Meus amigos contemporâneos de la Belle Epoque do Cratim de Açucar principalmente no tocante a vida de estudantes secundaristas. Lembram a hora do recreio na Praça da Sé onde nos reuníamos por uns 15 minutos bem aproveitados pra botar os "papos em dia e ouvir as últimas fofocas"? E, claro! Dar uma paquerada, pois as estudantes dos colégios vizinhos sabendo que os meninos do Diocesano marcavam presença ali, afluiam em massa. Mas bom mesmo eram os ensaios para o 7 de setembro, A festa da Penha, a queima de fogos ao meio dia com a Banda de Mestre Azul tocando uns dobrados e nós sentados naquele batente maravilhoso da Igreja. Falando em 7 de Setembro vocês recordam da FARDA DE GALA do nosso amado Diocesano?
Vou avivar suas memórias. Calça de brim azul com duas listas paralelas pretas. Túnica branca com botões dourados e manga revirada no final com debrum em cordão azul. No ombro, galões em azul com dourado, camisa branca com gravata preta, luvas brancas impecáveis e um quepe tradicional branco, azul e preto e o escudo do Colégio. Na véspera do desfile eu não dormia direito! Ficava revirando na cama e olhando de vez em quando para a cadeira com aquele belo conjunto (objeto de desejo das meninas em nos ver dentro dela, assim me confidenciaram algumas amigas dessa época). A calça da farda de tão engomada ficava dura sem dobra em cima da cadeira. Sério! Pra vesti-la pela manhã subia na cadeira e pulava dentro literalemnte com a ajuda de minha mãe que a segurava. Tudo pra não ter uma dobrinha siquer! Quando concluido esse ritual ficava duro que só uma vassoura, não dobrava o braço , não me sentava e mal respirava até a hora do desfile!
Mas vamos a "história" de hoje. Eu era frequentador assíduo da casa de D. Telma Saraiva pela grande amizade que mantinha com o Ricardo. Mas nessas andanças fui despertando uma "paixonite" por Edilma que não me dava a menor bola. Tentei várias artimanhas mas ela firme. Fazia de conta que não via nada! Muitos colegas descobriram essa "queda" e ficavam dando corda. Me lembro que namorei com Franceury Teles que morava quase em frente e pensava: agora ela vai ficar enciumada. Nada. Nariz arrebitado, carinha de não tô nem aí...e não estava mesmo. Bom, chegou o dia do desfile. Monsenhor me chamou e disse: "zizinho", esse ano voce vai ser o Porta Bandeira, preste bem atenção! Conduzir o pavilhão da Pátria é uma honra pra qualquer cidadão. Olha a responsabilidade, está me ouvindo? Eu respondi - tô sim Monsenhor!
Escolha entre os seus colegas os guarda bandeira e comecem a ensaiar. Um soldado do Tiro de Guerra vem ai pra dar as instruções". Chamei Luiz Carlos, Barrinho, Orlando e José Sévio. Treinamos todos os dias. Enfim chegara o dia 7 de Setembro. Depois daquele ritual citado anteriormente mamãe me fez engulir uma "vitamina de banana" e uma tapioca com queijo servido na boca! Lógico! Eu não podia dobrar o braço pra não amassar a túnica gente! Quando estávamos formados na frente do Colégio para a Cerimônia do Hino Nacional, Luis Carlos me diz: Nilo Sérgio, adivinha quem é a baliza do Estadual? E tá com um shortizinho que você precisa ver! Eu disse quem é? Edilma Saraiva! E a turma caiu numa risadinha cúmplice e eu cá comigo pensei: caramba! Como é que eu vou fazer pra ve-la? Tive sorte que fomos o segundo Colégio a desfilar e o Estadual o último. Assim que encerramos nossa passagem pelo palanque das autoridades e veio a ordem pra debandar, enrrolei a bandeira e saí em disparada para a Praça da Sé. Esqueci que Monsenhor determinara que após o desfile as alas principais de instrumentos e outros adereços tinham que apresentar-se no Colégio e principalmente se ganhassemos o prêmio de melhor apresentação.
Pois bem, cheguei esbaforido em frente a Matriz...ainda a tempo de ver passar garbosa e cheia de graça, ELA, a Baliza do Estadual! Não me lembro se aquele sorriso foi pra mim, mas entendi que era, na dúvida! Mas acontece que deixei a bandeira do Brasil enrrolada em cima do banco da praça. Quando Edilma passou...ainda fiquei olhando-a de longe...quando me virei pra pegar a bandeira, gelei! Não estava mais em cima do banco. Pronto...e agora? Monsenhor vai me matar! Vou ser expulso! Eita, se meu pai souber me mata. Era tanta morte que eu nem cabia nos caixões! Como é que eu vou chegar no Colégio? Andei pra todo lado perguntando e nada, suava em bica. Tudo por causa de uma baliza! Pensei então, vou tomar emprestado a Bandeira do Santa Teresa, até a nossa aparecer. Confiava no cartaz com as freiras, Irmã Siebra e Irmã Maria de Fátima. Mas aí uma alma santa me chama e diz: "Olha é voce que está procurando uma Bandeira do Brasil? Eu vi um soldado do Tiro de Guerra passar com uma bandeira e desceu rumo a Siqueira Campos. Não sei se é a sua! Outra carreira até o TG! Por sorte o Sargento Rufino (que seria anos depois meu instrutor) me entregou a bandeira mas sem antes me passar um rela! Sai feliz da vida rumo ao Diocesano, bandeira na mão, baliza na cabeça! Enfim, tudo terminou bem e ainda fomos Campeão naquele ano!
3 comentários:
Dr. Nilo Sérgio me pediu autorização para contar este fato dos Zizinhos de Monsenhor em relação ao desfile de 7 de setembro.
Permissão concedida.
As balizas eram os destaques dos colégios. Havia uma disputa dos figurinos,sempre Divane Cabral levava a melhor claro,mas naquele ano Maildes Siqueira foi sucesso com a baliza do colégio Estadual.
Obrigada pela homenagem !
Mr. Nilo
O bom nisso tudo é trazer de volta o Crato amado, idolatrado, salve, salve. O Cratim de todos os tempo.
Nilo,ainda falta a do esqueleto...
Num esquece.
Abraço,
Claude
Claude, o "esqueleto! tá aí em pé te aguardando para um comentário...rsss
tarefa cumprida.
beijo
Postar um comentário