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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 4 de julho de 2010

4 de Julho : Norma X Ernesto

Norma :
Ernesto, o que você vai falar sobre o dia  4 de Julho ?
Estou curiosa.

Ernesto :
Norma,
Acho que prefiro não comentar o 4 de julho. Talvez fosse melhor lembrar outros fatos com a mesma data, como o nascimento de Giuseppe Garibaldi (o grande lutador italiano que unificou o seu país e ainda contribuiu em várias lutas na América Latina) ou então o falecimento do grande Monteiro Lobato! Ou então lembrar que foi no dia 4 de julho de 1933 que Mahatma Gandhi foi preso por incitar a desobediência civil na Índia.

Com relação ao 4 de julho nos EUA, gostaria de fazer apenas uma reflexão. No dia 4 de julho de 1776 o Congresso da Filadélfia aprovou a chamada “declaração de independência das 13 colônias”. Uma vez, quando eu ainda era estudante, tomei uma boa dose de calmante e li a tal “declaração”. Até hoje, lembro de alguns destaques assinalados por mim e as comparações que fiz, na época, mas que não mudam ainda hoje.

Vejamos. Diz a “declaração” que as 13 colônias se declaravam independentes porque:

1) o governo inglês “tornava os juízes dependentes apenas da vontade dele para gozo do cargo e valor e pagamento dos respectivos salários”. E eu me pergunto: o que os EUA fazem pelo mundo, comprando juízes e políticos?

2) o governo inglês “criou uma multidão de novos cargos e para eles enviou enxames de funcionários para perseguir o povo e devorar-nos a substância”. E eu pergunto: o que os EUA fizeram depois, invadindo países, tomando terras e nomeando governos ao seu prazer?

3) o governo inglês “manteve entre nós, em tempo de paz, exércitos permanentes sem o consentimento dos nossos corpos legislativos”. E eu me pergunto: quantos exércitos os EUA estão mantendo pelo mundo neste exato momento, sem autorização dos povos invadidos?

4) o governo inglês “tentou tornar o militar independente do poder civil e a ele superior”. E eu me pergunto: o que os EUA fizeram na América Latina sustentando governos militares ditatoriais?

5) o governo inglês “saqueou os nossos mares, devastou as nossas costas, incendiou as nossas cidades e destruiu a vida do nosso povo”. E eu me pergunto: eles não repetem isto até hoje, fazendo a mesma coisa em centenas de países?

6) o governo inglês “está transportando grandes exércitos de mercenários estrangeiros para completar a obra de morte, desolação e tirania, já iniciada em circunstâncias de crueldade e perfídia raramente igualadas nas idades mais bárbaras e totalmente indignas do chefe de uma nação civilizada”. E eu me pergunto: quantos mercenários os EUA já usaram pelo mundo e seguem usando?

7) o governo inglês “provocou insurreições internas...”. E eu me pergunto: quantas insurreições e golpes os EUA já promoveram no mundo?

É, minha amiga Norma, não tenho nada para falar sobre o 4 de julho. Prefiro calar, para não me tornar ácido.

Uma nota final: um dos principais líderes militares do processo de “independência” das 13 colônias era um general francês (La Fayette). Depois ele voltou para a França e dirigiu as forças militares que massacraram os trabalhadores de Paris em 17 de Julho de 1791, no Campo de Marte (Champ de Mars). Alguns historiadores dizem que La Fayette teria matado cerca de 500 trabalhadores, incluindo mulheres e crianças. Atualmente, novos documentos dizem que foram mais de 1.000 assassinados pelo “herói”.

Norma:

Gosto das informações do Ernesto (leio todas) porque são sinceras e representam alguém que entende bem do assunto.

Essa sua comparação entre o "governo inglês" do século 18 e o governo "descendente de inglês" dos séculos 20 e 21 é espetacular.

É isso mesmo que vem ococorrendo desde o fim da 1ª Guerra e, com muito mais força, desde 1945 quando terminou a 2ª Guerra. A partir daí são os "donos do mundo" e não aceitam quando uma Coréia do Norte ou um Irã não lhes prestam obediência.
São quase os únicos (e mais Cuba e China) que ainda os resistem.
Mas, até quando???

A possante UNIÃO SOVIÉTICA, então o maior país do mundo sucumbiu.
Lenin, Stalin, Béria, Malenkov...devem estar dando grandes voltas (sem retorno) em suas sepulturas.

Estive em Moscou (ainda União Soviética, mas no fim, em 1990) e estava sendo exibido, pela primeira vez, no cinema da mais importante avenida de Moscou, o filme "...E O Vento Levou", com grande cartaz na fachada.

Algumas pessoas do meu grupo de turistas brasileiros "desfilavam" de calça "jeans" e os rapazes moscovitas pediam para comprar essas calças.
Perguntei ao guia, em meu parco "portunhol": jovem russo não tem calças? Ele respondeu:"tem, mas são muito feias".
Até parece que as calças "jeans" são bonitas...
Por aí, você vê a mentalidade do russo dos anos 90: já desejavam a moda da "calça de vaqueiro".
Ali a estratégia americana não é se impor pela força, mas sorrateiramente...
Antes foram a Coca Cola e o M'c Donalds, nos anos 80/90 as calças "jeans" e hoje, como será???

Um comentário:

Cesar Augusto disse...

O Congresso Continental votou e aprovou a Independência das treze colonias no dia 2 de Julho, data em que, na realidade, deveria ser comemorada a Independência.
A Declaração da Independência foi escrita e datada no dia 4 de Julho, mas só foi assinada no dia 2 de Agosto de 1776.