06/06/1875, Lübeck (Alemanha)
12/08/1955, (Suíça)
Mann é filho de um alemão e uma brasileira
Thomas Mann nasceu em 1875, em Lübeck (Alemanha), filho de um alemão e de uma brasileira. Após a morte de seu pai, em 1891, muda-se para Munique, onde freqüenta a universidade local.
Depois de trabalhar num escritório de seguros, passa a dedicar-se à literatura. Seus primeiros contos foram reunidos em O Pequeno Senhor Friedemann (1898). Em 1901, sai - com enorme impacto - o romance Os Buddenbrooks, baseado na decadência de sua própria família. Em 1912, ele lança a novela Morte em Veneza.
A Montanha Mágica é de 1924; confirmou a reputação de Mann como um dos escritores de maior arrojo filosófico na modernidade. Cinco anos depois, ele receberia o Prêmio Nobel de literatura.
Em 1933, quando Hitler se torna chanceler, o escritor muda-se para a Suíça e passa a editar um jornal de resistência. Depois de escrever uma tetralogia de romances condenando o racismo e o anti-semitismo, muda-se para Nova Jersey (EUA), dando aulas na Universidade de Princeton. Em 1947 sai Doutor Fausto, um dos maiores romances jamais escritos sobre a arte da música. Thomas Mann volta à Suíça em 1952, onde morre em 1955.
Fonte : Uol Educação
Obras
Mann ganhou repercussão internacional, aos 26 anos, com sua primeira obra, Os Buddenbrook (Buddenbrooks), um romance que conta a história de uma família protestante de comerciantes de cereais de Lübeck ao longo de três gerações. Fortemente inspirado na história de sua própria família, o romance foi lido com especial interesse pelos leitores de Lübeck que descobriram ali muitos traços de personalidades conhecidas. A publicação deste livro valeu a Thomas Mann uma reprimenda de um tio, que o acusou de ser um "pássaro que emporcalhou o próprio ninho".
Thomas Mann é também um romancista analítico, que descreve como poucos a tensão entre o carácter nórdico, protestante, frio e ascético (características típicas da sua Lübeck natal) e as personagens mais rústicas, simples, bonacheironas, das regiões católicas, de onde se destaca o senhor "Permaneder", o paradigma do bávaro de Munique, em "Os Buddenbrook". Esta tensão interior tornou-se patente durante a sua estada em Palestrina, Itália, quando visitava o irmão, e onde começou a escrever "Os Buddenbrook". Thomas Mann viveu entre estes dois mundos, tal como o irmão. Por um lado a origem familiar e o ambiente da ética protestante de Lübeck, por outro lado a voz interior e a influência de sua mãe brasileira, que o faziam interessar-se menos pelos negócios e mais pela literatura. A influência da mãe acabou por levar a melhor. Thomas Mann via nos Buddenbrook um exemplo de uma família em decadência,em que os descendentes não saberiam levar avante o negócio que herdaram. Não sabia, no entanto, que, ao publicar "Os Buddenbrook",estava, não só a enterrar definitivamente a linha "comerciante" da sua família mas, também, a afirmar-se como um escritor de renome. Ironicamente, os seus filhos iriam manter esta nova tradição (literária) da família, em especial Klaus e Erika.
No romance A Montanha Mágica ("Der Zauberberg"), publicado pela primeira vez em 1924, Thomas Mann faz um retrato de uma Europa em ebulição, no eclodir da Primeira Guerra Mundial.
Escreveu romances, ensaios e contos. Psicólogo penetrante e estilista consumado,a sua extensa obra abrange desde contos até escritos políticos, passando por novelas e ensaios. Prémio Nobel de Literatura em 1929, Thomas Mann é autor de clássicos da literatura como Morte em Veneza & Tonio Kröger, Confissões do impostor Felix Krull, As cabeças trocadas e José e seus irmãos.
Thomas Mann foi um herdeiro tardio da tradição idealista e romântica alemã e um dos principais autores modernos. Era um clássico em tempos de revolução e conseguia refletir de forma original e particular o espírito de seu tempo (ver TRIGO, 2000). Sua obra apresenta descrições minuciosas e um realismo psicológico e preciso, com análise exata de cada particularidade (ver FLEISCHER, 1964). A obra de Mann é uma expressão estética do esforço de contrapor seus dois valores essenciais: de um lado a sociedade, o senso comum, o valor da vida; do outro a alienação, o individualismo, o escapismo romântico, o jogo estético, que culminam na doença e na morte (ROSENFELD, 1994, pp. 22-23). Sente-se, no entanto, ligado ao segundo valor, sendo ele um artista “alienado, marginal e estetizante” (ROSENFELD, 1994, p. 28).
Quando Thomas Mann tinha quinze anos, o irmão Heinrich tomou conhecimento da sua orientação sexual. Surpreendido, achando esta história algo de divertido mas sem fazer grande ruído sobre o assunto, Heinrich sugere a Thomas Mann que tente tratar o "problema" com uma "cura de sono".
Os diários de Thomas Mann, que foram mantidos em sigilo até 1975, revelam um Thomas Mann em luta interior com os seus desejos homossexuais, que se tinham tornado patentes em várias de suas obras. Mann descreve no seu Diário os seus sentimentos pelo jovem violinista e pintor Paul Ehrenberg, que ele descreve como uma "experiência central do meu coração".
A maioria dos comentadores é da opinião que a homossexualidade de Thomas Mann foi reprimida e que a escrita era para ele uma forma de compensar esse constrangimento. É preciso lembrar que até a primeira metade do século XX, a homossexualidade era vista como um desvio sexual e motivo para tratamento psiquiátrico. Assim, a repressão de seus sentimentos não se devia por uma incapacidade pessoal, antes por um contexto social e histórico homofóbico. Não existia ainda a idéia do "assumir-se", pois a identidade homossexual não era socialmente aceita e implicava exposição a insultos, abjeção pública e perseguição de todo tipo.
Segundo Richard Miskolci, em seu livro "Thomas Mann, o Artista Mestiço" (2003), a questão de uma sexualidade inaceitável para a época é um dos componentes mais importantes nas obras do autor alemão. O homoerotismo emerge como problemática intrínseca ao artista desde suas primeiras histórias (O Pequeno Sr. Friedmann, Os Buddenbrooks, Tonio Krôger) até nas obras mais reconhecidas (A Morte em Veneza, A Montanha Mágica e Doutor Fausto).
Cronologia
6 de Junho de 1875 - Nascimento de Thomas Mann
1900 (com 25 anos) - Publicação do "Buddenbrooks" -TM torna-se famoso
•1911 (com 36 anos) – Durante uma estada no Lido de Veneza concebe Morte em Veneza.
1915 (com 40 anos) - Publicação de ensaio sobre Friedrich, o Grande da Prússia. Mann justifica a entrada da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Corta relações com o seu irmão Heinrich, do lado da "civilização".
1918 (43 anos) - Publicação de "Considerações de um apolítico" - Mann demonstra aqui estar ainda na sua fase nacionalista conservadora. Mantém a sua defesa da política da Alemanha. Ainda um monarquista.
•1921 (46 anos) – Primeiro ensaio sobre Goethe, intitulado Goethe e Tolstoi, que apresenta e, forma de conferência.
1922 (47 anos) - Famoso discurso de Thomas Mann em Berlim - "Von deutscher Republik" - Defende a República de Weimar. Thomas Mann é um "Vernunftrepublikaner" (Republicano por motivos racionais - e não emocionais). Neste mesmo ano teve lugar um acontecimento apontado por alguns historiadores (como Manfred Görtemaker) que terão levado Thomas Mann a transformar-se politicamente (favoravelmente à democracia): o assassínio do ministro dos negócios
estrangeiros, o judeu Walter Rathenau por elementos da extrema direita próximos de Hitler. •1924 (com 49 anos) – termina A Montanha Mágica
1930 (55 anos) - Novo discurso famoso em Berlim, no Beethoven-Saal - Deutesche Ansprache, ein Appel an die Vernunft" - Um apelo à razão, tentativa de aviso aos alemães perante o perigo do Nazismo.
1933 (58 anos) - Chegada ao poder de Adolf Hitler. Thomas Mann passa a viver no exílio, na Suíça.
1938 (63 anos) - Exílio de Thomas Mann nos Estados Unidos
1 de Setembro de 1939 (64 anos) - Tem início a Segunda Guerra Mundial
1940-1945 Thomas Mann grava para a BBC um programa de rádio regular ("Deutsche Hörer!"), retransmitido pela BBC na Alemanha, apelando aos alemães à razão. Os ouvintes alemães arriscavam a vida ao sintonizar estas emissões de rádio dos ingleses.
1949 (74 anos) - Viagem à Alemanha. Mann discursa em Frankfurt e em Weimar, na comemoração dos 200 anos de Goethe
1950 (75 anos) - Publicação de Dr. Faustus
1952 (77 anos) - Thomas Mann vai viver para a Suíça
12 de Agosto de 1955 (80 anos) - Falecimento de Thomas Mann
Referências bibliográficas
FLEISCHER, M. Introdução à obra de Thomas Mann. Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1964.
ROSENFELD, A. Thomas Mann. São Paulo: Perspectiva: Edusp; Campinas: Editora da Unicamp, 1994.
TRIGO, L. Deus de um mundo decadente. Prefácio. In: MANN, T. Morte em Veneza & Tönio Kroger. 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
Fonte :Wikipédia
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