Os casais Roberto e Lia, Abreu e Gilda se conheceram na famosa praia Porto das Galinhas. Eram vizinhos de chalés alugados com antecedência para os feriados da Semana Santa. Ao se cumprimentarem com um protocolar bom dia, ocorreu entre os dois uma grande empatia. Ambos tiveram a sensação de já se conhecerem há bastante tempo. Roberto, 68 anos, aposentado do Banco do Brasil e juntamente com Lia, eram alagoanos e residentes nos Aflitos. Abreu e Gilda residiam no bairro Apipucos, bem próximo do Convento dos Irmãos Maristas. Eram servidores públicos aposentados, com todos os filhos casados e espalhados por esse Brasil afora.
A amizade entre os dois casais brotou nesses breves dias em que traçaram uma rotina comum. Banho de sol e mar aos primeiros raios solares, almoçavam juntos e repartiam um animado carteado durante a tarde, estendendo-se até quase meia-noite. Ambos eram exímios jogadores de canastra.
Algumas semanas depois, Gilda caminhava pela calçada da Praça Treze de Maio, para retirar algum dinheiro na agência da Caixa Econômica da Rua do Hospício. Qual não foi o seu espanto quando encontrou Roberto. Pararam e começaram a conversar animadamente defronte a um banco da praça, no qual estava sentado um senhor já bastante idoso que observava a conversa dos dois.
Gilda estranhou que as pessoas que passavam pela mesma calçada se viravam para ela e começavam a rir. E mais gente passava rindo da cara dela e parava a pouca distância formando um grupo que a observa, e ria dela sem parar. Ficou muito intrigada com aquela atitude das pessoas. Tão logo se despediu do amigo Roberto, indagou de alguns adolescentes que faziam parte desse grupo que dela ria: “Por que vocês estavam rindo tanto da minha conversa com aquele meu amigo?” “Xi, pessoal, a coroa tá pirada! Conversava com um amigo invisível?” Exclamou e em seguida indagou um deles. “É, a senhora estava falando sozinha. E aquele velhinho sentado no banco de frente foi o único que não riu de coisa tão estranha.” Disse-lhe outra adolescente. “Eu não estava falando sozinha. Aquele senhor que está sentado naquele banco ouviu toda nossa conversa. Vamos lá para provar isso.” Respondeu Gilda.
Retornou sozinha e indagou do velho: “O senhor viu se eu estava falando sozinha aqui na sua frente?” E o senhor respondeu: “Não senhora. A senhora estava conversando com um senhor de óculos, bigode, vestido numa camisa azul. Ao se despedir enviou lembranças para Lia, a mulher desse seu amigo”.
Intrigada com o fato, Gilda, tão logo retirou o dinheiro da Caixa, resolveu ir até a casa da amiga Lia para contar o que sucedera e saber se Roberto havia saído naquela tarde. Então entrou no primeiro táxi e rumou para os Aflitos.
Ao chegar no endereço que o casal amigo lhe fornecera, foi surpreendida com a saída de um caixão de defuntos. Chegou a tempo de ver a amiga Lia abraçada por uma mulher ainda jovem. Ao vê-la, Lia, em prantos, disse-lhe: “Eu pensei em lhe avisar da morte do Roberto, mas fiquei tão sem planos... Ainda bem que você veio.” E se abraçaram por algum tempo, dividindo aquela imensa dor.
Presença do sobrenatural? Reencontro com o amigo morto que veio avisar da sua partida definitiva? Essas indagações povoavam a cabeça de Gilda e as deixaram várias noites insones. Antes que enlouquecesse, procurou um médico amigo e este lhe recomendou uma consulta com frei Joaquim, um frade português, residente no Recife, que era parapsicólogo.
O parapsicólogo frei Joaquim explicou a Gilda que, ela, a amiga Lia e o velho que estava sentado no banco da praça possuíam uma percepção extra-sensorial e receberam uma comunicação telepática da amiga Lia, quando esta pensou em lhe comunicar a morte do marido. Nós, indivíduos ditos humanos, somente conhecemos dez por cento da nossa capacidade mental. Há nela poderes que para nós são ainda inexploráveis.
Nota: A história é real e os nomes dos casais são fictícios. O parapsicólogo Frei Joaquim esteve em Crato há mais de 20 anos e narrou esse fato no Auditório do Teatro Rachel de Queiroz.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
A amizade entre os dois casais brotou nesses breves dias em que traçaram uma rotina comum. Banho de sol e mar aos primeiros raios solares, almoçavam juntos e repartiam um animado carteado durante a tarde, estendendo-se até quase meia-noite. Ambos eram exímios jogadores de canastra.
No domingo à noitinha, os dois casais se despediram, retornaram para Recife com promessas de trocarem visitas e planos de retornarem àquela praia nas férias do final de ano.
Algumas semanas depois, Gilda caminhava pela calçada da Praça Treze de Maio, para retirar algum dinheiro na agência da Caixa Econômica da Rua do Hospício. Qual não foi o seu espanto quando encontrou Roberto. Pararam e começaram a conversar animadamente defronte a um banco da praça, no qual estava sentado um senhor já bastante idoso que observava a conversa dos dois.
Gilda estranhou que as pessoas que passavam pela mesma calçada se viravam para ela e começavam a rir. E mais gente passava rindo da cara dela e parava a pouca distância formando um grupo que a observa, e ria dela sem parar. Ficou muito intrigada com aquela atitude das pessoas. Tão logo se despediu do amigo Roberto, indagou de alguns adolescentes que faziam parte desse grupo que dela ria: “Por que vocês estavam rindo tanto da minha conversa com aquele meu amigo?” “Xi, pessoal, a coroa tá pirada! Conversava com um amigo invisível?” Exclamou e em seguida indagou um deles. “É, a senhora estava falando sozinha. E aquele velhinho sentado no banco de frente foi o único que não riu de coisa tão estranha.” Disse-lhe outra adolescente. “Eu não estava falando sozinha. Aquele senhor que está sentado naquele banco ouviu toda nossa conversa. Vamos lá para provar isso.” Respondeu Gilda.
Retornou sozinha e indagou do velho: “O senhor viu se eu estava falando sozinha aqui na sua frente?” E o senhor respondeu: “Não senhora. A senhora estava conversando com um senhor de óculos, bigode, vestido numa camisa azul. Ao se despedir enviou lembranças para Lia, a mulher desse seu amigo”.
Intrigada com o fato, Gilda, tão logo retirou o dinheiro da Caixa, resolveu ir até a casa da amiga Lia para contar o que sucedera e saber se Roberto havia saído naquela tarde. Então entrou no primeiro táxi e rumou para os Aflitos.
Ao chegar no endereço que o casal amigo lhe fornecera, foi surpreendida com a saída de um caixão de defuntos. Chegou a tempo de ver a amiga Lia abraçada por uma mulher ainda jovem. Ao vê-la, Lia, em prantos, disse-lhe: “Eu pensei em lhe avisar da morte do Roberto, mas fiquei tão sem planos... Ainda bem que você veio.” E se abraçaram por algum tempo, dividindo aquela imensa dor.
Presença do sobrenatural? Reencontro com o amigo morto que veio avisar da sua partida definitiva? Essas indagações povoavam a cabeça de Gilda e as deixaram várias noites insones. Antes que enlouquecesse, procurou um médico amigo e este lhe recomendou uma consulta com frei Joaquim, um frade português, residente no Recife, que era parapsicólogo.
O parapsicólogo frei Joaquim explicou a Gilda que, ela, a amiga Lia e o velho que estava sentado no banco da praça possuíam uma percepção extra-sensorial e receberam uma comunicação telepática da amiga Lia, quando esta pensou em lhe comunicar a morte do marido. Nós, indivíduos ditos humanos, somente conhecemos dez por cento da nossa capacidade mental. Há nela poderes que para nós são ainda inexploráveis.
Nota: A história é real e os nomes dos casais são fictícios. O parapsicólogo Frei Joaquim esteve em Crato há mais de 20 anos e narrou esse fato no Auditório do Teatro Rachel de Queiroz.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
5 comentários:
Carlos Eduardo Esmeraldo,
muito apreciei tua narrativa:
lúcida, concisa, sem lacunas.
Forte abraço
(terreno e sobrenatural)
...
INCRÍVEL !
GOSTO DESSAS HISTÓRIAS. ME IMPRESSIONAM !
Um abraço todo especial aos amigos Domingos Barroso e Socorro Moreira. Obrigado pelas palavras de incentivo.
Aos amigos Domingos Barroso e Socorro Moreira
Muito obrigado pelas de incentivos. Fiquei muito contente por vocês terem gostado dessa historinha.
Acredito que neste epsiódio não aconteceu nada de comunicação extraterrena. Conforme o parapisicólogo Frei Joaquim explicou, o que houve foi uma comunicação entre as mentes das três pessoas envolvidas.
Lembrei-me de que quanto eu era estudante em Salvador, nunca avisava à minha mãe o dia em que chegaria ao Crato, pois desejava fazer uma surpresa a ela. Acontece, que não sei explicar como, quando eu chegava ao Crato a minha mãe estava me esperando na Rodoviária. Ela passava o dia dizendo para meus irmãos que eu chagaria naquele data. E até fazia até bolo para comemorar a minha chegada. Não sei explicar como, mas ela nunca errou! Certa vez eu fui ao Crato de carona com um colega que vinha à Fortaleza, ficando em Brejo Santo e de lá indoi de ônibus até o Crato. Quando cheguei, lá estava mamãe a me esperar. Acho que ela captava os meus sentimentos, coisas que somente acontecem com as mães.
Um abraço
Observação
O comentário extraído acima é este mesmo, por motivos de correções a digitação e no monstro do português.
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