Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 4 de agosto de 2009

História e Música- Por Norma Hauer



BUCI MOREIRA

Em 1° de agosto de 1919, nasceu no Rio de Janeiro o compositor Buci Moreira
Por ser sobrinho de Tia Ciata, a baiana que reunia em sua casa, próxima à Praça Onze, os bambas de sua época, os sambistas de renome como Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô...criado nesse meio era natural que Buci Moreira se interessasse por cantar e compor
Seu primeiro samba chamou-se "A Nega Sumiu",mas seu primeiro suceso foi "Não Ponha a Mão"; depois, na voz de Francisco Alves lançou "Anda, Vem Cá", que também foi sucesso.
Carlos Galhardo gravou,para o carnaval de 1942, de Buci Moreira um samba em que aparece como um verdadeiro sambista. Seu nome é

ADORO O SAMBA

Adoro o samba, canto o samba
E no meio de gente bamba quando estou sambando
Eu me zango e faço até muito barulho
Se alguém falar que o samba
Está se acabando.

O samba tem, tem tem
Tem sedução,tem tem
Fascinação,tem, tem...
O samba sinceramente
Tem um feitiço
Que mexe com a gente.
O samba tem um jeitinho
Que põe a gente dando ´pulinho (bis)

Não foi um dos compositores mais baldalados, mas valeu sua passagem por nossa música
Buci Moreira faleceu em 28 de maio de 1982, com apenas 63 anos.
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MÁRIO RAMOS DE OLIVEIRA -VASSOURINHA
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Com seu próprio nome, quase ninguém o conheceu, nem se sabe como surgiu o cognome de VASSORINHA, falecido em 3 de agosto de 1942, com apenas 19 anos, visto que nascera em 16 de maio de 1921.
Como ele viveu pouco, há controvércias sobre como ingressou na carreira de cantor, ainda menino.
Pelo que sempre soube, ele era um empregado da Rádio Record de São Paulo, onde, trabalhando com uma vassoura, gostava de cantar. Chamou a atenção de Isaurinha Garcia então a principal artista daquela rádio, que foi quem o indicou à respectiva diretoria, sendo logo aceito.
Assim, ainda com17 anos gravou, na Colúmbia, o samba "Seu Libório", de Braguinha, que fora sucesso na voz de Luiz Barbosa, na Rádio Mayrink Veiga. Luiz faleceu em 1938 e não gravou esse samba; em 1940, Vassourinha o gravou obtendo sucesso, com essa música já conhecida. Na outra face do disco de 78 rotações gravou "Juracy".

A música que mais marcou sua carreira foi " Emília", sua segunda gravação , tendo, na face B, " Eu fui à Feira".
Convidado a gravar no Rio,veio para aqui onde, em 1942, gravou "Chic Chic Bum", baseada em uma música do repertório de Carmen Miranda.
Nesse mesmo ano, aqui no Rio, adoeceu com um mal que nunca ficou esclarecido, sendo socorrido às pressas pelo compósitor Ciro de Souza que o levou ao hospital, já, praticamente, no fim. Retornou logo a São Paulo(de trem) onde chegou quase morto.
Atendido imadiatamente, com o apoio de Isaurinha Garcia, foi definhando e no dia 3 de agosto de 1942 faleceu de uma doença que os próprios médicos não souberam explicar. Foi uma doença que hoje chamariam de "degenerativa".
Vejamos um dos sucessos (talvez o maior) de Vassourinha:

EMÍLIA
Quero uma mulher, que saiba lavar e cozinhar
E de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar.
Só existe uma e sem ela não vivo em paz
Emília, Emília, Emília, não posso mais.

Ninguém sabe igual a ela
Preparar o meu café.
Não desfazendo das outras,
Emília é mulher.
Papai do céu é quem sabe
A falta que ela me faz.
Emília, Emília, Emília não posso mais.

FREIRE JÚNIOR

FRANCISCO JOSÉ FREIRE JÚNIOR nasceu em Santa Maria Madalena em 4 de agosto de 1881. Sua família mudou-se para o Rio de Janeiro quando ele tinha 8 anos, passando a residir em Santa Teresa.

Desde muito jovem, interessou-se pela música, conhecendo Chiquinha Gonzaga que o incentivou a estudar piano. Estudou e compôs sua primeira melodia para uma peça teatral de nome "O Primo da Carolina".
No total foram 172 peças, incluindo teatro, burletas e revistas musicais.
A que mais sucesso fez foi, em 1951, a revista "Eu Quero Sassaricá", com Virgínia Lane, que cantava a famosa marchinha "Sassaricando". Isso no Teatro Recreio, do qual ele foi empresário.
Como compositor, foi autor de "Ai, seu Mé", marchinha gravada por Francisco Alves, em 1922, que era uma sátira à candidatura de Arthur Bernardes à Presidência da República.Este tinha o apelido de"Seu Mé".
Foi em 1923 que compôs sua música mais conhecida e que foi sucesso na época(gravação de Francisco Alves) e anos depois, quando Déo a gravou. Trata-se de "Luar de Paquetá".

Ainda Chico Alves gravou "Malandrinha"; "Amor de Malandro";"Deusa"; "Pálida Morena" e "Hei de Ver-te um Dia".

Com Augusto Calheiros gravou "Revendo o Passado".

Interessante é que, assim como fizera sátira à candidatura de Arthur Bernardes, também o fez com a de Júlio Prestes, com "Seu Julinho Vem", ainda gravada por Francisco Alves. A diferença é que Arthur Barnardes foi eleito e assumiu a Presidência, enquanto Júlio Prestes ganhou mas não levou. Entrou Getúlio Vargas, através da revolução de 1930.

Em "Luar de Paquetá" ficou famosa a troca da palavra "olorosas" para "dolorosas" pelos cantores que a gravaram. Déo, um desses cantores, fez outra gravação corrigindo seu erro. Também uma letra com tantas palavras poéticas, mas sem uso comum, era natural o erro.

"Nestas noites olorosas,
Onde o mar desfeito em rosas
Se desfolha a lua cheia."

Com tantas rosas e lua, as noites não poderiam ser "dolorosas".

Freire Júnior faleceu em 6 de outubro de 1956, aqui no Rio, onde fracassou como empresário.

Norma Hauer

P.S. Norma é uma amiga historiadora e musicóloca. Já expedimos convite , como colaboradora do cariricaturas. Abraços, Norma !

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