Não há instante mais elevado
do que o ato de lavar cuecas.
Durante o movimento mecânico
observa-se a mente
ora tagarela,
ora emudece.
Justamente nesse espaço de tempo
o ser descobre aquela voz antiga
que tem origem no silêncio.
O desejo e o futuro:
um só demônio
desmascarado.
No ato contemplativo
de lavar as cuecas
percebe-se
que o corpo
e a alma
têm cheiro forte
de sabão de coco
e junto tudo mergulha
na espuma gerada
do atrito entre
os dedos e o pano.
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