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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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domingo, 18 de outubro de 2009
A ETERNA INDECISÃO ENTRE O OURO (MATÉRIA REAL) E A VIRTUDE (ESPÍRITO IDEAL): O CONHECIMENTO RACIONAL DO HOMEM E A EXPERIÊNCIA SENSÍVEL
"O único tirano que aceito em minha vida é uma voz doce e suave em meu interior" - Gandhi
"O ouro e a virtude são como dois pesos colocados nos pratos de uma balança de tal modo que um não pode subir sem que desça o outro" - Platão
"A ardente aspiração de nos conhecermos e de conhecer nossos semelhantes encontrou expressão na sentença délfica: "conhece-te a ti mesmo". Esta é a fonte principal de toda psicologia. Como, porém, o desejo é o conhecer tudo sobre o homem, seus mais íntimos segredos, tal desejo nunca pode ser efetivado no conhecimento de tipo normal, no conhecimento só pelo conhecimento. Ainda que conheçamos mil vezes mais sobre nós mesmos, nunca alcançaremos o fundo. Permaneceremos ainda um enigma para nós próprios, como nossos semelhantes continuarão sendo um enigma para nós. O meio único de conhecimento completo está no ato do amor: esse ato transcende o pensamento, transcende as palavras. É mergulho ousado na experiência da união...O problema de conhecer o homem é paralelo ao problema religioso de conhecer Deus" (1).
"Em geral o homem está tão atarefado pelo imediato viver, que gasta a maior parte de seu tempo e o melhor de suas energias para construir um arranjo existencial que lhe dê a sensação de bem-estar e segurança material. Isso quer dizer que em geral o homem não filosofa, não discute os pressupostos de seu arranjo, não des-vela o vigor que o move e domina. Ele está num concreto arranjado. Vive-o. E quando pensa faz mais ideologia que filosofia, isto é, pensa elucubrando teorias e idéias que falam mais de um determinado modo de viver que da própria vida" (2).
"Ocupados na tarefa do uso do conhecimento, os homens perdem o "verdadeiro" sentido do conhecimento" (3).
"Pois, todo saber real é um saber crítico, quer dizer, consciente de si mesmo, de seus projetos, de seu significado, de seu alcance, de seus limites, de suas possibilidades. Portanto, ele é ao mesmo tempo um saber do conteúdo e um saber do saber" (4).
"Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas do momento. Antigamente o campus de uma universidade era uma espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se chocavam com a atenção que você dedicava à vida interior, nem com a magnífica herança humana que recebemos de nossa grande tradição - Platão, Confúncio, o Buda, Goethe e outros, que falam dos valores eternos, que têm a ver com o centro de nossas vidas. Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida, aí bem, se você não souber onde está ou o que é esse centro, você vai sofrer. As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de toda gente. Tendo sido suprimidas, toda uma tradição de informação mitológica se perdeu. Muitas histórias se conservavam, de hábito, na mente das pessoas. Quando a história está em sua mente, você percebe sua relevância para com aquilo que esteja acontecendo em sua vida. Isso dá perspectiva ao que lhe está acontecendo. Com a perda disso, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada semelhante para pôr no lugar. Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e enformaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta" (5).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
(1) FROMM, Erich. A Arte de Amar. p.44
(2) BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao Pensar, p.172.
(3) HÜHNE, Leda Miranda. Metodologia Científica: Caderno de Textos e Técnicas. Rio de Janeiro: Agir, 1988, p.38.
(4) LEADIRIDRE, Jean, Filosofia e Práxis Científica, p.45.
(5) CAMPBELL, Joseph- O Poder do Mito: Joseph Campbell, com Bill Moyers, São Paulo: Palas Athena, 1990, p.3-4.
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Obs.: A questão que se coloca para o homem moderno não é aquela de escolher ou seguir um caminho de perfeição. Mas, entre saber superar a ilusão da percepção do ego e transcendê-la para ver com mais propriedade a essência por detrás das aparências do mundo humano. Em outras palavras, cada ser humano precisa perceber o epifenômeno em que se está inserido onde as realidades se entrelaçam e escondem as suas diversas dimensões na multidimensionalidade do ser. Querer enxergar a realidade a partir de uma visão tridimensional racional é uma limitação que precisa de disciplina interior para ser superada. A verdade da realidade nunca é dada, mas conquistada pelo esforço pessoal de transformar o desconhecido em conhecido, e o conhecido em autoconhecimento de si e do cosmo. Esse é o desafio humano em todos os tempos: Luz e mistério; imanência e transcendência; humano e supra-humano; saber e ignorar as leis; viver e morrer.
A vida nos foi dada para que possamos revelar a luz que existe e sempre existiu em nós. Não basta crer e viver guiado apenas pela razão e o instinto. Temos que superar a crença pela força da fé; superar o instinto pela força da intuição. Viver e não apenas sobreviver; amar e não apenas desejar. "Vós conhecereis a Verdade - a Verdade vos libertará" - Bíblia.
O propósito de tudo é o mistério da consciência em seu processo evolutivo. Pois, "entre o céu e a terra existem tantos mistérios, que nossa vã filosofia....".
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2 comentários:
"Amar e não apenas desejar", nesse estágio vivo com resquícios !
É verdade....como é difícil saltar um degrau!
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