Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 25 de maio de 2010

Palavra de aposentada - por Socorro Moreira

Penso muito , no daqui pra frente, embora continue vivendo poeticamente o presente : apaixonada pela vida e pelas pessoas !
Quando eu era muito jovem, diziam-me que meu espírito era antigo, e eu sentia-me orgulhosa ! isso significava maturidade, sabedoria.
Alguns me achavam louca , e eu sabia que desse atributo, gozavam as pessoas felizes !
Agora não quero que me digam que o meu espírito é jovem ...Não gosto que me digam, que estou no formol... Isso não é verdade !
Preocupam-me as aposentadorias miseráveis ,injustas, sistema de saúde público deficitário, velhinhos esperando nas filas dos postos de saúde para serem atendidos..Inexistência de clínicas especializadas, onde os de sem posse possam terminar seu tempo de vida com cuidados, respeito e carinho.
Não seria de nossa responsabilidade votar diferente, exigir, ficar atentos ?
Afinal estamos cuidando da nossa futura velhice.
Pensei em tudo isso, quando li a manchete : "Ministros recomendam o veto para aumento de 7,7% dos aposentados".
A cada ano , perco quase um salário, na minha aposentadoria. Em poucos anos ele se restringirá a um salário mínimo! E eu paguei um percentual , em cima de mais de 20 salários mínimos, no meu tempo de trabalhadora ativa.
Não me aflijo com as marcas do tempo. Não penso em plásticas rejuvenecedoras, nem me aterroriza o espelho. Não gasto com cosméticos, e clínicas de estética...Só quero ter uma cabeça leve !
Um dos últimos textos de José do Vale, vem bem a calhar: especialmente belo e amoroso .
Ele estimula o ser humano a amar e ser amado em todas as idades !
Visão de homem inteligente, sensível, e acima dos preconceitos. Esse texto teve muito, o nosso agrado!

3 comentários:

Edilma disse...

Socorro,
Gostei muito do seu texto e espero que muitos o leiam e reflitam principalmente na escolha do proximo presidente. A sua aposentadoria cada vez fica menor e as bolsas familia, bolsas escola, vale gás e aposentorias rurais ficam cada vez maiores no numero de pessoas. Acho que criar condiçoes para empregar as pessoas e se tornarem dignas seria mais apropriado, em vez de gastar o dinheiro suado da classe media brasileira para sustentar miseraveis remunerados.
Não sou de politicar mas as vezes não me controlo.

Claude Bloc disse...

Socorro,

Penso como você. Onde fica jogado o suor de tantos anos contribuindo com impostos "dolorosos"?

Será que nós, no final da nossa vidinha terrena, teremos que sempre viver apertados e relegados a uma vida incolor e difícil? Já não bastam os tantos sacrifíos que fizemos no decorrer de nossa "vida útil?"

Abração solidário,

Claude

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Chegar junto a Socorro na sua palavra coletiva denunciando a situação dos aposentandos e a penúria das instituições especialmente no que se refere à saúde, transporte, lazer e cultura é de obrigação e o mais correto para uma consciência ética. Igualmente é a questão do emprego, da renda e da superação da pobreza tão crônica e dramática em nosso país.

Nasci e fiquei até sair da região na zona rural. Lembro do horror que até hoje me deixa tão incapaz por não ter feito o que uma criança não era capaz, mas sempre acho que algo diferente poderia. Falo da seca de 58, com as levas de famílias sem emprego, sem reda, fruto do sistema produtivo rural, dependente de ciclos precários de inverno. Lembro daquelas frentes de trabalho, das crianças inchadas e desproteinadas, comemdo apenas farinha e rapadura. Recordo o horror das redes com os anjinhos em busca de uma cova rasa. Muitas delas enterradas ali mesmo no meio das matas.

Não temos e nunca tivemos uma sociedade inclusiva e nem solidária. A própria classe média vive num pêndulo entre a violência social e a queda da renda. Os próprios impostos que poderiam suprir o bem comum, apenas dão raiva por não se sentir em paz consigo e nem com o mundo que a envolve.

A democracia representativa continua sendo uma prática muito superior ao mandonismo do passado. Acho que de fato é preciso eleger um projeto que contemple os brasileiros e a realidade da crise econômica que o envolve. Hoje mesmo na bem aventurada Europa o mundo cai, os salários são cortados, o desemprego se amplia e as aposentadorias além de não terem reajustes de inflação, são cortadas em parcelas substanciais.

A realidade nos compromete com o futuro. Ele nos parece bem crítico. Por isso é necessário falar, escutar e repetir os argumentos. Não se pode ficar calado. Aliás ninguém, a questão é de todas as faixas etárias, de todo o modo de produção e consumo. A consciência política é necessária e especialmente a racionalidade como uma força transformadora e luta pelo futuro. Um futuro que contemple os limites, mas que que supere os atuais limites.

A única coisa que não devemos, acho, é cair na redução, apenas tentar por tentar, não se deixando ir por correntes de arrasto que se prestam apenas para arrastar-nos por caminhos piores ou inconsequentes.

Não é fácil o momento, mas ate hoje procuro um momento que não tivemos de fazer grande esforço de análise e compreensão. As crises são importantes para superação de status e estamos diante de uma delas. Sempre penso que tudo pode degenerar em violência e em formas de governo desastrosas, mas considero que elas serão superadas. Melhor que nem aconteçam.