Muitos desconhecem o traçado original da implantação do transporte ferroviário em nosso Ceará chegando até a cidade do Crato. Para montar e operar as máquinas Runster Company Leeds, foi requisitado pelo imperador Dom Pedro II um profissional do Rio de Janeiro formado em engenharia pelo arsenal da corte, chamado José da Rocha e Silva. Transferiu-se até Fortaleza e começou os trabalhos de montagem enquanto a linha férrea era construída pelos flagelados vindos do interior por ocasião das secas do sertão, uma maneira de abrir frente de serviço mantendo trabalho assegurado.
A Câmara Municipal de Fortaleza autorizou o alargamento de 40 palmos para o lado poente dando início os serviços de passagem da via férrea Fortaleza Baturité. Os trabalhos foram aprovados pelo presidente da Província de Fortaleza, José Antonio Calazanhas Rodrigues, Barão de Taquery. Este trecho começou em 18 de outubro do ano de 1871 e com a abertura da rua foram surgindo casebres ao seu longo e passou a chamar-se, rua do trilho. O assentamento dos primeiros trilhos datam de 1 de julho de 1873. O primeiro trem passou a trafegar oficialmente no Ceará pelas mãos de Mestre Rocha, assim chamado pelos cearenses, no dia 29 de novembro de 1873. Esta foi a equipe de profissionais que registrou a história dos pioneiros da estrada de ferro:
Nome da máquina - Marilia
Inspetor de tráfego - John Foster
Engenheiro maquinista - José da Rocha e Silva
Agente da estação central - Francisco Cândido Lins
Agente da estação Arronhes - Antonio Felício Vasconcelos
Foguista - Henrique Pedro da Silva
Chefe do trem - Eloy Alves Ribeiro
Guarda freios - Marcelino Leite
Foi concluído um trecho de 9,1 km com as seguintes paradas : Chico Manoel, Capela São Benedito, Damas, Asilo de Alienados e Arronches. Inaugurada a belíssima estação de Central Fortaleza.
Era o tem que começava a soltar fumaça nos céus do Ceará como ponto de partida para seguir adiante levando o progresso pelo interior, caminho a modernidade. Passados os três primeiros anos, o Mestre Rocha firmou residência em Baturité casando-se com Lídia Cordeiro por ocasião da estação da cidade. Retornando a Fortaleza como então funcionário da Estrada de Ferro, passou a trabalhar na oficina Urubu montando as máquinas. Dois dos seus filhos seguiram a profissão do pai, Ernesto e Moacir.
Finalmente o trem chegou ao Crato pelas mãos do Maquinista Ernesto Cordeiro da Rocha no ano de 1927, inaugurando o nosso mais belo prédio, hoje Centro Cultural Araripe. As viagens à capital do Estado e ao interior eram constantes. Lindas damas com malas enormes aguardavam o transporte da moda acompanhando os senhores que faziam o comércio entre o interior e a capital. Famílias inteiras frequentavam o prédio da estação, era um momento social.
Sinto-me orgulhosa pelo caminhar da minha família nesta história, pois José da Rocha e Silva é meu bisavô e Ernesto Cordeiro da Rocha, meu avô
Sinto-me orgulhosa pelo caminhar da minha família nesta história, pois José da Rocha e Silva é meu bisavô e Ernesto Cordeiro da Rocha, meu avô
3 comentários:
Edilma , quando se trata das memórias do Crato , enxergo sua alma de artista.
Texto muito bem contado , ilustrado e fundamentalizado na história.
Abraços, querida !
Querida amiga,
Sinto-me peça importante quando mergulho na memoria da familia do meu pai descendente de portugueses no Brasil.
Obrigada pelos elogios !
Beijos !
Edilma
Eu sei o quanto é importante pra gente esse resgate da história, da nossa história pessoal sobretudo.
Ficou muito bom o texto e sei da sua alegria em expô-lo para nós.
Estou feliz por você.
Aqui não teço elogios, mas me solidarizo com você neste momento.
Abraço saudoso
Claude
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