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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Perfume - Maria Amélia Pinheiro de Castro

Aproveitando o texto do Prof. Carlos Pinheiro, lanço um desafio para os amigos do blog.Quem se lembra dos perfumes do tempo das tertúlias, da Siqueira Campos, dos baile do Crato Tenis Clube.Vamos colocar nossos olfatos para trabalhar.Lancaster, Paris e assim vai.


O PERFUME


Desde os primórdios da humanidade que a procura de aromas diferentes e agradáveis, e a conseqüente utilização de essências de plantas, faz parte da história da civilização.

Pensa-se que a arte da perfumaria se terá iniciado ainda na Pré-História, quando o homem primitivo aprendeu a fazer o fogo e descobriu que certas plantas libertavam fragrâncias agradáveis quando queimadas. Os primeiros perfumes terão pois surgido sob a forma de fumo, o que é aliás confirmado pelo próprio étimo "Perfume", que deriva do latim "Per fumum" ou "pro fumum", significando "através do fumo".

A queima de plantas raras e resinas aromáticas estava em geral associada a cerimônias religiosas, sobretudo aos sacrifícios rituais de animais, em que serviria para disfarçar os odores incomodativos do animal morto. Com este objetivo eram utilizados o sândalo, a casca de canela, as raízes de cálamo, bem como substâncias resinosas como mirra, incenso, benjoim e cedro do Líbano.

Na civilização mesopotâmica, o ato de perfumar era tido como um ritual de purificação. Por esse motivo, os homens tinham a obrigação de oferecer perfumes às mulheres durante toda a vida.

Os Hebreus também utilizavam o perfume na vida quotidiana e no culto. Uma das suas fórmulas está registrada na Bíblia, no livro do Êxodo, capítulo 30. A composição utilizava quatro ingredientes naturais, muito empregados nos dias de hoje, mas de forma mais refinada: mirra, cinamomo, junco odorífero, cássia e óleo de cálamo aromático.

Requintes

Os Egípcios foram o primeiro povo a fazer uma utilização sistemática do perfume. O seu fabrico era considerado uma graça de Deus, sendo por isso confiado aos sacerdotes, que utilizavam os perfumes diariamente no culto ao deus-sol.
Mas começa também a generalizar-se a utilização pessoal do perfume, tendo para isso os Egípcios criado um original sistema, pequenas caixas que se usavam atadas na cabeça e que continham uma fragrância que se dissolvia lentamente perfumando o rosto. Tinha também a função de afastar os insetos.
A rainha Cleópatra, ela própria autora de um tratado de cosmética infelizmente perdido, untava as suas mãos com óleo de rosas, açafrão e violetas - o kiafi - e perfumava os pés com uma loção feita à base de extratos de amêndoa, mel, canela, flor de laranjeira e alfena.
Até os mortos, durante o processo de embalsamamento, eram ungidos com essas misturas. Quando o túmulo do rei Tutankámon foi aberto, encontraram-se no seu interior maravilhosos vasos de alabastro que conservavam ainda a essência perfumada que havia sido colocada neles há cerca de 5 mil anos.

A refinada civilização grega importava perfumes de diferentes partes do mundo, sendo os mais apreciados e caros os oriundos do Egito. Mas também criaram uma técnica própria de perfumaria, chamada maceração, em que o óleo vegetal ou a gordura animal eram deixados durante algumas semanas em repouso juntamente com flores, para lhe absorver os óleos essenciais.
Há 2400 anos, certos escritos gregos recomendavam hortelã-pimenta para perfumar braços e axilas, canela para o peito, óleo de amêndoa para mãos e pés, e extrato de manjerona para o cabelo e as sobrancelhas.
O uso do perfume foi levado a um tal extremo pelos jovens que o legislador Sólon chegou a proibir a venda de óleos fragrantes.
Tal como os gregos, os Romanos eram grandes apreciadores de perfume, usando-o nas mais diversas situações. Como resultado das suas conquistas militares, os Romanos foram assimilando não só novos territórios, mas também novas fragrâncias, procedentes das suas campanhas em terras distantes e exóticas, aromas desconhecidos até então, como a glicínia, a baunilha, o lilás ou o cravo. Também adotaram o costume grego de preparar óleos perfumados à base de limão, tangerinas e laranjas.
Esta paixão pelo perfume esteve na origem do aparecimento do poderoso grêmio dos perfumistas, os famosos e influentes ungüentarii, que fabricavam três tipos de ungüentos: sólidos, cujo aroma contava com um único ingrediente de cada vez, como a amêndoa ou o marmelo; os líquidos, elaborados com flores, especiarias e resinas trituradas, num suporte oleoso; e perfumes em pó, feitos com pétalas de flores que depois se pulverizava e aos quais se juntavam certas especiarias.
Os nobres romanos possuíam inclusivamente escravos para os massagearem e untarem com essências perfumadas e era costume os soldados perfumarem-se antes de entrar em combate.
Conta-se que Nero, no século I d. C., na organização de uma festa, gastou mais de 150 mil euros, em valores atuais, em essências para si mesmo e para os convidados. E, no enterro de sua mulher Pompéia, gastou o perfume que os perfumistas árabes eram capazes de produzir num ano. Chegou ao extremo de perfumar até as suas mulas.

Também a tradição cristã está na sua origem associada ao perfume. Lembremos que uma das oferendas que os reis magos trouxeram ao menino Jesus foi o incenso.

Prof. Carlos Pinheiro

7 comentários:

socorro moreira disse...

Dos meus 5 sentidos o olfato é o mais sensível. Adoro perfumes , mas quase não os suporto. Vivo experimentando na pele aquele que tem a ver comigo...
Nos anos 60 usávamos :
Flor de maça e W. magnólia da H.Rubinstein; os perfumes da Coty, da Mirurgia, e da Avon : toque de amor, noite de estrelas, charisma, topaze..
Tinha uma colônia que a gente comprava na Pasteur : Parisiana( abusei!). Dança do fogo era ótimo !
Minha mãe ganhava do meu pai : Hora íntima e Magriffe. Nos anos 70 usei uns outros:Calandre, Cialanga, Bond Street, fleur de Rocaille, Ramage, Avant la tête...
Joia, Chamade,River de Gouche, Callége, Pinho Silvestre,Chanel nr. 5, Capim Cheiroso ,Mens Club ( masculino) e Lavanda Antinkson, etc,etc.isso sem contar o cheiro dos sabonetes( sabão da costa, alma de flores, Febbo...) e talcos.

Se eu pudesse escolher , agorinha mesmo, um frasquinho de um cheiro antigo , eu queria White Magnólia da Helena( inesquecível!).
Tem cheiro das festas e matinais, da praça Siqueira Campos, dos cinemas no Moderno... Tem cheiro que deixei ficar , nas mãos do meu namoradinho de adolescência e de um moço com quem dançava em V.Alegre.
Nos namoros por correspondência , perfumávamos as cartas. Às vezes elas eram enviadas com manchas de perfume, lágrimas e batom...!

Claude Bloc disse...

Socorro de uma só cajadada deu conta de todos os perfumes que eu me lembro. Faltou um que minha mãe usava, mas que não era tão popular: Muguet du Bonheur.
Há essencias menos nobres que não podem ser esquecidas. Aquelas que eram usadas pela criançada após o banho, quando iam brincar pelas calçadas como por exemplo: Seiva de Alfazema.

E os sabonetes, hem? Vamos de "Vale quanto pesa"?

Abraço,

Claude

Glória Pinheiro disse...

Socorro conhece tudo! Lembrava do perfume Topázio da Avon. Tinha essência francesa e era o preferido de minha mãe. Este Parisiana ou Parisiense? Você sabia que o fabricante era um carioca casado com uma cratense? O pai daquele garoto terrível que apareceu pelo Crato e apelidaram de "pecado mortal"?
Claude: Em 1965, de férias no Recife o calor era imenso, minhas primas e eu naquele bom balanço de rede para aliviar o calor, de vez em quando ainda tínhamos que nos refrescar com um banho da lavanda alfazema. E haja calor e haja lavanda!
Maria Amélia, não esqueci da fotografia. Qualquer hora passo por aí.
Abraço às três.

Domingos Barroso disse...

E Patchouli?
Usaram não?

Carinhosos abraços.

Stela disse...

Em Olinda, nos anos 70 e 80, a onda era usar Patcouly. Usei e amei. É o perfume que marcou bem uma época e um monte figuras. Uau...

Stela disse...

O poeta Domingos Barroso fez boa boa pergunta, parece que ele aportou, também, aqui por Olinda, com o Patchouli.

Corujinha Baiana disse...

Maria Amélia,
desculpe a intromissão ...mas, embora eu não tenha vivido no Crato,essa postagem me trouxe algumas recordações.

Dos perfumes que foram citados aqui, eu usei "Fleur de Rocaille" ( chorei quando uma empregada ,lá de casa, o roubou)...usei também a "Lavanda Atkinson".

Nunca usei vários perfumes numa mesma época.Eu tinha fases.

Tive a fase do "Promesa" da Myrurgia ( um dos meus preferidos ) tive a fase do "Je Reviens" e a fase do "Embrujo de Sevilla". Ah! E,durante cada fase, eu usava tudo da mesma marca: o perfume, pó compacto, sabonete etc .
Nunca usei "Patchouli" nem nada da Coty.Também não gostava dos extratos e sim, as lavandas e águas-de-toilette.
Um abraço
Valeu !!!