Exmo. Sr. Presidente da Mesa
Exmas. Autoridades
Exmas. Famílias
Srs. Professores
Queridos Diretores
Caros Humanistas
Colegas Concludentes
Hoje, com dez anos de funcionamento, dez anos de abnegação e de doação total, entrega o “São João Bosco” à cidade do Crato a sua 1ª turma de professorandas de participam alunas que o viram nascer.
A semente, como vedes, medrou.
As salas de aula e os corredores cresceram conosco. São testemunhas daquilo que ali recebemos – os mais reais e valorosos ensinamentos, estímulos, dedicação e, sobretudo, amor. Sim, educaram-nos num clima em que amor e abnegação se confundem numa mesma síntese. A nós não foram ministrados apenas ensinamentos que nos enriqueceram a inteligência e o espírito; não nos encaminharam apenas nos itinerários das letras, das ciências e das artes; levaram-nos mais além, pois que principalmente com o exemplo, ensinaram-nos a amar.
E que ensinamento mais belo para a nossa época – o Amor!
É sem dúvida esta a mais valiosa lição que recebemos.
No mundo de hoje, em que as máquinas tudo resolvem, em que o progresso avança continuamente, em que os homens correm e passam sempre alheios uns aos outros, é o amor que, unindo-os, poderá salvá-los.
Na Populorium Progressio, clama o Papa Paulo VI por um “desenvolvimento que não se reduza a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer: promover todos os homens e o homem todo”.
Vemos aí a preocupação dos grandes homens em unir os povos, em fazê-los mais humanos, em desenvolvê-los harmoniosamente em igualdade. A cada homem é dado o direito de liberdade, de inteligência; portanto, a cada homem é dado o direito de ser feliz.
E foi com este pensamento que nos educaram no São João Bosco. Uma educação primorosa, unida a um autêntico exemplo de fé vivificante. Aprendemos a amar, a procurar o Belo e buscar a Verdade.
Aqui estamos nós, professorandas!
É uma vitória que alcançamos depois de tantos anos de estudo. Hoje, podemos prosseguir. O nosso campo de ação nos espera e, nele, quantas crianças que nos pedem não só instrução, mas, como o demonstram em seus rostinhos, reclamam, além disso, carinho, dedicação, amizade.
E é aí que se encontra o segredo da educação. Só conseguiremos descobrir a criança, entendê-la, obter e fazer dela o que devemos, se a ela nos doarmos de fato. Para uma educação que abranja totalmente a criança, uma educação verdadeira, precisa o educador reconhecer o aluno como pessoa humana e fazer dele um cidadão que saiba conduzir-se, que seja ele mesmo promotor do seu bem estar material e desenvolvimento pleno.
Novamente cito um trecho da Populorium Progressio em que o Papa Paulo VI se refere ao homem como agente do seu desenvolvimento: “o homem só é verdadeiramente homem na medida em que senhor das suas ações e juiz do valor destas, é autor do seu progresso, em conformidade com a natureza que lhe deu o Criador, cujas possibilidades e exigências ele aceita livremente”.
É necessário, pois, que os educadores façam das crianças verdadeiros homens, que tenham confiança em si e vejam que podem seguir ao lado dos outros. Tudo isso é muito bonito! No entanto, sabemos bem que é sobremodo difícil de realizar.
Mas, as coisas difíceis são sempre as que mais nos empolgam.
E quando sabemos que depois de grandes lutas e sacrifícios conseguiremos a vitória, é doce conhecer o sabor da dificuldade.
É realmente o magistério uma carreira árdua, que exige do educador completo devotamento, porém, é uma carreira belíssima, porque é muito humana.
E todas nós, professorandas, sabemos bem disso.
Os nossos mestres nos foram muito fieis e sinceros.
Por isto é que dizemos: “Mestre, esta nossa vitória é também vossa”!
Se não fossem vossos esforços, vossa dedicação e os valiosos conhecimentos a nós transmitidos, não estaríamos a exultar de alegria, como agora.
Não há palavras nem gestos que digam da nossa gratidão, Mestres. Talvez uma coisa traduza o nosso agradecimento: a realização daquilo que nos ensinastes.
É apenas isto que podemos fazer, e sabemos que com isso vos fazemos o maior e o melhor agradecimento.
Queridos Pais: que vos dizer?
Fostes nossos faróis durante a longa jornada estudantil, estivestes sempre ao nosso lado, encorajando-nos, e, nos momentos difíceis, destes-nos vossa ajuda, e o vosso amor nos estimulou, nos deu coragem de vencer.
Nesta noite de festa e felicidade, vemos lágrimas em vossos olhos. Mas são lágrimas de alegria e justa alegria. As vossas filhas são aquilo que vós fizestes. E nós vos somos eternamente gratas pelo que nos destes e pelo que nos fizestes.
A vós, bondosos Diretores, que nos vistes ainda meninas, que acompanhastes nosso crescimento físico e espiritual, que nos destes tudo e sempre destes o melhor, é pensando nesse exemplo de bondade e amor que, hoje, vos apresentamos nossa gratidão! Fostes nossos segundos Pais. E como o fostes bem! O amor que nos dedicastes fala bem da grandeza de vossas almas. Aprendemos muito no convívio amigo e educativo do Colégio São João Bosco. E a vós tudo isso devemos, porque fostes fieis à vossa missão de educadores. Levaremos em nossas almas as mais belas e ricas lições, aprendidas no vosso exemplo edificante. Recordaremos com saudades os bons tempos em que estudamos sob o tão acolhedor teto do “São João Bosco”. E haverá sempre em nós a doce lembrança daquelas salas de aula, daqueles pátios e corredores que nos viram crescer, que nos viram sempre entre sorrisos e alegrias. Eles conhecem bem a juventude de nossas almas e a alegria dos nossos corações.
Colegas: hoje nos despedimos. Tomaremos os mais diversos rumos, porém haverá sempre algo que nos fará unidas, próximas umas às outras: a lembrança do tempo de estudantes. A grande amizade que nos vinculou até hoje, não dissipará agora; ela continuará firme e nos aglutinará mais ainda, na concretização dos nossos ideais.
Stela Maria Siebra Brito – oradora da Turma de Professorandas do Colégio São João Bosco
Crato, dezembro de 1968
(Cópia do discurso enviado a Rosineide com dedicatória:
Rosineide,
Especialmente para ti essa cópia do meu discurso, aliás, do discurso nosso. Não só eu senti isso e sim todas nós.
Guarda-o, pois tu também és da turma, tu serás sempre nossa.
Meu grande abraço
Stela
17-12-68
* Esse documento foi guardado por Rosineide Esmeraldo por 41 anos. Emocionei-me por demais, quando o encontramos , e fizemos uma segunda leitura . Irretocável ! Stela foi perfeita. Ela é a nossa estrela, e a turma daqueles tempos , amorosa , amiga, inesquecível !
Exmas. Autoridades
Exmas. Famílias
Srs. Professores
Queridos Diretores
Caros Humanistas
Colegas Concludentes
Hoje, com dez anos de funcionamento, dez anos de abnegação e de doação total, entrega o “São João Bosco” à cidade do Crato a sua 1ª turma de professorandas de participam alunas que o viram nascer.
A semente, como vedes, medrou.
As salas de aula e os corredores cresceram conosco. São testemunhas daquilo que ali recebemos – os mais reais e valorosos ensinamentos, estímulos, dedicação e, sobretudo, amor. Sim, educaram-nos num clima em que amor e abnegação se confundem numa mesma síntese. A nós não foram ministrados apenas ensinamentos que nos enriqueceram a inteligência e o espírito; não nos encaminharam apenas nos itinerários das letras, das ciências e das artes; levaram-nos mais além, pois que principalmente com o exemplo, ensinaram-nos a amar.
E que ensinamento mais belo para a nossa época – o Amor!
É sem dúvida esta a mais valiosa lição que recebemos.
No mundo de hoje, em que as máquinas tudo resolvem, em que o progresso avança continuamente, em que os homens correm e passam sempre alheios uns aos outros, é o amor que, unindo-os, poderá salvá-los.
Na Populorium Progressio, clama o Papa Paulo VI por um “desenvolvimento que não se reduza a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer: promover todos os homens e o homem todo”.
Vemos aí a preocupação dos grandes homens em unir os povos, em fazê-los mais humanos, em desenvolvê-los harmoniosamente em igualdade. A cada homem é dado o direito de liberdade, de inteligência; portanto, a cada homem é dado o direito de ser feliz.
E foi com este pensamento que nos educaram no São João Bosco. Uma educação primorosa, unida a um autêntico exemplo de fé vivificante. Aprendemos a amar, a procurar o Belo e buscar a Verdade.
Aqui estamos nós, professorandas!
É uma vitória que alcançamos depois de tantos anos de estudo. Hoje, podemos prosseguir. O nosso campo de ação nos espera e, nele, quantas crianças que nos pedem não só instrução, mas, como o demonstram em seus rostinhos, reclamam, além disso, carinho, dedicação, amizade.
E é aí que se encontra o segredo da educação. Só conseguiremos descobrir a criança, entendê-la, obter e fazer dela o que devemos, se a ela nos doarmos de fato. Para uma educação que abranja totalmente a criança, uma educação verdadeira, precisa o educador reconhecer o aluno como pessoa humana e fazer dele um cidadão que saiba conduzir-se, que seja ele mesmo promotor do seu bem estar material e desenvolvimento pleno.
Novamente cito um trecho da Populorium Progressio em que o Papa Paulo VI se refere ao homem como agente do seu desenvolvimento: “o homem só é verdadeiramente homem na medida em que senhor das suas ações e juiz do valor destas, é autor do seu progresso, em conformidade com a natureza que lhe deu o Criador, cujas possibilidades e exigências ele aceita livremente”.
É necessário, pois, que os educadores façam das crianças verdadeiros homens, que tenham confiança em si e vejam que podem seguir ao lado dos outros. Tudo isso é muito bonito! No entanto, sabemos bem que é sobremodo difícil de realizar.
Mas, as coisas difíceis são sempre as que mais nos empolgam.
E quando sabemos que depois de grandes lutas e sacrifícios conseguiremos a vitória, é doce conhecer o sabor da dificuldade.
É realmente o magistério uma carreira árdua, que exige do educador completo devotamento, porém, é uma carreira belíssima, porque é muito humana.
E todas nós, professorandas, sabemos bem disso.
Os nossos mestres nos foram muito fieis e sinceros.
Por isto é que dizemos: “Mestre, esta nossa vitória é também vossa”!
Se não fossem vossos esforços, vossa dedicação e os valiosos conhecimentos a nós transmitidos, não estaríamos a exultar de alegria, como agora.
Não há palavras nem gestos que digam da nossa gratidão, Mestres. Talvez uma coisa traduza o nosso agradecimento: a realização daquilo que nos ensinastes.
É apenas isto que podemos fazer, e sabemos que com isso vos fazemos o maior e o melhor agradecimento.
Queridos Pais: que vos dizer?
Fostes nossos faróis durante a longa jornada estudantil, estivestes sempre ao nosso lado, encorajando-nos, e, nos momentos difíceis, destes-nos vossa ajuda, e o vosso amor nos estimulou, nos deu coragem de vencer.
Nesta noite de festa e felicidade, vemos lágrimas em vossos olhos. Mas são lágrimas de alegria e justa alegria. As vossas filhas são aquilo que vós fizestes. E nós vos somos eternamente gratas pelo que nos destes e pelo que nos fizestes.
A vós, bondosos Diretores, que nos vistes ainda meninas, que acompanhastes nosso crescimento físico e espiritual, que nos destes tudo e sempre destes o melhor, é pensando nesse exemplo de bondade e amor que, hoje, vos apresentamos nossa gratidão! Fostes nossos segundos Pais. E como o fostes bem! O amor que nos dedicastes fala bem da grandeza de vossas almas. Aprendemos muito no convívio amigo e educativo do Colégio São João Bosco. E a vós tudo isso devemos, porque fostes fieis à vossa missão de educadores. Levaremos em nossas almas as mais belas e ricas lições, aprendidas no vosso exemplo edificante. Recordaremos com saudades os bons tempos em que estudamos sob o tão acolhedor teto do “São João Bosco”. E haverá sempre em nós a doce lembrança daquelas salas de aula, daqueles pátios e corredores que nos viram crescer, que nos viram sempre entre sorrisos e alegrias. Eles conhecem bem a juventude de nossas almas e a alegria dos nossos corações.
Colegas: hoje nos despedimos. Tomaremos os mais diversos rumos, porém haverá sempre algo que nos fará unidas, próximas umas às outras: a lembrança do tempo de estudantes. A grande amizade que nos vinculou até hoje, não dissipará agora; ela continuará firme e nos aglutinará mais ainda, na concretização dos nossos ideais.
Stela Maria Siebra Brito – oradora da Turma de Professorandas do Colégio São João Bosco
Crato, dezembro de 1968
(Cópia do discurso enviado a Rosineide com dedicatória:
Rosineide,
Especialmente para ti essa cópia do meu discurso, aliás, do discurso nosso. Não só eu senti isso e sim todas nós.
Guarda-o, pois tu também és da turma, tu serás sempre nossa.
Meu grande abraço
Stela
17-12-68
* Esse documento foi guardado por Rosineide Esmeraldo por 41 anos. Emocionei-me por demais, quando o encontramos , e fizemos uma segunda leitura . Irretocável ! Stela foi perfeita. Ela é a nossa estrela, e a turma daqueles tempos , amorosa , amiga, inesquecível !
Espero que possa ser lido por : Márcia, Regina, Magali, Edna, Gracinha, Ione, Ismênia, Socorro Matos, Rosineide, Angélica, Vera, Nezinha,Walda, Aldeir, Socorro Machado, Terezinha, Cristina, Iracema, Francíria, Maria Luiza ... Dona Ruth e Dr. José Newton, e demais professores ( Maryane, Cidália, Isa, Ana Cristina, Noélia,Ana Teresa, Ivone, Neide, Divane, Maria do Carmo, Heloísa...)
socorro moreira
*A releitura desse discurso teve para mim um gostinho especial, que foi constatar que, mesmo com 18 anos eu já tinha um pensamento de vanguarda a respeito de educação, e a desejava igual para todos, como um caminho de harmonia em busca do Amor, da Verdade, do Bem. Foi emocionante reler (re-discursar) na companhia de Rosineide e de Socorro. A cada palavra lida me vinha a sensação de como tudo que escrevi ainda está tão vivo dentro de mim, parecia que havia escrito aquilo há poucas semanas. A sinceridade de cada palavra escrita, a emoção de cada sentimento de gratidão aos pais, aos mestres, aos diretores; a alegria de relembrar os rostos das colegas de turma, do idealismo, da confiança no futuro, tudo, tudo foi bom muito reviver. Interessante é que, tanto tempo depois, o tema da educação ainda se permeie das mesmas preocupações, acrescidas de outras mais graves, infelizmente.Não trihei o caminho profissional da educação escolar, mas sempre me senti uma educadora, e o sou, de certo modo.
Stela Siebra
2 comentários:
Socorro e Stela, foi muito emocionante ler esse discurso tão bem feito. Fiquei muito feliz com as recordações, pois foram momentos importantes da nossa vida.
Abraços
Magali
Da nossa turma também eram Walda e Aldey, que certamente lerão o texto.
A releitura desse discurso teve para mim um gostinho especial, que foi constatar que, mesmo com 18 anos eu já tinha um pensamento de vanguarda a respeito de educação, e a desejava igual para todos, como um caminho de harmonia em busca do Amor, da Verdade, do Bem. Foi emocionante reler (re-discursar) na companhia de Rosineide e de Socorro. A cada palavra lida me vinha a sensação de como tudo que escrevi ainda está tão vivo dentro de mim, parecia que havia escrito aquilo há poucas semanas. A sinceridade de cada palavra escrita, a emoção de cada sentimento de gratidão aos pais, aos mestres, aos diretores; a alegria de relembrar os rostos das colegas de turma, do idealismo, da confiança no futuro, tudo, tudo foi bom muito reviver.
Interessante é que, tanto tempo depois, o tema da educação ainda se permeie das mesmas preocupações, acrescidas de outras mais graves, infelizmente.
Não trihei o caminho profissional da educação escolar, mas sempre me senti uma educadora, e o sou, de certo modo.
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