Habituada às novelas das 8, a lumpemintelectualidade desfruta de um novo divertimento: a ópera-bufa. Com uma diferença: enquanto as primeiras – as novelas – criam ficções que mimetizam coisas reais, nossa ópera-bufa é a própria realidade. E em vez de nos fazer rir, nos oprime e constrange. A verdadeira ópera-bufa deveria ser ligeira, espirituosa e satírica, em poucos atos, com personagens burlescos, engraçados. A nossa, é uma ópera-bufa sinistra: desenrola-se num continuum, não são burlescos seus personagens, mas nos burlam com o mais absoluto cinismo. São inúmeros seus atores, escolhidos malgrado nosso desejo. Mas a eles oferecemos o sustento. Porque, na nossa ópera-bufa, apenas nós somos os bufões...
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A ilustração é de Botero
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