Cansado. Vinte e poucos anos e cansadoDe duas guerras que não viví, mas que tenho os membros alheios mutilados em minhas refeições...
Cansado dos anos de câncer que sobrevivi bravamente chorando a dor alheia
Cansado da luz de mercúrio sangrando pelos postes do subúrbio
Vidrado do salto do super-herói na TV, do suicida tentando salvar-se, do homem no prédio em chamas...
Vidrado na beleza asnática e vulgar da menina branca que passa
Cansado daquele olhar que me tortura e me devassa
Cansado das navalhas nas carnes, pulsos desistentes...
Cansado dos vultos de esperança que latejam em minha mente.
Cansado dos meus séculos perdidos no Egito,
E por meu grito não ser ouvido nunca mais.
Cansado das torturas nas almas dos aflitos
E eu aflito, indiferente, são e doente...tanto faz.
Foto: Pedro Moreira
Fonte: http://br.olhares.com/jovem_e_triste_bogart_foto1348462.html
5 comentários:
Uso tanto essa palavra : cansaço.
Consequência do viver e sentir intensamente.
Meu poetinha ,
Saudades !
Beleza, Sávio. Parece que o clima teresinense lhe tem esquentado mente e coração, pulsos e mãos.
É verdade Carlos. Saudades do Crato apesar de estar tão próximo. Uma vez distante, aqui e nos diversos blogs de vocês, pessoas e artistas que admiro é que venho diariamente buscar o ar acolhedor que desde a minha primeira postagem no cariricult, desconhecido de todos, pude getilmente receber.
Obrigado pelo carinho de Socorro. Eternamente grato por tuas palavras que sempre tem esse gosto positivo.
Belo poema, Sávio! Gostei de ler seus textos aqui.
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