De: Stela
Para: Amig@s
Assunto: TUDO QUANTO EU QUERO DE VEZ EM QUANDO
Um email com cara de carta. É tudo quanto eu quero de vez em quando.
Pois é, mandar cartas virou coisa do passado. Hoje um telefonema resolve saudades e negócios, um email lembra que a outra pessoa tá conectada com tudo e com todos ; tem ainda os torpedos, os recados e as fotos no orkut, os comentários no blog..., tem twitter, facebook, myspace e sei lá o que mais de moderno que existe que eu não dou conta, ainda.
É difícil ficar à margem de tanta tecnologia, porque é tudo muito tentador, muito prático, muito imediato. Não estou querendo especular as vantagens e desvantagens do mundo virtual, o que quero mesmo é dizer que de vez em quando tenho saudade de uma conversa de comadres, daquelas bem demoradas, bem humoradas, cheias de novidades, alfinetadas, choros, risadas, ironias, surpresas, “amostração”... É, tem comadre, ou compadre, que conta uma vantagem que “Vixe”, sai de perto. Mas, até isso também é bom, é divertido.
No entanto, em se tratando de emails, devo dizer que, na maioria das vezes, eles me deixam frustrada. Mensagens belíssimas, com fotos deslumbrantes, música e coisa e tal. Só falta uma coisinha: um toque pessoal de quem remete, que poderia ser uma frase, uma palavra, um oi tudo bem, como estás, tô com saudade, mando um beijão, e aí como vai a vida, veja este poema, o filme tal, o livro tal. Essas coisas, essas palavras e outras mais que um leve esforço de pensar vai sugerir e revelar que temos coisas, sim, a dizer e que temos, também, tempo para fazê-lo. Acho que, na maioria das vezes, temos preguiça de escrever, e não é só questão de facilidade ou dificuldade, é preguiça mesmo. Sugiro que leiamos um pouco mais, porque a leitura estimula a escrita. E falar em leitura e escrita, hoje é o Dia Nacional da Leitura, vamos ler mais querid@s amig@s.
E para encerrar esse email panfletário, um poema de Adélia Prado, que entende muito bem de conversa de comadres. Beijos pra todos vocês. Stela
Clareira
Seria tão bom, como já foi,
as comadres se visitarem nos domingos.
Os compadres fiquem na sala, cordiosos,
pitando e rapando a goela. Os meninos,
farejando e mijando com os cachorros.
Houve esta vida ou inventei?
Eu gosto de metafísica, só pra depois
pegar meu bastidor e bordar ponto de cruz,
falar as falas certas: a de Lurdes casou,
a das Dores se forma, a vaca fez, aconteceu,
as santas missões vêm aí, vigiai e orai
que a vida é breve.
Agora que o destino do mundo pende do meu palpite,
quero um casal de compadres, molécula de sanidade,
pra eu sobreviver.
.
Stela
* Esse email tá bonito demais para não ser compartilhado !
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