DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
A viração desatava os cabelos lisos e negros de Flor,
punha-lhe o sol azulados reflexos.
No barulho das ondas e no embalo do vento.
Rompeu a aldeia sobre o mar de Itapoã,
a brisa veio pelos ais de amor, e,
num silêncio de peixes e sereias,
a voz estrangulada de Flor em aleluia;
no mar e na terra aleluia, no céu e no inferno aleluia!
(Jorge Amado)
.
Morre aos 88 anos o mais querido
e popular dos escritores brasileiros.
Em sua obra, Jorge Amado desbravou
regiões inteiras do país e criou uma
galeria memorável de personagens
Jorge Amado morreu no último dia 6, aos 88 anos, de problemas cardíacos. Foi o romancista brasileiro mais lido da história. Foi também um dos mais queridos e admirados
http://veja.abril.com.br/150801/p_096.html
JORGE AMADO: VIDA, OBRA E ZÉLIA
Escritor baiano, nascido em Itabuna, desenvolveu uma trajetória que marcou profundamente a literatura brasileira e mundial. Jorge Amado retratou com propriedade a Bahia, os negros e os marginais numa escrita que falava do povo para o próprio povo. É enquadrado como integrante da geração de 30 do Modernismo brasileiro.
O momento político, econômico e social que o Brasil presenciava no início da década de 1930, provocou uma reação artística engajada e fortemente ideológica. O jovem Amado, participante ativo do cenário intelectual da época, em contato com outros nomes importantes da literatura como Jorge de Lima, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, produz, sobretudo nas suas primeiras obras como Cacau, Suor, e O país do Carnaval, uma escrita fortemente marcada por idéias socialistas.
Tornando-se uma referência internacional da literatura brasileira, cuidou de retratar em sua vasta obra a opressão e a miséria vivenciada pelas classes populares e pelo trabalhador rural trazendo à tona temas como o cangaço, a seca e o coronelismo. A Bahia foi o cenário social das suas obras, sendo contada para o mundo com toda a sua riqueza lingüística, cultural e religiosa, mas também revelada com um tom de denúncia que desnudou o preconceito e as mazelas sociais. Em Capitães de Areia, retratou o abandono vivenciado pelos meninos de rua em Salvador. Os conflitos entre os coronéis de cacau e dos exportadores foram mostrados em São Jorge dos Ilhéus, e Terras do Sem-fim. Sua intensa atividade política e literária lhe rendeu 4 prisões e 1 exílio, além de inúmeros prêmios de reconhecimento, como o Prêmio Camões, Nobel da literatura portuguesa em1994(Ao lado, obra do artista plástico baiano Calasans Neto).
Obras como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos, dentre outras, caíram no gosto do grande público, sendo adaptadas para o cinema e a televisão, difundindo os costumes da sociedade baiana. Nas palavras do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, proferidas numa crônica escrita quando da morte de Jorge Amado em 2001:
“(...) Quem mais, senão um gênio, teria criado toda uma nação, teria dado forma, expressão e identidade a uma terra e uma cultura como a Bahia, assim legando aos baianos e aos brasileiros em geral, pois a Bahia pertence a todos os brasileiros, um patrimônio inestimável? A Bahia não pode ser compreendida — e, por via de conseqüência, o Brasil não pode ser inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi(...)”
Em 1945, conheceu a escritora Zélia Gattai com quem dividiu 56 anos de sua vida até a sua morte. A escritora, fotógrafa e memorialista trabalhou ao lado de Amado na documentação e revisão de sua obra. Gattai começou a escrever suas memória aos 63 anos de idade; sua primeira publicação foi Anarquistas, graças a Deus, em 1979. Dentre diversas outras publicações, lançou, em 1987, a fotobiografia Reportagem Incompleta, em que reuniu fotos da vida e trajetória de Jorge Amado. Em 1988 publica ainda Jardim de Inverno, onde fala do exílio na Tchecoslováquia em companhia de Jorge Amado. Suas últimas publicações foram Códigos de família (2000) e Um Baiano Romântico e Sensual (2002).
Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de Cidadã da Cidade do Salvador. Desmpenhou um importante papel no cenário intelectual brasileiro, assumindo em 2001 a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, antes ocupada por Jorge Amado. Despediu-se em maio deste ano, aos 91 anos, deixando saudades.
JORGE AMADO E O ROMANCE TENDA DOS MILAGRES
Publicado em 1969, a obra foi tida pelo próprio autor como o seu melhor romance. O enredo se passa no Pelourinho na cidade de Salvador, onde residia Pedro Archanjo, o herói da estória, negro mestiço e intelectual, que se empenhou na documentação da cultura popular e nos estudos sobre a miscigenação do povo baiano, causando desconforto e repúdio na aristocracia baiana.
Sem dúvidas a obra fornece elementos essenciais para a compreensão da formação sócio-cultural da sociedade brasileira, a partir da apresentação de temas marcantes na obra de Jorge Amado, como as relações raciais entrelaçadas pelo preconceito, o candomblé, o sincretismo religioso e a miscigenação.
A partir da trajetória de Pedro Archanjo e de suas relações com Dr. Nilo Argolo, renomado professor da Faculdade de Medicina onde Archanjo foi feito bedel, são delineados os contornos do preconceito racial fundado na idéia de inferioridade dos negros para com os brancos. O mestre Argolo, ainda a essas alturas negando a miscigenação, defendia a segregação racial como forma de afastar a influência negra na cidade.
O romance teve duas adaptações: em 1977, foi a estréia do filme Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos; um pouco mais tarde, em 1985, surge como minissérie na Rede Globo (adaptação de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).
Portal Tô Sabendo
http://www.portaltosabendo.com.br/assuntos_enem/visualizar/jorge_amado_vida_obra_e_zelia.wsa
Morre aos 88 anos o mais querido
e popular dos escritores brasileiros.
Em sua obra, Jorge Amado desbravou
regiões inteiras do país e criou uma
galeria memorável de personagens
Jorge Amado morreu no último dia 6, aos 88 anos, de problemas cardíacos. Foi o romancista brasileiro mais lido da história. Foi também um dos mais queridos e admirados
http://veja.abril.com.br/150801/p_096.html
JORGE AMADO: VIDA, OBRA E ZÉLIA
Escritor baiano, nascido em Itabuna, desenvolveu uma trajetória que marcou profundamente a literatura brasileira e mundial. Jorge Amado retratou com propriedade a Bahia, os negros e os marginais numa escrita que falava do povo para o próprio povo. É enquadrado como integrante da geração de 30 do Modernismo brasileiro.
O momento político, econômico e social que o Brasil presenciava no início da década de 1930, provocou uma reação artística engajada e fortemente ideológica. O jovem Amado, participante ativo do cenário intelectual da época, em contato com outros nomes importantes da literatura como Jorge de Lima, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos, produz, sobretudo nas suas primeiras obras como Cacau, Suor, e O país do Carnaval, uma escrita fortemente marcada por idéias socialistas.
Tornando-se uma referência internacional da literatura brasileira, cuidou de retratar em sua vasta obra a opressão e a miséria vivenciada pelas classes populares e pelo trabalhador rural trazendo à tona temas como o cangaço, a seca e o coronelismo. A Bahia foi o cenário social das suas obras, sendo contada para o mundo com toda a sua riqueza lingüística, cultural e religiosa, mas também revelada com um tom de denúncia que desnudou o preconceito e as mazelas sociais. Em Capitães de Areia, retratou o abandono vivenciado pelos meninos de rua em Salvador. Os conflitos entre os coronéis de cacau e dos exportadores foram mostrados em São Jorge dos Ilhéus, e Terras do Sem-fim. Sua intensa atividade política e literária lhe rendeu 4 prisões e 1 exílio, além de inúmeros prêmios de reconhecimento, como o Prêmio Camões, Nobel da literatura portuguesa em1994(Ao lado, obra do artista plástico baiano Calasans Neto).
Obras como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e Seus Dois Maridos, dentre outras, caíram no gosto do grande público, sendo adaptadas para o cinema e a televisão, difundindo os costumes da sociedade baiana. Nas palavras do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, proferidas numa crônica escrita quando da morte de Jorge Amado em 2001:
“(...) Quem mais, senão um gênio, teria criado toda uma nação, teria dado forma, expressão e identidade a uma terra e uma cultura como a Bahia, assim legando aos baianos e aos brasileiros em geral, pois a Bahia pertence a todos os brasileiros, um patrimônio inestimável? A Bahia não pode ser compreendida — e, por via de conseqüência, o Brasil não pode ser inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi(...)”
Em 1945, conheceu a escritora Zélia Gattai com quem dividiu 56 anos de sua vida até a sua morte. A escritora, fotógrafa e memorialista trabalhou ao lado de Amado na documentação e revisão de sua obra. Gattai começou a escrever suas memória aos 63 anos de idade; sua primeira publicação foi Anarquistas, graças a Deus, em 1979. Dentre diversas outras publicações, lançou, em 1987, a fotobiografia Reportagem Incompleta, em que reuniu fotos da vida e trajetória de Jorge Amado. Em 1988 publica ainda Jardim de Inverno, onde fala do exílio na Tchecoslováquia em companhia de Jorge Amado. Suas últimas publicações foram Códigos de família (2000) e Um Baiano Romântico e Sensual (2002).
Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de Cidadã da Cidade do Salvador. Desmpenhou um importante papel no cenário intelectual brasileiro, assumindo em 2001 a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras, antes ocupada por Jorge Amado. Despediu-se em maio deste ano, aos 91 anos, deixando saudades.
JORGE AMADO E O ROMANCE TENDA DOS MILAGRES
Publicado em 1969, a obra foi tida pelo próprio autor como o seu melhor romance. O enredo se passa no Pelourinho na cidade de Salvador, onde residia Pedro Archanjo, o herói da estória, negro mestiço e intelectual, que se empenhou na documentação da cultura popular e nos estudos sobre a miscigenação do povo baiano, causando desconforto e repúdio na aristocracia baiana.
Sem dúvidas a obra fornece elementos essenciais para a compreensão da formação sócio-cultural da sociedade brasileira, a partir da apresentação de temas marcantes na obra de Jorge Amado, como as relações raciais entrelaçadas pelo preconceito, o candomblé, o sincretismo religioso e a miscigenação.
A partir da trajetória de Pedro Archanjo e de suas relações com Dr. Nilo Argolo, renomado professor da Faculdade de Medicina onde Archanjo foi feito bedel, são delineados os contornos do preconceito racial fundado na idéia de inferioridade dos negros para com os brancos. O mestre Argolo, ainda a essas alturas negando a miscigenação, defendia a segregação racial como forma de afastar a influência negra na cidade.
O romance teve duas adaptações: em 1977, foi a estréia do filme Tenda dos Milagres, de Nelson Pereira dos Santos; um pouco mais tarde, em 1985, surge como minissérie na Rede Globo (adaptação de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).
Portal Tô Sabendo
http://www.portaltosabendo.com.br/assuntos_enem/visualizar/jorge_amado_vida_obra_e_zelia.wsa
Um comentário:
Jorge Amado
Nascimento : 10 de agosto de 1912
Falecimento: 06 de agosto de 2001
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