Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Bibi Ferreira




Abigail Izquierdo Ferreira (Rio de Janeiro RJ 1922). Diretora e atriz. Filha do ator Procópio Ferreira, criada desde cedo nos palcos, Bibi Ferreira desenvolve ao longo de sua carreira um reconhecido talento como atriz e diretora de musicais de todos os tipos. Sua pequena estatura se transforma na interpretação de personagens como Joana, de Gota d'Água, ou Piaf, homenagem à cantora francesa.

Entra pela primeira vez no palco aos 24 dias de nascida, substituindo uma boneca que desaparecera da contra-regragem. Seu pai, Procópio Ferreira, inicia a carreira de ator na companhia de Abigail Maia. Aos três anos, estréia no Chile, na companhia Revista Espanhola Velasco, onde sua mãe, Aida Izquierdo, trabalha como corista. Participa de uma turnê por toda a América Latina, interpretando ao final do espetáculo um pout-pourri da própria revista. Volta ao Brasil com pouco mais de quatro anos,e até os 14 participa, de óperas e balés, integrando o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Estréia, pelas mãos do pai, na comédia La Locandiera, de Carlo Goldoni, no papel-protagonista de Mirandolina, em 1941. No ano seguinte, viaja com o repertório da companhia para uma temporada em São Paulo, que se estende para o sul do país e interior de São Paulo, em mais de 30 cidades. Em 1944, Bibi inaugura a própria companhia com Sétimo Céu, e contrata, entre outros atores, Maria Della Costa e Cacilda Becker, e a diretora Henriette Morineau. É um momento de transição, marcado por mudanças como a supressão do ponto e a convenção das cortinas no início e final de cada ato. Em 1946, vai para Londres estudar direção na Royal Academy of Dramatics Arts. Na Inglaterra, estuda e trabalha em cinema. Em 1947, estréia como diretora em Divórcio, de Clemence Dane, em que também atua, como filha do personagem interpretado por Procópio. Em 1949 interpreta Carlos, protagonista de O Noviço, de Martins Pena. Com sua companhia, viaja para o sul do país com um repertório de cinco espetáculos.

Na década de 50, recebe o prêmio dos críticos do Rio de Janeiro pela direção de A Herdeira, de Henry James, 1952. Dá aulas de direção e interpretação no Teatro Duse e na Fundação Brasileira de Teatro - FBT. Contratada pela Companhia Dramática Nacional - CDN, dirige, entre outras, Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, em 1954. Nomeada diretora da Companhia de Comédia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, revela peças brasileiras como A Casa Fechada e Sonho de Uma Noite de Luar, ambas de Roberto Gomes, em 1955. Simultaneamente a essas atividades, mantém a regularidade de suas produções e viagens pelo Brasil. Em 1956, depois de se apresentar em Recife, leva o repertório de sua companhia para Lisboa, atuando também nas apresentações de Deus lhe Pague, de Joracy Camargo, pela companhia de Procópio, em que ela dirige O Avarento, de Molière, e A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo. Em Portugal, é contratada como atriz de teatro de revista. Sua interpretação da música Tic-Tac - gravada no disco Quando Bate Um Coração - é considerada antológica pelo comediógrafo César de Oliveira. Retorna ao Brasil em 1960.

Na década de 1960, além de atuar em musicais de teatro e televisão, trabalha em teleteatro. Por sua atuação em My Fair Lady, de Alan Jay Lerner e Frederich Lowe, na temporada paulista do espetáculo, em 1964, ao lado de Paulo Autran, Jaime Costa, Sérgio Viotti e Elza Gomes, recebe o Prêmio Saci, em São Paulo. Em 1968, apresenta na TV Tupi o Programa Bibi ao Vivo, que durante dois anos leva à televisão os maiores nomes do teatro.

Na década de 1970, o musical Brasileiro, Profissão: Esperança, de Paulo Pontes, dirigido por Bibi, é um sucesso, tanto com Maria Bethânia e Ítalo Rossi, em 1970, quanto com Paulo Gracindo e Clara Nunes, em 1974, quando bate recordes de público no Canecão. Em 1972, atua em O Homem de La Mancha, traduzido por Paulo Pontes e Flávio Rangel, com versão das canções feitas por Chico Buarque e Ruy Guerra, que permanece em temporada, em diversas cidades, durante três anos. Em 1975, estréia em Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, sob a direção de Gianni Ratto, que permanece em cartaz até 1977 e recebe os prêmios Molière e Associação Paulista dos Críticos de Artes - APCA, pela interpretação de Joana. Em 1976, dirige Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e 50 artistas em Deus lhe Pague, de Joracy Camargo.
de Bibi, feita de tantas iluminações".1

No Rio de Janeiro, Macksen Luiz não é menos arrebatado pela interpretação da atriz: "A platéia é, virtualmente, dominada pelo magnetismo de Bibi Ferreira, que ocupa o palco como se estivesse se apropriando do que sempre lhe pertenceu. Mas essa força teatral não se pode atribuir apenas a um talento brilhante, mas a uma preparação técnica como poucos atores brasileiros têm possibilidade de acumular".2

Nos anos 1990, Bibi Ferreira revive seus maiores sucessos remontando Brasileiro, Profissão: Esperança e fazendo um espetáculo em que canta canções e conta histórias de Piaf. Em Bibi in Concert, comemora 50 anos de carreira e, depois de anos de temporada, faz o Bibi in Concert 2. Em 1996 recebe o Prêmio Sharp de Teatro, encena Roque Santeiro, de Dias Gomes, em versão musical, e dirige pela primeira vez uma ópera - Carmen, de Georges Bizet, 1999.

Notas
1. MAGALDI, Sábato. Piaf, criação maior de Bibi: obrigatório. Jornal da Tarde, São Paulo, 12 jul. 1983.


2. LUIZ, Macksen. Bibi: irretocável. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 03 maio 1986.

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