes que sugiram algo bem apetitoso.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

7 comentários:

socorro moreira disse...

eXÓTICO ?
fEITO POR MIM OU sOCORRINHA EU ADOTO !

tatiana disse...

Carlos sempre de ótimo humor. Está mesmo se recuperando.KKKKKKK Adoro ler seus textos. Parabéns. Beijo em Magali.

Stela disse...

E bota indigesto nesse almoço, hein?
Vôte! só de ouvir falar... eca!

kkkkkkkkkkkkk

Aloísio disse...

Carlos,

Como bom baiano adoro um sariguê, deixe de ser preconceituoso, é uma carne muito saborosa (me perdoe os ambientalistas), fiquei com água na boca só de lembrar.

Abraços
Aloísio

Ps. Stela, garanto que você nunca comeu sariguê.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

À Socorro, Stela, Tatiana e Aloísio.

Mas é claro que todos nós cearenses temos uma aversão ao coitado do sariguê. Também o nome que o bichino tem por estas bandas e o perfume que exalam não são nada convidativos.
Agradeço a participação de vocês.
Um grande abraço.

Heladio disse...

Prezado Carlos

Antes de tudo, estou bastante feliz, com sua recuperação. Longa vida, saúde e paz. Espero somente que vc não siga a dieta baiana.
Abraços
Heladio

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Heládio

Muito obrigado pelos votos de recuperação da minha saúde. Estou bem melhor e dentro de três meses estou pronto para retornar a uma vida normal. Sem sarigûe no almoço, é claro!
Um graden abraço