Na Idade Média, as mulheres que conseguiram o poder, passavam gradativamente a ser consideradas bruxas. A palavra inglesa witch (bruxa, feiticeira) é derivada da palavra anglo-saxônica wicce e da alemã wissen (saber, conhecer) e wikken (adivinhar). Antigamente as bruxas eram chamadas de sábias, até a Igreja atribuir-lhes uma conotação de degradação, de mulheres dominadas pelos instintos inferiores.
As bruxas nada mais eram do que mulheres que conheciam e entendiam do emprego das ervas medicinais para a cura das enfermidades nos vilarejos onde viviam. Também estavam aptas a realizar partos e a preparar ungüentos medicinais. Com o advento do Cristianismo, a era patriarcal acabou por imperar, até porque o Salvador era um homem. As mulheres foram colocadas em segundo plano e identificadas como objetos de pecado utilizados pelo diabo.
É claro que algumas mulheres rebelaram-se. Estas mulheres, dotadas de um poder espiritual - inclusive passado de mãe para filha -, começaram a angariar de novo o prestígio de outros tempos, e isto passou a incomodar o poder religioso. Como admitir que algumas mulheres podiam ser livres e que algumas pessoas respeitavam o que elas ensinavam? Para acusar uma mulher de bruxaria era muito fácil: bastava uma mulher casada perder a hora de despertar, que o marido a acusava de estar sonhando com o demônio.
Para as bruxas do mundo inteiro, o dia 31 de outubro tem um significado muito especial: o deus que representava a natureza (e que possuía chifres, em sinal de poder) saía da infância para ingressar na adolescência, tornando-se jovem e aventureiro (símbolo do alce nas pinturas alquimistas).
Neste dia, essas mulheres homenageavam a deusa Gaia (terra) em sintonia com esse deus (fecundo) para obter cada vez mais conhecimento, gerar filhos saudáveis e criar entendimento entre os familiares. É claro que algumas mulheres em tempos remotos aproveitavam-se desse poder para seus próprios interesses - como aquisição de bens -, praticando a magia negra. Como o próprio nome diz, a feiticeira tinha o poder de enfeitiçar as pessoas, atraindo pensamentos negativos em suas associações a seres infernais, em oposição ao amor de Deus. Essas bruxas, através de pactos com o diabo, também obtinham vinganças sociais.
Infelizmente, as bruxas e as sacerdotisas nórdicas foram quase que completamente esquecidas, sendo associadas ao seu aspecto negativo. Presume-se que a caça às bruxas do passado tenha ocorrido a partir de tensões sociais profundas, e esperamos que as torturas do passado, não voltem a ocorrer em tempos futuros.
Monica Buonfiglio
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