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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Insensatez - por Socorro Moreira


Hoje eu disse hoje pra uma amiga que o meu coração está aposentado, que ele pendurou as chuteiras,e que foi promovido para técnico amoroso.

Pensando bem, eu mesma o destitui da posição de técnico. Quem pensa que sabe , nem adivinha ! As coisas do coração são mesmo indecifráveis...Não exatamente complicadas !

Raros são os encontros , e a paciência no amor é quase utópica. Admiro os pares que se aturam , e acabam construindo uma realidade amorosa, nem sonhada , de tão linda !

Parece até que, inconscientemente, temos certeza de que existimos sozinhos. Mas o desafio de achar a companhia certa , está internalizado , e vive de teimosia.

A paixão é uma loucura que o amor cura.

A paixão acontece , num cruzar do olhar, numa troca de versos, num momento mágico. Se for alimentada , e dependendo do alimento, ela nos enlouquece , como um porre de vinho. Mas quem sabe amar, cura a paixão , empresta-lhe equilíbrio, e vai acertando os desencontros com novos tipos de encantos.

Existem pessoas que são vulneráveis a qualquer encanto. Sentem paixão por um, amam outros; na presença de um , sentem a falta do outro; não conseguem se definir;vivem o desequilíbrio e a eterna inquietação amorosa ; só valorizam a paixão: "São loucos !"

Hoje escutei de uma amiga : " não existe felicidade com traição".Quem ama está vulnerável, sim! Se a gente desiste de uma pessoa, ela torna-se vulnerável , e pode amar de novo. Às vezes a melhor e única solução é promover a liberdade do outro. Soltar o pássaro da gaiola, e também voar ...A coragem de ser livre não implica em perdas...É ganho de si mesmo !

Tem gente que é louco de paixão, e não sabe administrar sentimentos. O fado é solidão !

Tem gente que tem vocação para solidão. Abraça o destino , e se acompanha de outros afetos, que podem ser verdadeiros.

Fiquei muito estranha quando descobri que eu estava curada das paixões. Que o amor pode ficar longe, em até noutro plano... Que a vida não nos esconde alegrias, e que é cómodo dormir e acordar sozinha.

Mas uma coisa é certa ... Não adianta driblar o coração. O olhar e a palavra conseguem trair,mas o coração é fiel; não se engana, nem engana ; ele é curado de paixão, quando percebe que o amor gosta de respeito e lealdade; que a gente perde o que não merece... E que a paciência faz com que a gente ganhe o bem desejado.

Acho que escrevi pra mim mesma . Espero que outros se identifiquem com o texto, e me acrescentem um recado.

Socorro Moreira




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4 comentários:

Ângela Lôbo disse...

Apesar de discordar em alguns pontos, me identifico perfeitamente no tocante à liberdade: "A coragem de ser livre não implica em perdas... É ganho de si mesmo!".
Você encontrou a definição que a muito tempo eu buscava.
Achei nostálgico essa questão de pendurar as chuteiras. Acredito que seja um cansaço momentâneo. Logo, logo a guerreira desperta e entra em campo com tudo que tem direito.
Olha a vida passando, mulher!

socorro moreira disse...

A vida sempre me levou pra onde ela quis. Esse cansaço é de vida !


Um beijo. Saudades de ti.

Nilo Sergio Monteiro disse...

Socorro, o texto é nostálgico e carrega uma pesada descrença. Vou fazer de conta que vc me enviou um "recado" e vou responde-lo fazedo uma análise de um caso imaginário. Como vc me disse degustando um café na sua residencia, vc me via preso inexplicavelmente a uma dicotomia. Eu fiquei calado...pois estava pensando. Acho que vc errou por falta. Te explico no meu diucurso amoroso. Fatos são apenas fragmentos de um aconteciento mais amplo. E se nalisados só por eles em sim, conduzem a diagnoses apressadas. Defesa de uma parte!
Esquecimento da outra.
Mas, como diz Leminski:

Paulo Leminski
(Brasil, 1944-1989)


já fui coisa
escrita na lousa
hoje sem musa
apenas meu nome
escrito na blusa

Edilma disse...

DICOTOMIA
Divisão entre duas partes ou opiniões, geralmente de coisas opostas ou contraditórias.
Vivemos entre o bem e o mal.