Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Que sobrará de tudo isso - Emerson Monteiro

Às vezes me pego a cogitar quanto ao meu aprendizado desta vida. São momentos estimulantes, que abrem veredas graúdas no bucho da imaginação. Percorro assim meio cabreiro os pensamentos e, paciente, analiso cada feixe reunido nessa liberdade ocasional. Quero fugir dos erros cometidos no passado, mas ainda não posso, descendo e subindo as ladeiras da recordação, apalpando respostas que recebem impulsos naturais do uso. Experimento por dentro o peso da justiça e dos julgamentos, como examinando matérias que pertencem a outras criaturas. Nessas oportunidades ninguém age à toa e as provas das ações grudaram estreita ligação com a sentença dos processos, onde somos réu e juiz. Não alimento dúvidas de que existe Ser Maior que a tudo observa e repõe no devido lugar.
E essa alegria que sujeita de mimos a gente, nas horas agradáveis, vira uma fera, na hora em que o panorama muda. Fecha o tempo, cai o pano da euforia e um fastio angustioso invade a cena, parecendo batalhão de madrastas irritadas saindo à farra.
Mas o que restará mesmo desse cuidado constante em querer sempre o bom para comer, enquanto milhões morrem de fome? Juntar coisas descartáveis e inúteis para satisfazer o ego, e, na pressa em garantir o futuro, preencher revoadas inquietas em bandos nos finais de semana prolongados, em busca do vazio? Do desejo de emitir opiniões, enquanto aos outros não se deixa falar perto da gente sem que nos empolguemos e queiramos falar mais alto, doce engano de chegar primeiro a lugar nenhum?
O gosto de sorrir com alegria, invés de rir de qualquer atitude dos outros, quase num gesto de humilhação a quem parece menor aos olhos das nossas vadiações. Seres que somos, andando para o inevitável de dentes à mostra, feitos hienas desesperadas.
Transformar este palco na festa da solidariedade humana, quantos disseram isto e poucos compreenderam, presos ao cipoal da inconsciência. O traçado representa o mapa da revelação para vencer a ganância do prazer que as vidas renovam todo tempo. Achar a palavra certa de agarrar o mistério de amar e ser, com isso responsável para fertilizar o mundo inteiro, cheio de gente esperta a conciliar dor e beleza, no meio da simplicidade.
Força para isso, convidar os outros nossos vizinhos para exercitar os ensinos que se aprender com esperança nos livros sagrados, geração a geração, paladinos da possibilidade.
Pisar o caminho com o espírito desarmado, qual quem sabe correr o trilho da certeza, superar a solidão e juntar cada centavo de sabedoria em favor da amabilidade, junto dos irmãos da salvação. É isto.

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