O destino me permitiu conhecer pessoas notáveis. Algumas conseguiram ultrapassar os limites da área que habitam, registrando seus nomes nos arquivos da história. Significar dizer que serão conhecidas por gerações futuras. Esta semana tive a satisfação de receber a visita de uma delas, Jaime Suniê Neto. Jaime, paranaense de nascimento, foi, ao lado de Henrique Mecking, quem mais projetou o xadrez brasileiro. A Fama do gaucho Mequinho veio de cima para baixo. Ganhou o título de Mestre Internacional (o 1º do pais) na época dos governos militares. As autoridades de então se aproveitaram dele como peça de propaganda, vinculando seu feito ao regime, colocando seu nome na mídia. Daí a sua projeção, por sinal, merecida.
Jaime Suniê, ao contrário, construiu sua fama de baixo para cima. À medida que acumulava títulos empregava seu tempo em prol do desenvolvimento do Xadrez. Disputou 10 finais do campeonato brasileiro, vencendo 7. Campeão sul americano, medalha de ouro na olimpíada mundial da modalidade, tem em seu currículo o 1ª lugar em 3 torneios internacionais promovidos pela FIDE (a FIFA do xadrez).
Implantou o programa “xadrez nas escolas” no Paraná, depois copiado por vários outros Estados e adotado nacionalmente pelo governo federal. Meu conhecimento com o mestre ocorreu em 1989, por intermédio de outro Mestre, Marcos Asfora, também campeão brasileiro, outro notável, tão importante para o xadrez de Pernambuco e nordestino quanto Suniê para o brasileiro.
Jaime tentou adquirir para o Paraná a maior biblioteca de xadrez existente no Brasil. Conseguiu verba, aprovação da assembléia estadual, autorização do governador mas o proprietário, Dr. Luis Tavares, preferiu doá-la ao Estado de Pernambuco. Jaime, apesar da luta perdida, deu aula de cavalheirismo vindo, como Presidente da CBX, presidir o ato da entrega do acervo.
Em 1988, atendeu ligação pedindo orientação para implantação do programa xadrez nas escolas Pernambucanas. Não se fez de rogado e dias depois desembarcou em Recife, vindo pessoalmente transmitir as dicas.
O gênio paranaense, acostumado a batalhas difíceis, enfrenta uma mais traiçoeira, contra o câncer. Felizmente, está vencendo. Na próxima semana se submeterá a última sessão de quimioterapia e deverá receber alta.
Obs. Suniê é o terceiro da direita para esquerda. Ao seu lado, o Mestre Marcos Asfora. Os outros são enxadristas da Delegacia Regional do Banco Central em Recife.
Joaquim Pinheiro
2 comentários:
O que sabemos em off é que você, Joaquim , é um grande enxadrista , acumulador de muitas medalhas.
Um dia, quiseram ensinar-me a jogar xadrez. Eu tinha 14 anos. Aprendi rapidinho a mexer c/as pedras, mas não tive paciência de jogar, sequer uma partida. Abortei minhas possibilidades de desenvolver o meu raciocínio lógico. A Matemática compensou-me um pouco ...Mas só bem pouco !
Hoje eu te reverencio , viu ?
Quanto ao seu ídolo , figura exemplar, ( e não pomos dúvidas), desejo sucesso no tratamento, e franco restabelecimento. Mentes brilhantes merecem a graça da sobrevivência por muitos anos.
Abraços.
Ao nosso enxadrista-mor, com asas angelicais, parabéns!
Abraço,
Claude
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