A poncheira de vidro
tua cúmplice.
Em um dia febril
pousou dentro dela
um beija-flor.
Era aquele tempo
em que passarinhos
invadiam nossa casa.
Tua poncheira de vidro
ficou branca de susto.
O beija-flor partiu
arranhando as asas
pelas paredes
do corredor.
Era aquele tempo
em que nossos corpos
de madrugada se tocavam.
Eu te beliscava.
Tu entortavas meu dedo.
Tudo que vejo e sinto agora
muda de olhar a cada instante.
Só não me seguem
os beija-flores.
Também tenho absoluta certeza
que a poncheira de vidro
não é a mesma.
Um comentário:
Esse é nosso poeta
que a tudo vê e a tudo faz virar poesia.
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