Ó Allah!
Semeaste de armadilhas
Semeaste de armadilhas
e eriçaste de pecados
as curvas do meu caminho.
E depois advertiste:
– Ai de ti se caíres!
Sabemos
que nem um só átomo se esconde
à Tua visão em todo o Universo:
ora, se determinaste
que assim se me desdobrasse
o percurso da existência,
e se tão meticulosamente
preparaste a minha queda,
Allah!
Por que me chamas
"pecador" ?
Omar Khayyam, ( Omar Iben Ibrahim el-Khaiami – Nishapur : 1040-84 ?-1123), filho de um fabricante de tendas, matemático, geômetra, astrólogo, exemplo ímpar da cultura grega na Pérsia muçulmana, filósofo, discípulo de Avicena (980-1037).
Criador das lendárias Rubaiatas (plural de “rubaía”, que quer dizer “quadra”, “estrofe de quatro versos”), dadas a conhecer, na literatura de língua portuguesa, pelas traduções de Manuel Bandeira (1886-1968) e de Octávio Tarquínio de Sousa, essa criação poética oriental, revolucionária quanto às formas tradicionais dos longos poemas descritivos e panegíricos, prima pela síntese, por uma condensação da linguagem, por seu caráter altamente sugestivo, por uma imprevisível incisão, agudeza de observação, surpresa fonético-semântica (virtudes que lembram os haicais japoneses), apresentando uma visão de mundo, marcada pelo pensamento de Avicena, e que busca, com um olhar distante e crítico, pousado sobre a realidade presente, um remédio para a injustiça e hipocrisia sociais: prazeres fugazes e paixão científica mascaram a desesperança de um poeta, que se sabe votado à morte e à perseguição de uma verdade inacessível.
Hedonistas, céticas, realistas e contemplativas, traços talvez paradoxais, as Rubaiatas de Khayyam, coleções originais ou apócrifas, estruturam uma poética definitivamente sedutora. À guisa de paradigma “absolutamente ao acaso”,um sintagma de Poemas, dessa poesia persa, leia-se esta rubai:
Criador das lendárias Rubaiatas (plural de “rubaía”, que quer dizer “quadra”, “estrofe de quatro versos”), dadas a conhecer, na literatura de língua portuguesa, pelas traduções de Manuel Bandeira (1886-1968) e de Octávio Tarquínio de Sousa, essa criação poética oriental, revolucionária quanto às formas tradicionais dos longos poemas descritivos e panegíricos, prima pela síntese, por uma condensação da linguagem, por seu caráter altamente sugestivo, por uma imprevisível incisão, agudeza de observação, surpresa fonético-semântica (virtudes que lembram os haicais japoneses), apresentando uma visão de mundo, marcada pelo pensamento de Avicena, e que busca, com um olhar distante e crítico, pousado sobre a realidade presente, um remédio para a injustiça e hipocrisia sociais: prazeres fugazes e paixão científica mascaram a desesperança de um poeta, que se sabe votado à morte e à perseguição de uma verdade inacessível.
Hedonistas, céticas, realistas e contemplativas, traços talvez paradoxais, as Rubaiatas de Khayyam, coleções originais ou apócrifas, estruturam uma poética definitivamente sedutora. À guisa de paradigma “absolutamente ao acaso”,um sintagma de Poemas, dessa poesia persa, leia-se esta rubai:
“Os nossos dias fogem tão rápidos como água do rio ou vento do deserto. Entretanto, dois dias me deixam indiferente: o que passou ontem e o que virá amanhã”.
( Tapete persa )
Fonte: Khayyám, O. 2005. Rubáiyát. SP, Martin Claret.
2 comentários:
Sentindo o encanto de um conhecimento novo.
Você me acrescnta !
Beijo
Amanhã é dia universal dos direitos humanos. Uma ponte histórica com a Revolução francesa.
è niver de um artista que eu amo de paixão :Dori Caymmi, e da maravilhosa Cláudia Teles. Vamos sortear o ponto ? ( risos)
Agora, mesmo !
Mas se der pra escolher, eu prefiro os " Direitos Humanos ".rsrs
Beijão
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