CHICO PAES - A harmônica de oito baixos de Chico Paes, o pé de bode, como é chamado nas festas do sertão tem a beleza de uma caixinha de música. Quando ele toca, evoca um imaginário sertanejo e somos capazes de nos transportar para um mundo onírico de xaxados, valentias, amores de cordel, e noites de luar.
O começo foi difícil. O pai, agricultor, tinha uma sanfoninha (o avô também era violeiro e rabequista). O menino era proibido de tocar. Um dia o pai quando voltou do campo encontrou o pequeno Chico fazendo a festa.
A partir daí não deu mais para segurar. O menino acompanhava o pai e dormia enquanto o velho tocava. Voltavam para casa de manhã depois de darem munição para muitas umbigadas, poeira no chão e aquele forró que os nostálgicos hoje chamam de pé de serra.
Chico nasceu no sítio Felipe, Assaré, em 1925. E se notabilizou tocando nas festas de casamento, batizado, São João. Algumas vezes acompanhava Patativa, fazendo, como se diz contemporaneamente, o aquecimento para o mestre violeiro e recitador.
Outras vezes ia só. A sanfona do pai está com um irmão, também tocador. Ele comprou a dele, em Juazeiro do Norte, e quando começa a tocar é inevitável que se pense em Januário, o lendário pai do Gonzagão, também com sua concertina de oito baixos.
Chico Paes começou a tocar, depois passou a compor e é inédito em disco. Gravá-lo seria uma atitude oportuna. Com muita garra para tocar e animar uma noite inteira seria ótimo se as tecnologias de ponta se prestassem para fixar seu toque ancestral.
Ele não canta, tece um universo de sons e, acompanhado por um pandeiro, faz as vezes de uma orquestra. Suas composições vão da marcha à valsa e têm aquele toque de retreta, uma delas foi composta quando partia da capital e se chama ‘‘De Fortaleza a Messejana’’. Outras têm nome de mulher (‘‘Selma’’). Mas a que mais gosta é a que exalta sua performance: a dança dos dedos no teclado (‘‘Dedo Amarrado’’), o fole que se entreabre e a platéia magnetizada e o terreiro ou o chão da sala de reboco vibram com as firulas deste mestre autodidata, que embala dioniso no sertão, festas regadas a cachaça da boa, mulheres sonsas e homens valentes. Até que raia a barra do dia e Chico Paes fecha sua sanfoninha, guarda-a na caixinha e tem a certeza de que fez o mundo mais alegre com seu toque acelerado ou com a valsinha plangente.
Todo um mundo musical que dilui influências várias e que ecoa sertão adentro reforçando a fama de Chico Paes de Assaré, um mestre incomparável em sua grande arte.
O começo foi difícil. O pai, agricultor, tinha uma sanfoninha (o avô também era violeiro e rabequista). O menino era proibido de tocar. Um dia o pai quando voltou do campo encontrou o pequeno Chico fazendo a festa.
A partir daí não deu mais para segurar. O menino acompanhava o pai e dormia enquanto o velho tocava. Voltavam para casa de manhã depois de darem munição para muitas umbigadas, poeira no chão e aquele forró que os nostálgicos hoje chamam de pé de serra.
Chico nasceu no sítio Felipe, Assaré, em 1925. E se notabilizou tocando nas festas de casamento, batizado, São João. Algumas vezes acompanhava Patativa, fazendo, como se diz contemporaneamente, o aquecimento para o mestre violeiro e recitador.
Outras vezes ia só. A sanfona do pai está com um irmão, também tocador. Ele comprou a dele, em Juazeiro do Norte, e quando começa a tocar é inevitável que se pense em Januário, o lendário pai do Gonzagão, também com sua concertina de oito baixos.
Chico Paes começou a tocar, depois passou a compor e é inédito em disco. Gravá-lo seria uma atitude oportuna. Com muita garra para tocar e animar uma noite inteira seria ótimo se as tecnologias de ponta se prestassem para fixar seu toque ancestral.
Ele não canta, tece um universo de sons e, acompanhado por um pandeiro, faz as vezes de uma orquestra. Suas composições vão da marcha à valsa e têm aquele toque de retreta, uma delas foi composta quando partia da capital e se chama ‘‘De Fortaleza a Messejana’’. Outras têm nome de mulher (‘‘Selma’’). Mas a que mais gosta é a que exalta sua performance: a dança dos dedos no teclado (‘‘Dedo Amarrado’’), o fole que se entreabre e a platéia magnetizada e o terreiro ou o chão da sala de reboco vibram com as firulas deste mestre autodidata, que embala dioniso no sertão, festas regadas a cachaça da boa, mulheres sonsas e homens valentes. Até que raia a barra do dia e Chico Paes fecha sua sanfoninha, guarda-a na caixinha e tem a certeza de que fez o mundo mais alegre com seu toque acelerado ou com a valsinha plangente.
Todo um mundo musical que dilui influências várias e que ecoa sertão adentro reforçando a fama de Chico Paes de Assaré, um mestre incomparável em sua grande arte.
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2 comentários:
Eu gosto do jazz de todo canto. Se for Jazz nordestino , o jazz me orgulha mais ainda. E sendo do Ceará , nem preciso te contar; Mas Chico Paes é do Assaré ...Então , a história não muda de figura...Se configura !
Jayro , e eu que nem sabia que vc fazia tanta falta , no cariricaturas , fico toda contente com esse achado, que nem perdido estava.
Abraços, e obrigada pelo presente.
Valeu, Jai(y)ro,
Tem muita coisa boa no nosso torrão!
Abraço,
Claude
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