Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 1 de agosto de 2010

São João em Aldeia - Por Marcos Barreto de Melo






ESSE TEXTO É DEDICADO A TERESA E ALEXANDRE PERETTI, ANFITRIÕES DA FESTA.










NUMA SALA DE REBOCO



Pouco tempo antes de perder o seu grande parceiro musical, o poeta e compositor Pernambucano Zé Dantas, prematuramente desaparecido em março de 1962, Luiz Gonzaga excursionava pelo nordeste quando, de passagem pela Paraíba, foi procurado por um cidadão que se dizia seu fã e admirador. Era o poeta José Marcolino, paraibano da cidade de Sumé, que logo tratou de mostrar suas poesias ao Rei do Baião. Luiz Gonzaga, entusiasmado, não exitou em demonstrar o seu interesse pelo trabalho deste poeta e prometeu-lhe gravar estas músicas no seu próximo LP, o que ocorreu em 1962 quando lançou o LP Ô VEIO MACHO, no qual seis das doze músicas gravadas são composições deste seu mais novo parceiro.
Mais tarde, já no ano de 1964, Luiz Gonzaga gravou o LP A TRISTE PARTIDA. Neste disco de doze faixas, mais quatro músicas do poeta de Sumé foram interpretadas pelo Rei do Baião, dentre elas o xote NUMA SALA DE REBOCO (Luiz Gonzaga - José Marcolino), a que mais se destacou pela brejeirice dos seus versos e pelo ritmo convidativo à dança.
Descreve este xote o sentimento de um caboclo sertanejo pela sua doce amada, numa daquelas raras oportunidades em que lhes é permitido um encontro. Numa casa com chão de barro batido e paredes de taipa, com o reboco feito à mão, e sob a luz mortiça de um fumacente candeeiro, o fungado de uma sanfoninha de oito baixos determina o clima e comanda a alegria. É nesse ambiente mágico que o matuto esquece da sua rudeza nativa e, aproveitando-se do gemido da concertina, confessa em surdina a sua dor e o seu amor por aquela menina, certo de que ninguém está notando a sua conversa. Ainda que acuado pelos olhares reprovadores do pai da moça, tudo agora é festa e alegria no seu coração. Tristeza, só ao nascer do dia, quando o samba se acabar. Mesmo assim, ele se despede da amada e vai para casa, levando na lembrança o tom daquele vestido encarnado, e na mente, ainda, o toque da sanfona e a batida cadenciada da zabumba. No ar, o seu perfume. Para ele, é como se a festa ainda continuasse.
Dançar NUMA SALA DE REBOCO é mesmo diferente.Tem o seu encanto, tem a sua magia.Tudo parece ser sinônimo de festa e de alegria. Enfim, um privilégio do matuto sertanejo. Pensando nisto e com o intuito de para cá transportar este clima, foi que Tetê e Alex deram a este ambiente o nome de SALA DE REBOCO. Além de resgatarem a lembrança de Luiz Gonzaga e de José Marcolino, autores deste tão delicioso e legítimo xote pé de serra, também criaram um espaço bonito, aconchegante e, agora, amplo o suficiente para acomodar toda a alegria e hospitalidade deste casal.
Pois bem. Você agora está NUMA SALA DE REBOCO. Entre neste clima. Libere suas energias, dance e divirta-se. Aqui só há lugar para a alegria. Tristeza, só lá fora. Ou, quem sabe, amanhã, quando o sol raiar e a sanfona se calar.


Marcos Barreto de Melo

3 comentários:

socorro moreira disse...

Tetê , precisamos do seu e-mail.
Envie para sauska_8@hotmail.com.

Grande abraço !

Aloísio disse...

Marcos,
Participar do São João na Sala de Reboco foi um grande presente pra mim, agora ser retratado no Cariricaturas, é demais. Seu texto como sempre nos lembrando destes grandes baluartes nordestinos.
Grande abraço

João Marni disse...

tetê queremos ir para esse são João... Bom Demais, bjsss