Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Luís Fernando Veríssimo como entrevistado de Marcelo Paiva



A revista Bravo! publicou uma entrevista feita pelo escritor Marcelo Rubens Paiva com o também escritor Luis Fernando Veríssimo. Para ler a entrevista completa, acesse a matéria MRPaiva adiciona LF:

Marcelo: Vamos fingir que somos intelectuais, vamos falar coisas inteligentes. Você não se candidata de jeito nenhum a uma cadeira da Academia Brasileira de Letras?

Verissimo: Me perguntaram isso e eu respondi que nem tenho uma obra que mereça a honra de estar na academia, nem o físico para o fardão. Ainda mais que o (escritor gaúcho) Moacyr Scliar me disse que a gente não fica com a espada, é só para a fotografia. Mas a academia melhorou, depois que parou de aceitar generais e celebridades.

Marcelo: Voltando ao papo inteligente, por que a Jade, o Diego e a gauchinha Daiane dos Santos tremeram na Olimpíada? É verdade que, na hora H, o atleta brasileiro surta? Apesar do penta, temos complexo de inferioridade?

Verissimo: Pois é, dizem que nos falta uma política de incentivo aos esportes e também equilíbrio emocional aos nossos atletas. Mas eu tenho que confessar que simpatizo com o desequilíbrio emocional. Acho que deveria se dar medalha pelo melhor choro, o melhor beijo para os familiares, o perdedor mais patético etc. Fora a russa do salto com vara, que chorou como uma brasileira, os frios ganharam quase tudo.

Marcelo: É verdade que é a primeira vez no Messenger? E blog, você lê?

Verissimo: É. A Fernanda, minha filha, teve que me ensinar como funciona. Resistirei até o fim (o meu) contra o celular e estes mistérios da internet.

Marcelo: Você vê televisão?

Verissimo: Vejo mais TV a cabo. Estou sempre atrás de reprises do Seinfeld. Vejo Jornal Nacional e futebol.

Marcelo: Você ainda escreve as crônicas “em cima” do deadline?

Verissimo: É vício de jornalista. O pior é que a gente acaba fazendo os romances, também, quando o prazo está estourando. Eu sempre digo que a musa mais eficiente do escritor é o prazo de entrega.

"Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda." (O Gigolô das palavras- Luís fernando veríssimo).

Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

É casado com Lúcia e tem três filhos.

Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.

Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.

Escritor prolífero, são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira , Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé,O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios.

Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.

Na opinião de Jaguar "Verissimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo pelaí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite a dentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço."

Extremamente tímido, foi homenageado por uma escola de samba de sua terra natal no carnaval de 2.000.

© Projeto Releituras
Arnaldo Nogueira Júnior.

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