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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009
A festa de São Cosme e Damião
São Cosme e São Damião, os santos gémeos, morreram em cerca de 300 d.C. Sua festa é celebrada em 27 de setembro. Somente a igreja Católica comemora no dia 26 de setembro pois, segundo o calendário católico, o dia 27 de setembro é o dia de São Vicente de Paulo.
Há relatos que atestam serem originários da Arábia, de uma família nobre de pais cristãos, no século III. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio.
Estudaram medicina na Síria e depois foram praticá-la em Egéia. Diziam "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder".
Exerciam a medicina na Síria, em Egéia e na Ásia Menor, sem receber qualquer pagamento. Por isso, eram chamados de anargiros, ou seja, inimigos do dinheiro.
Cosme e Damião foram martirizados na Síria, porém é desconhecida a forma exata como morreram. Perseguidos por Diocleciano, foram trucidados e muitos fiéis transportaram seus corpos para Roma.
Foram sepultados no maior templo dedicado a eles, feito pelo Papa Félix IV (526-30), na Basílica no Fórum de Roma com as iniciais SS - Cosme e Damião.
Há várias versões para suas mortes, mas nenhuma comprovada por documentos históricos. Uma das fontes relata que eram dois irmãos, bons e caridosos, que realizavam milagres e por isso teriam sido amarrados e jogados em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria e de serem inimigos dos deuses romanos.
Segundo outra versão, na primeira tentativa de matá-los, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez, as pedras voltaram para trás, sem atingi-los. Por fim, morreram degolados.
Santos Cosme e Damião realizando um transplante de perna, afresco de Fra Angelico.Conta-se que eram sempre confiantes em Deus, que oravam e obtinham curas fantásticas. Também foram chamados de "santos pobres".
A partir do século V os milagres de cura atribuídos aos gêmeos fizeram com que passassem a ser considerados médicos. Mais tarde, foram escolhidos patronos dos cirurgiões.
Segundo a crença popular apareceram materializados depois de mortos, ajudando crianças que sofriam violências.
Alguns grupos concentram seus esforços para demonstrar que Cosme e Damião não existiram de fato, que eram apenas a versão cristã da lenda dos filhos gêmeos de Zeus, Castor e Pólux. Esta versão é combatida por aqueles que acreditam na real existência dos irmãos, embora a superstição que o povo tem muitas vezes faça supor que haja uma adaptação do costume pagão.
O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo Candomblé, Batuque, Xangô do Nordeste, Xambá e pelos centros de Umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa "o enfeitado" e Damião, "o popular".
Estas religiões os celebram no dia 27 de setembro, enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume, principalmente no Rio de Janeiro, de dar às crianças (que lotam as ruas em busca dos agrados) doces e brinquedos.
*Eu morei em duas cidades que festejam o dia dos santos gêmeos, no dia 27 de setembro : Salvador e Rio de Janeiro. Festas com iguarias , participei em casas de diversos amigos. Depois de meados de setembro, todo dia tem festa na casa de um devoto. Parece o Crato, no hábito das renovações do Coração de Jesus, no mês de junho e dezembro.
Particularmente adoro "Caruru, vatapá, abará, ximxim de galinha, e os doces dos tabuleiros da baiana.
"O preparo do caruru de São Cosme e São Damião
Os devotos de São Cosme e Damião costumam “dar Caruru de Cosminho” em suas casas durante o mês de setembro e principalmente no seu dia: 27 de setembro. A festa já começa durante os preparativos, e mexe com todo o comércio de feiras em Salvador, quando se tem uma procura maior dos ingredientes para a grande festa e quando a família se reúne para cortar os quiabos em forma de cruz e depois em extreitas rodelas, preparar os temperos, torrar e triturar o amendoim e a castanha, temperar a galinha e fazer os seus pedidos também. A quantidade dos quiabos do Caruru, geralmente chegam aos milhares, a depender da promessa, devem ser cortados por quem está oferecendo, mas vale a ajudas de participantes voluntários que também fazem a sua reza e pedidos aos santos gêmeos.
Abará, acarajé, pipoca e cana cortada em tiras fazem parte do típíco prato do Caruru de Cosminho .
Nas proximidades do dia 27 de setembro, é comum encontrar, pelas ruas da Bahia, crianças, adultos , a espera de um prato de caruru, aliás, na Bahia, não se diz São Cosme e São Damião e sim São Cosme e Damião), para o caruru dos santos. A dupla imagem de madeira ou uma simples gravura emoldurada é exposta numa caixa enfeitada em papel de seda colorido, envolta em fitas e cheia de flores, rosas ou flores de laranjeira, muitas vezes. Não se pode comemorar santos tão populares nos lares baianos sem que se peça esmola para a missa.
Uma mesa farta e muitos doces fazem a festa no dia 27 de setembro .
Vale tudo para se fartar de uma prato de caruru: pode-se ir às ruas, sem a menor cerimônia, e esperar que pessoas simplesmente ofereçam as quentinhas do farto prato ou pode-se ir até a casa de familiares e amigos durante o período do mês de setembro para prestigiar os santos e saborear as iguarias afro-baianas.
Ovo cozinho cortado em rodelas, inhame, batata doce e abóbora .
Grande também é o número de lares baianos que festejam o grande dia dedicado aos dois mártires da Igreja. Tão populares como São João, como Santo Antônio, os dois santos têm a sua festa comemorada sobretudo com um grande almoço, o caruru dos santos.
No candomblé Cosme e Damião são filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os santos gêmeos possuem muitos simpatizantes e devotos, estes que todo ano fazem caruru para eles, chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi) cita em seu livro “Cosme e Damião, O culto dos santos gêmeos no Brasil e na África” por Vivaldo da Costa Lima.
Em casa em que haja gêmeos: ou que os santos tenham evitado partos gêmeos. Ou que promovam a festa como tradição de família. Nenhum dia melhor para se saborear um grande almoço da cozinha baiana do que o 27 de setembro.
Em casa onde existam Cosme e Damião, não entra epidemia, porque eles foram sempre considerados advogados contra “feitiços, bruxarias, mau olhado e espinhela caída”. Isso quanto às origens européias da devoção. No que se refere ao ramo africano, sabe-se que foram os nagôs que nos trouxeram os seus gêmos, Ibeji, transformados numa das maiores tradições vivas das populações baianas, especialmente. Nas casas de famílias católicas, suas imagens são comumente encontradas, em oratórios, pequenos altares ou simples prateleiras reservadas. No seu dia, estes pequenos altares tem desde de simples velas acesas, a oferendas como mel, caruru, balas e farofas de azeite. É comum també, distribuir pequenos saquinhos recheados de doces, balas e brinquedos as crianças nas ruas, comunidades onde se habita.
Tem que ter muitos doces na festa de São Cosme e São Damião .
Desde a véspera, a movimentação todas é em torno da finalização do preparo da comida de preceito: caruru, vatapá, muito camarão seco, leite de coco, azeite, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado,coco seco cortado em tirinhas,inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana cortada,acarajé, abará e ovo em rodelas.
De origem Africana, a comida baiana se revela na festa de São Cosme e São Damião .
Os primeiros a serem servidos são os donos da festa: São Cosme e São Damião. As oferendas são precisamente colocadas no altar decorado para a ocasião Procedida a cerimônia, chamam-se os sete meninos, especialmente convidados para iniciar a comilança. A tradição manda que se prepare uma roda de sete meninos. Geralmente é colocada uma toalha de mesa no chão e as crianças se sentam ao redor. Eles geralmente sentam-se no chão e comem em pequenos pratinhos de barro, ou em um único grande prato como uma bacia. Não usam talheres, usam as mãos. Mas algumas mudanças já ocorrem em torno da tradição do Caruru de cosminho como misturar meninos e meninas, comer com talheres; ao final eles levantam-se e juntos cantam a musica de Cosminho juntos com os outros convidados da festa.
“São Cosme mandou fazer
A sua camisa azul
No dia da festa dele
São Cosme quer Caruru
Vadeia Cosme, vadeia!
Vadeia Cosme, vadeia!”
“Cosme e Damião
Vêm comer teu Caruru
Que é de todo ano
Fazer Caruru pra tu
Vem cá, vem cá, Dois-dois
Vem cá, vem cá, Dois-dois
Comer um "pratinho" de caruru já faz parte da cultura baiana. D. Antônia, devota de Santo Antõnio, já perdeu as contas de quantos carurús já fez em companhia da família.
E já os garotos estão comendo, no seu lambuzado e na sua alegria, e os adultos, em redor, cantam deliciosas toadas. Se acabam, levantam a tigela e cantam:
Vamos levantar
O Cruzeiro de Jesus
No céu, no céu, no céu
A Santa Cruz
Antes, outras canções são entoadas, com grande entusiasmo dos presentes, meninos ou adultos:
São Cosme me mandou fazer
Uma camisinha azul
Quando chega o dia dele
São Cosme quer caruru
E mais:
São Cosme e São Damião
Cheira cravo, cheira rosa
Cheira flor de laranjeira
Vadeia Cosme, vadeia
Vadeia Cosme na areia
O jornalista e poeta Cláudio Tuiuti Tavares recolheu, em excelente estudo sobre Ibeji, variantes destas cantigas e numerosas outras como:
Cadê sua camisa
Dois-dois!
Dois jogando bola
Com ela
Dois jogando bola
Quem não tem pena
Mamãe
Quem não tem dó
De ver Dois-dois
Na roda
Brincando só
Cosme e Damião
Ogum e Alabá
Vamos catar conchinha
Na beira do mar
Os apreciadores da festa e do farto prato típico têm lugar certo para comê-lo gratuitamente do seu grande dia de festejo: Caruru dos Sete Poetas, Mercado das Sete Portas, Instituto de Artesanato Mauá, Mercado de Santa Bárbara, Mercado Modelo.
Padroeiro dos farmacêuticos, médicos, babeiros e cabeleireiros, São Cosme e Damião protege as crianças , os orfanatos, creches,as doceiras filhos em casa, além de proteger com doençcas como hérnia e a peste.Os emblemas dos santos são caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.
Por que sete meninos são convidados de honra para o almoço de Cosme e Damião?
Havia sete irmãos: Cosme, Damião, Doú, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi, todos mabaças, e é por isso que se torna necessário dar o caruru em honra de sete meninos, especialmente convidados.
Mas, se os festejos são profanos, como os famosos carurus, se das igrejas católicas saem procissões dos dois mártires, como a da Lapa à Soledade, nos terreiros dos candomblés se realizam durante todo o dia cerimônias e as mesmas comidas também são esmeradas para que Ibeji sinta, para sua maior glória, a fé dos seus devotos.
Um mês depois, no dia 25 de outubro, as cerimônias se repetem, embora com menos intensidade: comemora-se a festa de São Crispim e Crispiniano, também mabaças e confundidos na crendice popular com Cosme e Damião, cujas imagenzinhas com sua palma, sua pena e seu livro, estão em quase todos os lares da Bahia, de negros ou de brancos, de pobres ou de ricos, que tenham coração para crer, com sua fé inabalável, nos grandes protetores da saúde da espécie humana. "
(TAVARES, Odorico. Bahia; imagens da terra e do povo)
Fontes: www.dihitt.com.br/noticia/o-caruru-de-cosme-e-damiao
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