Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 30 de julho de 2009

PAPO ENTRE AMIGOS - Por João Marni


CRÔNICA DE OLIVAL HONOR - PAPO ENTRE DOIS AMIGOS

Quase todos os cronistas da Rádio Educadora têm curso superior. Quando se encontram para bate-papo, têm por diretriz um pensamento clássico de Berthold Brecth, meio pernóstico ou gabola, mas a rigor verdadeiro, que define as pessoas em três categorias, quando conversando: as inteligentes, que falam de idéias; as pessoas comuns, que falam de coisas; e as pessoas medíocres, que falam de pessoas. As medíocres por falta de assunto, comentam a vida alheia, mentem, caluniam, detratam, - são as conhecidas e famosas faladeiras ou fuxiqueiras, categorias na qual o Ceará é campeão brasileiro e tem o Crato como vencedor “hors-concours” de todos os certames estaduais.
Pois foi em um desses bate-papos que pedi ao meu grande amigo, Dr. João Marni de Figueiredo, conhecido pediatra de nossa cidade, o qual é também formado em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco, que me dissesse de onde vem a paixão,- por que as pessoas se apaixonam, algumas por um ideal, outras por objetos, tantas outras por animais e outras ainda, misteriosa e irracionalmente, por outras pessoas. Ele não respondeu imediatamente, mas entregou-me sua resposta seriamente escrita e de forma tão elegante e rica, que resolvi publicá-la hoje, enriquecendo esta crônica com seus conceitos.
Define assim o Dr. João Marni a origem da paixão:
“ A paixão vem de regiões escondidas da nossa alma, dos mares bravios de lá, surge de forma súbita arrebatadora feito uma doença incontrolável: sem limites, sem regras, sem remédio. É capaz de invadir, prender e matar, como um tirano. Para em seguida desatar os nós dos laços, saindo em busca de outros chamados, de onde rouba o sono e a fome. O amor...ah! , o amor é brando, paciente, contemplativo e capaz de sofrer em silêncio, querer bem sem ser correspondido; é fiel, gosta de prender-se a um aconchego, a um cafuné. Tem juízo e vem do coração do Mar da Tranqüilidade. A paixão aproxima, é chama ardente, é verão. O amor une, gruda, é fogo brando em permanente primavera.
A paixão é o hoje, é terra de ninguém, “non sense”. Alimenta-se de cartas românticas.O amor é o hoje e o amanhã e alimenta-se da verdade.
A paixão prende e procria, o amor liberta e perpetua.
Mas acredite: - quem criou um, criou o outro”!

29.07.2009

3 comentários:

socorro moreira disse...

E Deus criou o homem ...
A paixão e o amor inavadiram o coração do homem.
Cristo entendendo a presença dos dois sentimentos , exmplificou-se, no amor COMPAIXÃO.
Uma crônica que envolve a conversa entre dois homens inteligentes e apaixonados como J.Marni e Olival não poderia deixar de ser pulsante.
Que venha a paixão, a grande paixão , educada pelo amor maior , até se transformar em compaixão !

Claude Bloc disse...

Olival, meu dileto aluno da Oficina da Escrita, não me surpreende em seu arroubo literário, pois já o li em seus diversos livros e admiro, desde então, sua extrema fluência poética.

Não conhecia, porém, a verve de João Marni. A sensibilidade do homem que acolhe a todos os amigos com sorrisos e gentileza e que tão intensamente reflete com palavras os sentimentos mais fortes urdidos nas feições da vida.
Parabéns aos dois nesse diálogo de sábios.

Abraço,
Claude

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Gênio total! Tanto de um, meu sobrinho afim, quanto do outro, um mestre!