Os sonhos são migalhas
do trapo humano que somos
mas é a vida que temos
e devemos louvá-la
soltando uivos
debaixo da lua minguante
os pés pelados
em água quente
as mãos postas
os dedos entrelaçados
o ventilador limpo.
Filho, não pule do abismo
com medo de bicho peçonhento.
Esmague,
esmague a cauda
e ponha guizos.
Um comentário:
Poeta Camarada,
Legal ouvir tuas recomendações, dadas por umm pai bondoso a um filho querido, e que também nos serve, porquanto simbólicas. A poesia pode ser também comportada, higiênica, familiar, porta-voz dos bons costumes e da tradição (e da família, e da propriedade e da religião... ou não!). Estou de "saco-cheio" dessa história de que a poesia é filha rebelde e bastarda da literatura, sem opção, e que é tão-somente a própria contravenção (antigamente diriam: rebelde sem causa, semente da violência, juventude transviada). Foda-se a poesia mau-comportada. Ela até parece um bicho-grilho de boutique, "paladina da moralidade às avessas", visto que só sabe obedecer aos desregrados de plantão em sua indigestão moral.
Valeu poeta, por esses versos tranquilos, lúcidos, caretas e bem-comportados.
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