Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009
ENCANTAMENTO VOLUNTÁRIO ESPERANÇOSO
Hoje no mundo inteiro milhares de pessoas estão discutindo a intervenção danosa do homem na natureza, e além disso estão buscando também uma causa que explique as razões para tanta destruição em curso. Por isso, faz-se necessário refletir sobre o processo de criação e intervenção humana desde a sua origem até os dias de hoje. Assim, na minha concepção, quando Deus voluntariamente criou o mundo, Ele ordenou: Haja encantamento! E assim a luz brilhante encantada iluminou a esperança e tudo ficou tão perfeito e belo. O dia se tornou sol. O sol se tornou vida. E a vida se tornou azul, amarela, vermelha e verde. O azul foi morar no céu e no mar. O amarelo se fixou nos minerais. O vermelho se interiorizou nos seres. O verde impregnou os vegetais. E Deus deu um sopro e tudo se misturou criando várias combinações de cores e matizes. E num momento de inspiração profunda Deus ordenou que cada ser olhasse pela primeira vez o mundo criado. A sensibilidade ainda não estava ajustada, então, Deus operou o milagre em cada criatura reproduzindo com maestria, através de um embrião divino (uma partícula-centelha), a Sua Própria semelhança com tamanha beleza de ser e ver que jamais ser algum poderá imaginar de sua grandiosidade.
O momento seguinte foi de perplexidade em cada ser. Tudo era novo e inédito. Tudo era desconhecido e mágico. Tudo era mistério e revelação. Tudo era sensação e emoção. O intelecto ainda estava quase que totalmente inoperante. Em cada ser somente emoção, encantamento, deslumbramento, mistério, magia, alegria e contentamento que não cabia nenhuma definição ou fundamento. Cada passo era um descobrimento. Cada voz era um acontecimento. Cada encontro era uma verdade sem julgamento. O outro era companheiro de descobertas que deviam ser feitas a cada momento. Nada se tinha a comentar. A voz era muda. O olhar era falante. O gesto era aproximação. O sorriso era o único código de comunicação. O toque era alegria e sensação. O ouvir era um dom musical de pura vibração.
Assim, o encantamento era o princípio. Pois, no princípio era o Verbo. E o Verbo era puro encantamento. Durante muito tempo, o homem viveu muito próximo desse momento mágico de toda criação. A ecologia era um processo natural. Mas, com o decorrer das experiências o homem se aventurou e assim foi se afastando lentamente. Ele quis conhecer mais ainda – muito mais! - o imenso universo criado por Deus. Inevitavelmente se afastou ontologicamente desse ponto mágico que é o princípio encantador e criador de tudo – em si mesmo! A sua voz ficou falante. O seu gesto ficou insinuante. O seu olhar ficou mudo e errante. O seu toque ficou condicionado. A sua audição ficou chiada. O homem, então, perdeu a sua referência encantadora e criadora.
Hoje, o sol é uma bola de gás incandescente. O verde são pigmentos de clorofila e símbolo de poder material. O amarelo é mercadoria e riqueza. O azul é um espaço sideral ou hidrogênio combinado com oxigênio. O vermelho é sangue que circula sob pressão da bomba coração. A vida é uma explicação teórica que se originou de uma grande explosão. O homem é um ser político que vive em sociedade e gosta de consumir bens de qualidade e viver em cidades. O animal é um ser inferior que serve para ser comido, adestrado, engaiolado ou morto quando não interessa aos apetites e humores dos seres evoluídos “ditos” humanos. O vegetal é uma tora que vale muito depois de cortada e exportada.
Por isso, o homem sofre. E nesse sofrimento ele se desespera e procura uma solução para uma crise natural-social sem fim. O seu olhar mudo e insensível não consegue falar e nem mais ver a beleza do cosmo e o mistério da vida. A sua voz é teoria pura programada segundo uma lógica chamada “método” que serve de instrumento para aumentar ou reduzir a sua visão racional. Mas, como é uma lógica ela é artificial, ou seja, é verdadeiramente virtual. Nesse contexto, o real é uma virtualidade construída para propósitos aventureiros de um futuro certamente longe do encantamento. Quanto mais avança nessa aventura mais ainda se afasta do paraíso do encantamento de Deus.
É nesse drama e dilema que toda uma civilização moderna vive e sofre. A felicidade se tornou um projeto e como tal precisa de um planejamento e uma programação com metas operacionais bem cumpridas. O amor se tornou uma relação temporal de prazer conveniente e apenas emocional e carnal. O outro se tornou cidadão ou cliente em potencial. A relação com Deus foi reduzida a um niilismo fértil, uma imaginação concreta e um produto a ser comercializado pelo mercado da fé. A vida perdeu praticamente o sentido do encantamento original sagrado. O caminho de retorno ficou reduzido a uma visão histórica de fatos transcendentais. A filosofia perdeu a sua visão clássica transcendental e vestiu uma nova roupa chamada “moderna circunstancial”. A ciência se tornou senhora de si e “sacralizou” o poder da verdade racional.
Nesse sentido, eu um simples mortal porém sensível ao momento mágico de toda criação, venho através desse texto lançar um movimento intitulado MOVIMENTO DE ENCANTAMENTO VOLUNTÁRIO ESPERANÇOSO. Assim, quem quiser participar desse movimento basta aderir aos 7 princípios básicos que são:
primeiro – encante-se consigo mesmo, mas não se desencante com o outro;
segundo – nunca perca a sua fé num poder transcendental em si mesmo, mas também não transforme esse poder num balcão da fé;
terceiro - ore e vigie a si mesmo, mas não se descuide com as raposas vestidas em peles de ovelhas (um olho no santo e o outro na missa);
quarto – desenvolva a força de vontade para superar o desencantamento racional do mundo, mas não jogue fora a sua razão pois ela tem uma função operacional nesse mundo social;
quinto – olhe o outro (humano ou não) como ser criado em encantamento, independente de sua raça, cor, sexo, posição social, ideologia, nacionalidade, credo, mundo, visão, natureza, etc, mas não esqueça de ver o Outro primeiro em si mesmo;
sexto – procure viver em estado de simplicidade voluntária doando aquilo que não mais lhe serve para aqueles que nada tem a perder (os pobres e miseráveis), mas cuidado para não doar aquilo que não lhe pertence (a lei humana é “justa demais” – você pode parar na cadeia!);
sétimo – se coloque em sintonia com a Inteligência Cósmica de Deus transformando qualquer conhecimento em autoconhecimento, mas cuidado para não fazer uma pseudo-conversão, ou seja, uma confusão isto porque o resultado pode ser tão desastroso e cheio de ilusão, motivo para sua internação como doente mental.
Assim, se você quer saber quem Eu sou, olhe para os pássaros e sinta a liberdade do vôo; escute a voz do riacho e perceba a sua mensagem; se aproxime das crianças e perceba a sua alegria; vá para uma montanha e sinta a imensidão do cosmos; aquieta-te e perceba o seu silêncio em paz; toque uma rosa e memorize a sua suavidade; converse consigo mesmo e perceba a tua surpresa no poder do verbo encantado.
Saiba que Eu Sou as asas da liberdade, o murmurar dos rios e riachos, a inocência da vida, o silêncio da verdade e da paz interior, a pureza do toque ontológico sutil, o diálogo profundo da natureza metafísica do ser.
Eu Sou que Sou: o Transcendente em ti mesmo (Meu Filho (a)). Somente Me acharás se tiveres como bússola a orientação do encantamento voluntário, pois EU SOU O CRIADOR EM TI.
EU SOU EM TI O PRÓPRIO SENTIDO ETERNO E TERNO DO AMOR – UMA CENTELHA DIVINA ESPERANDO VOCÊ VOLTAR.
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3 comentários:
Leitura pra encantar e despertar.
Mais belo que o texto é a mensagem que ele traz.
Leve é assim que o vejo.
Abraços,
Claude
obrigado!
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