A tela
- Claude Bloc –
Nada de fechaduras largas entalhadas na madeira, não mais um baú cheio de lembranças, mas uma tela.
Agora meu sonho era mais leve e sofisticado e o material usado ali parecia esculpido e colorido como numa tela de Bruno Pedrosa. Na sala onde eu estava, portas enormes com puxadores de luxo, revestidos em cristal ! E a tela na minha frente se confundia com a cena e a cena com o cenário.
O tempo, naquele espaço, parecia blindado, inquebrável e a prova de “esquecimentos”. A tela, a mais cara aquisição que fiz em toda minha vida, a mais especial.
Porque não era uma tela qualquer onde se desenham coisas simplesmente, mas uma tela onde só poderiam entrar sonhos, fantasias e desejos! Um lugar em que eu guardaria através dos símbolos desenhados, e dali para frente, as novas sensações, as vontades e tudo o que almejo do futuro!
Depois, entraria no quarto e, acima da cama, eu o colocaria (onde seria, para sempre, o seu lugar).
Minha tela seria, então, uma peça que encantaria a mim e a todos e seria alvo de muitos suspiros dessa mulher que hoje sou.
Olhei delicadamente para o cenário e comecei pintar ali tudo o que já não cabia mais em mim. As vontades, os planos, a sede eterna pelo conhecimento e o desejo do mais prazeroso crescimento emocional, intelectual e racional.
Nessa hora, o celular despertou e acordei. Como era esperado, abri os olhos e ao lado da cama obviamente que não havia nada.
Mas em meu sonho sim, ela estava lá! E ficaria para sempre comigo! Nas cores que escolhi, do meu jeito, e guardando nela - minha tela - o combustível infinito da minha vida: meus sonhos!
Claude Bloc
2 comentários:
Claude Bloc com este sem título, mas que poderia ser A TELA, acaba de resumir uma verdade dos blogs. Qual seja? Vamos postando,cometando, no dia-a-dia o que parecem fragmentos. O leitor eventual perceberá ali vários "ensaios", mas aquele leitor diário encontrará uma narrativa. E Claude faz uma das viagens mais difíceis da vida: um sonho de seu passado que não é mais passado pois cheio dos momentos de agora. Quando captura sua alma nas cenas da Serra Verde, ela a quer de volta, como era, como é e como será. O quê parece um sonho do qual acordará: se tornou um roteiro de se achar, de criar e chamar os amigos para brincar. Já fez atração a muitas pessoas, suas brincadeiras de triplex (duplex) na poesia é bem isso. Por que disse que era difícil? É que a corosão da sobrevivência à margem desta viagem extrai, continuamente, os elementos que a compõe. Acho que a Claude tem mantido o tom e bem se preservado da corrosão.
Sonhar é saber imaginar de forma simples, mas rico em detalhes e nos sonhos pintamos as mais belas telas que de tão ricas torna-se grandiosa como você em seus escritos.
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