Gosto muito quando o escritor Zé do Vale brinca com as letras das músicas. Irresistivelmente, eu canto junto !
E, se ele me permite, vou tentar brincar com algumas... Essa uma... de Chico !
Já Passou
Chico Buarque
Já passou, já passou
Se você quer saber
Eu já sarei, já curou
Me pegou de mal jeito
Mas não foi nada, estancou
Sempre acho um tanto exagerada ou mentirosa a afirmativa de um coração amoroso : "já passou". Passou , ficando ... num canto , no canteiro de um jardim.Digo isso porque , quando o vento passa, traz o perfume do amor !
Já passou, já passou
Se isso lhe dá prazer
Me machuquei, sim, supurou
Mas afaguei meu peito
E aliviou
Já falei, já passou
O outro? Tadinho, coitado... Sou capaz de jurar que também chorou. Não acredito no amor unilateral. Acredito no desejo insistente , que não sabe perder a prova do amor !
Faz-me rir
Ha ha ha
Você saracoteando
Daqui prá acolá
Na Barra, na farra
No forró forrado
Na Praça Mauá, sei lá
No Jardim de Alah
Ou num clube de samba
Faz-me rir, faz-me engasgar
Me deixa catatônico
Com a perna bamba
Quando o amor se desliga de uma construção, quando os alicerces ficaram sem portas, sem paredes, sem teto... Pra que comprar a tinta , os lustres, a pia da cozinha, e do banheiro ? O dinheiro está na farra, na busca de outro amor. Melhor do que chorar a perda... Saracotear com outra, pensando que da próxima, vida ou hora, o relógio vai parar, no instante de felicidade que não foge !
Mas já passou, já passou
Recolha o seu sorriso
Meu amor, sua flor
Nem gaste o seu perfume
Por favor
Que esse filme
Já passou
Esse filme já passou... Mas eu rebobino a fita , a meu bel prazer... Faz gosto ver teu olhar melado, acreditando que o amor pula para o futuro, e de lá não sai !
2 comentários:
Socorro,
Poucas floras da cultura atual têm tanta intensidade quanto a música popular. Já condensada pela necessidade do disco, já destilada para dizer muito no pequeno intervalo. E onipresente em nossas vidas, pois um único disco no prato da Rádio Araripe (ou Educadora ou Progresso) tocava para milhares de pessoas. Entre elas, claro, nós.
Verdade !
Nas casas daquele tempo existiam radinhos de pilhas, na mesma proporção que hoje existem os celulares.
E a gente foi ficando antenados ...
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