Sou de um tempo em que a gente tinha tempo para tudo . Tinha tempo para passear sem temer dar de caras com um “trombadinha”, de ir a praia sem pensar que poderia acontecer um “arrastão”, de curtir sozinha um bom filme , sem ficar em alerta observando se ao nosso lado não se sentava um maníaco sexual, de namorar no portão sem se preocupar em sofrer um assalto , de curtir um barzinho na orla marítima sem ter a necessidade de ficar tocaiando se alguém não nos leva o carro ,de sair a noite para olhar as vitrines decoradas sem esbarrar com um assaltante , de absorver uma seresta até alta madrugada ...enfim : existiu realmente um tempo em que nem a palavra estresse era nossa conhecida . Hoje a gente já se levanta pensando que tem que caminhar a parada do ônibus e a qualquer momento , um embriagado num volante pode nos atropelar , ou ainda acontecer um desses assaltos violentos dentro do próprio transporte coletivo... Mulher elegante praticamente hoje não vemos nas nossas ruas, porque até a maneira de carregar uma bolsa mudou .Hoje a mulher carrega a bolsa debaixo do braço como fosse um pacote de pão, e o relógio no pulso foi comprado num camelô ( é descartável) , custou apenas 12 reais .Afinal se outro “dono aparecer” o prejuízo é pequeno. Eitha saudades daquele tempinho bom ! Até os namoros traziam na sua pureza toda a poesia da espera do primeiro beijo. Dificilmente se lia uma manchete de um crime hediondo num jornal. Os mais velhos eram respeitados e serviam de exemplos para a então juventude . Hoje os coitados são ridicularizados e chamados de museus ambulantes. E as músicas ? Poxa ... as músicas soavam divinas em frases românticas aos nossos ouvidos , enquanto hoje são as responsáveis pelas labirintites e pelos problemas de audição da nova geração. Também pudera ! O barulho é tão ensurdecedor que numa festinha qualquer , quem tenta manter um dialogo , no dia seguinte está sofrendo de uma estúpida faringite ou laringite .Isso sem falar nas letras das músicas que hoje prestam homenagens as ‘ eguinhas pocotós , as cachaças muié e gaia”. Que nome poderíamos hoje dar a esse tempo que não nos permite mais ter tempo para sonhar , fazer um poema a lua ,voar nas asas do romantismo,escorregar num arco íris, sentir um arrepio na pele com aquele beijo longo e molhado....?
Sinceramente , não sei ! Sei apenas que não posso fugir as inovações da própria vida nem diminuir os meus passos rumo ao futuro , mas de cátedra posso afirmar : “Eu tive o privilégio de conhecer um tempo , onde realmente a gente tinha tempo de sobra para amar e viver muito ... muito mais” !
Sinceramente , não sei ! Sei apenas que não posso fugir as inovações da própria vida nem diminuir os meus passos rumo ao futuro , mas de cátedra posso afirmar : “Eu tive o privilégio de conhecer um tempo , onde realmente a gente tinha tempo de sobra para amar e viver muito ... muito mais” !
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por rosa guerrera
por rosa guerrera
Um comentário:
Não dá pra viver sem correr riscos.
O amor, ato de entrega ,é o maior de todos os riscos.
Naqueles tempos , os riscos eram altos. O povo não contava o tamanho da dor ; era feio se expor.Quem mora no Crato, mesmo sofrendo bala perdida ( como eu sofri, há 2 anos atrás) é possível andar de bicicletas , basta saber pedalar;è possível comprar açúcar fiado, na bodega da esquina; é possível só ouvir aquilo que nos agrada.
Venha morar , no Crato, criatura !
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