Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 20 de dezembro de 2009

DEDÉ DE ZEBA - O POETA DO CRATO - Por Edilma Rocha - Parte II

CRATO ANTIGO
Saudade da luz escura,
do poste feito de trilho;
da feira da Rapadura,
das velhas vendendo milho.
do papagaio da Raia,
do carro de Pedro Maia,
das moedas de derréis,
dos dramas lá do Cassino,
quando eu era menino,
e xingava Seu Moiséis.

Saudade do futebol,
sem ajuda e bem precário;
do tempo do Penarol,
no Campo do Seminário,
que a gente com jogo e briga,
bola feita de bexiga,
fazia time exelente.
Não tinha juiz nem mestre;
na Vazante dos Silveiras,
fazia o campo da gente.

O brilhar dos pirilampos,
sentindo as noites escuras,
na Praça Siqueira Campos,
faziam luz com ternuras.
Que prazer a gente tinha,
nas voltas lá na pracinha;
todo o passado restauro.
Da mijada escondida,
quando vinha da avenida,
no beco do Padre Lauro !

A festa da Padroeira,
que calor de animação !
O levantar da bandeira,
o concorrido leilão.
Oh! quando sinto saudade,
daquela rivalidade,
no meio das brincadeiras!
Tudo tinha mais valor;
eu até toquei tambor,
no bloco das Enfermeiras.

E meditando hoje fico,
relembrando com emoção,
Bar Central, de Zé Eurico,
ponto de reunião;
café, merenda e bilhar,
onde ficava a esperar,
muita gente como o quê,
para ouvir, num dia tal,
no rádio do Bar Central,
noticias da BBC.

E continuo a lembrar,
as coisas que muito amei:
o velho Grupo Escolar,
onde primeiro estudei,
Dona Aurea, impertinente,
brigava muito com a gente,
apesar de zeladora,
gostava de Dona Cila,
mas temia Dona Lila,
a mais dura diretora.

E tudo vem de mansinho,
para escrever no papel;
sanfoneiro Zé Neguinho,
lá no Café de Izabel.
Mestre Neco Fogueteiro,
no Cariri o primeiro,
no meu tempo de menino.
Como eu achava isso bom!
Tempo em que Cleto Milfont,
discursava no Casino.

Fonte- A Provincia, edições - Jurandir Temóteo

2 comentários:

Claude Bloc disse...

Edilma, gostei demais de ler o que você postou...

Sua escolha de temas é sempre muito seleta e agradável e neste caso sobretudo vemos exaltado nosso Crato querido...

Abraço,

Claude

Edilma disse...

Claude,
Obrigada pelo carinho.
Postarei a parte III do Crato Antigo.
Uma homenagem ao nosso poeta de improviso, Dedé de Zeba.
Beijo !