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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

COMPOSITORES DO BRASIL

Por Zé Nilton


Todas as quintas-feiras, a partir das 14 horas, é levado ao ar o programa COMPOSITORES DO BRASIL, pela Rádio Educadora do Cariri.
Amanhã, dia 10, vamos falar de Guerra Fria, Corrida Espacial e a Música Popular Brasileira. A contextualização entra como um pré-texto para falar mesmo de música, de compositores brasileiros e suas formas de cantar, encantar e desencantar o cosmo e o objeto de desejo da corrida espacial, a lua.
Começaremos pelo uruguaio/brasileiro, Fábio, à procura de “Stela” (1968), ecoando sua belíssima voz pela imensidão do universo:
Stela,
Em que estrela você se escondeu
Em que sonho você vai voltar
Quanta espera de você”.
Nesta mesma linha vem João Gilberto, e também solta (ou prende) a voz, indagando por onde anda a sua amada, perdida nos confins do espaço sideral, no “Samba da Pergunta” ou “Astronauta” (1970):
“Ela agora

Mora só no pensamento

Ou então no firmamento

Em tudo que no céu viaja

Pode ser um astronauta

Ou ainda um Passarinho
...............

Pode estar num asteróide

Pode ser a estrela D’alva

Que daqui se olha

Pode estar morando em Marte

Nunca mais se soube dela

Desapareceu”.
E falando diretamente da lua, bem antes do grande conflito, o excelente Custório Mesquista saia na frente na defesa da iluminadora dos amores, revelando em tom de cumplicidade, em “Se a Lua Contasse” (1933) sua arrebatadora paixão, o fazendo na magistral interpretação de Aurora Miranda:
Se a lua contasse
Tudo que eu sei
De mim e de você
Muito teria o que contar...
.......
Somente a lua foi testemunha
Daquele beijo sensacional
Nesse momento foi tal o enlevo
Que a própria lua sentiu-se mal”.
Bem depois, Renato Rocha, com a música “A Lua” (1981), desconserta Custório Mesquita quando canta a Lua e seus ciclos insensantes, através do MPB4:

“A lua,
Quando ela roda é nova
Crescente ou meia, a lua é cheia
Quando ela roda
Minguante e meia
Depois é lua nova... mente quem diz
Que a lua é velha”.
Até o nosso Chico Buarque entra no assunto e faz uma referência direta à chegada do homem à Lua, em 1969. Reclamando, ele canta em “Essa moça tá diferente” (1970):
Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flatua
E não lhe desperto emoção
Ela que ver o astronauta
Descer na televisão.”..
Na sequência, vem “O astronauta”, de Helena dos Santos, (1970), com Roberto Carlos; “Eu vou pra lua”, sem ligar-se muito no acentuado “machismo” de Ari Lobo (1960); “ Na lua não há” (1963), a primeira música de Helena dos Santos gravada pelo Rei, depois de muito perseguí-lo e implorá-lo; “Marcianita” (1960), um twist fantástico com Sérgio Murilo. O grande Adelino Moreira espatifa todo o romantismo poético dos nossos compositores e declara em Boêmio Demondê (1963), no vozeirão de Nelson Gonçalves que:
“Minha seresta,

Não terá pinga na rua,

Não terá luar nem lua,

E nem lampião de gás,

Porque a lua,

Nesses tempos agitados

Já não é dos namorados,

Romantismo não tem mais”.
Por fim, Armando Cavalcanti e Kleucius Caldas já haviam assegurado, na composição “A lua é dos namorados” (1961), através de Ângela Maria, que não deveria ser nada disso, porque
Todos eles estão errados,
A lua é dos namorados”...
Muitas e muitas músicas sem dúvida temos no nosso cancioneiro popular. Contudo, procuramos aquelas mais próximas do contexto da Guerra Fria e da Corrida Espacial.
Este será o tema do Programa COMPOSITORES DO BRASIL, de amanhã.
Quem ouvir, verá.

8 comentários:

Claude Bloc disse...

Prof. Zé Nilton,

É uma pena que daqui de Sobral eu não possa "degustar" os sabores do Crato pelo rádio.

Mas de qualquer forma, saiba que sua presença no Cariricaturas muito nos apraz.

Acompanho de perto suas "andanças" por aqui e agradeço a alegria que nos proporciona com suas palavras.

Abraço,

Claude

Anônimo disse...

Pois é, mas quando a rádio voltar pra internet, eu lhe aviso.
Abraços.

socorro moreira disse...

A programação está impecável. Descubro com alegria que esse repertório é meu também !


Abraços.

socorro moreira disse...

O astronauta foi a primeira música que escutei tocada pelo Nonato Luiz. Amor ao violão à primeira dedilhada.

socorro moreira disse...

Você atiçou canções que falam na lua , e elas chegaram todas de uma vez : Lua de cetim ( Francis Hime)Lua curiosa ( Renato teixeira),Lua Branca de Chiquinha Gonzaga, Se a lua cantasse de Custódio Mesquita, Mar e lua de Chico, Lua do leblon de Fausto Nilo, Lua do Arpoador de Ivan Lins, Lua de S.Jorge do Caetano, Acende uma lua no céu do Toquinho, Sombra da lua de Oswaldo montenegro, Lua Cheia de Chico, Lua Nova de Torquato Neto, Lua de Paulinho da Viola, e outras tantas.

Edilma disse...

Prof. José Nilton,

Sou fã de carteirinha da Rádio Educadora e sempre passo por lá com Vicelmo ao vivo nas minhas andanças ao Crato.
E agora tenho o prazer de poder trocar uns recadinhos com meu Mestre do colégio Don Bosco pelo Cariricaturas, momento jamais imaginado na minha meninice...
A vida é cheia de surpresas e vamos saborear estemomento...

Com o meu respeito,
Abraços !

Ana Cecília S. Bastos disse...

caro Zé Nilton, amigo velho,

não ouvi, mas vi com os olhos da imaginação e com prazer o seu programa na Rádio Educadora. Você e a música estão intimamente ligados, não tem jeito! É bom encontrá-lo aqui no Cariricaturas. Abraço grande pra você e Cristina.

ah, vejo também, Edilma, que você dirige seu comentário, na verdade, a meu pai, José Newton. Este aqui é um José Nilton bem mais jovem... Abraço!

Anônimo disse...

Ei, Ana, obrigadão pelo seu carinho.
Pois é, a Edilma confundiu os dois Zés. Você já pensou ele voltando e fazendo um programa de MPB ? SAbe que por um momento eu pensei nisso ? Até porque pouca gente conhece o lado brincalhão e solto do prof. Zé Newton.
Cristina lhe manda lembranças.
Um abraço em todos.