Há alguns anos ganhei de Luciano Lira de Macêdo (falecido) um livro de Milton Dias - escritor-cronista cearense - no momento em que fazíamos a escolha de textos meus para serem publicados na revista literária da SOBRAMES - (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES). Comecei a paginar o livro "Relembranças" e passei os olhos aos saltos pelo texto RICORDAMI. De imediato fiquei encantada com o lirismo a beleza e a leveza do pensamento do autor.
.
Hoje procurando um aquivo antigo em meus alfarrábios virtuais, me deparei com o tal texto que eu havia digitado na época.
.Partilho com vocês algumas coisas sobre Milton Dias e lhes ofereço o texto para um dia de plena alegria.
Para Milton, a crônica, tinha feição moderna e publicava sua criação em jornais ou revistas, para, depois, ter uma seleção impressa em livro. Concentrava-se num acontecimento diário ( os movimentos da cidade, a paisagem urbana, uma cena lírica, um ser, um objeto, um fenômeno natural etc) em introspecções (o estar-no-mundo, os sentimentos, os sonhos, o país da infância) ou em motivos encomiásticos dentre outras coisas.
.
Sua crônica, portanto, habita entre a poesia e conto: implicando sempre a visão pessoal, subjetiva, ante um fato qualquer do cotidiano, a crônica estimula a veia poética do prosador; ou dá margem a que este revele seus dotes de contador de histórias.
Eis o texto :Ricordami
(Milton Dias)
LEMBRA TE de mim quando ao primeiro. anúncio do dia, na hora silenciosa do alvorecer, as árvores paradas, o céu sem nuvem, o tempo, sem cor, uma ave solitária, voltando da noite, cortar o teu caminho
Lembra te de mim quando, em meio aos teus fazeres, uma palavra te ressuscitar minha presença antiga e te disser que a distância, o espaço e o tempo são bem fracas, abstratas convenções para os que se amam.
Lembra te de mim quando, à luz do longo crepúsculo da tua terra, um sino te chamar para a prece: cochicharás aos ouvidos de Deus a oração inédita, exclusiva e poderosa pelos que se encontraram e se perderam. Então pedirás por nós.
Lembra te de mim, uma hora antes da boca da noite, quando te devolveres ao balcão da janela que outrora nos acolhia e testemunhava palavras simples de ternura, que tomavam, nas nossas bocas, a força das verdades eternas.
Lembra te de mim, quando a madrugada de repente te acordar estremunhada e te roubar o sonho da presença e te trouxer o pesadelo do que é.
Lembra te de mim defronte ao mar. E lhe ouvirás o mesmo acalanto que nos embalou ao sol da minha terra e escutarás os mesmos cantos de esperança que se afogaram e viraram gemidos e o fizeram mais verde e mais profundo.
Lembra te de mim à subida da montanha, quando as plantas mais tenras se curvarem à tua passagem e as rosas te saudarem com o mesmo gesto de antiga cortesia.
Lembra te de mim quando a lua, professora de solidão, te ensinar, o poeta que se fez intérprete da realidade irrecorrível: "uma só pessoa nos falta, o mundo todo está despovoado."
Lembra te de mim quando a nossa grata canção voltar ao teu pensamento, repetindo palavras banais que contavam uma ingênua estória de amor.
Ó lembra te de mim, Amada, quando eu me for definitivamente. E à hora do sol pôr canta por mim, por ti, por nós, a balada derradeira do desencontro.
(Milton Dias)
LEMBRA TE de mim quando ao primeiro. anúncio do dia, na hora silenciosa do alvorecer, as árvores paradas, o céu sem nuvem, o tempo, sem cor, uma ave solitária, voltando da noite, cortar o teu caminho
Lembra te de mim quando, em meio aos teus fazeres, uma palavra te ressuscitar minha presença antiga e te disser que a distância, o espaço e o tempo são bem fracas, abstratas convenções para os que se amam.
Lembra te de mim quando, à luz do longo crepúsculo da tua terra, um sino te chamar para a prece: cochicharás aos ouvidos de Deus a oração inédita, exclusiva e poderosa pelos que se encontraram e se perderam. Então pedirás por nós.
Lembra te de mim, uma hora antes da boca da noite, quando te devolveres ao balcão da janela que outrora nos acolhia e testemunhava palavras simples de ternura, que tomavam, nas nossas bocas, a força das verdades eternas.
Lembra te de mim, quando a madrugada de repente te acordar estremunhada e te roubar o sonho da presença e te trouxer o pesadelo do que é.
Lembra te de mim defronte ao mar. E lhe ouvirás o mesmo acalanto que nos embalou ao sol da minha terra e escutarás os mesmos cantos de esperança que se afogaram e viraram gemidos e o fizeram mais verde e mais profundo.
Lembra te de mim à subida da montanha, quando as plantas mais tenras se curvarem à tua passagem e as rosas te saudarem com o mesmo gesto de antiga cortesia.
Lembra te de mim quando a lua, professora de solidão, te ensinar, o poeta que se fez intérprete da realidade irrecorrível: "uma só pessoa nos falta, o mundo todo está despovoado."
Lembra te de mim quando a nossa grata canção voltar ao teu pensamento, repetindo palavras banais que contavam uma ingênua estória de amor.
Ó lembra te de mim, Amada, quando eu me for definitivamente. E à hora do sol pôr canta por mim, por ti, por nós, a balada derradeira do desencontro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário